Capítulo 9 - A vida continua

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Três semanas haviam se passado desde a luta com Nathuriel, os moradores da cidade estavam organizando uma vigília em memória das pessoas que morreram no suposto terremoto.

Naquela manhã Sophie não queria levantar da cama, os dias depois do ocorrido não estavam sendo dos melhores, principalmente por Luke a evitar o tempo inteiro, ela ficou sabendo por Vic que ele estava morando com o pai em um quarto alugado até terminar o ano letivo, depois se mudaria para Nova Iorque. Ela queria pensar que seria melhor assim, mas ainda não havia conseguido.

Além disso, ainda tinha o fato de ser filha de um príncipe do inferno, neta do próprio Lúcifer. Após o acontecimento na rua de Luke, ela teve uma conversa com Estefan, não tinha mais como ele esconder sua origem.

No mesmo dia que lutaram com Nathuriel, o professor foi até a casa da garota, ela ainda estava abalada com tudo, não o recebeu de bom grado, mas se dispôs a ouvir o que ele tinha a dizer.

Eles foram até o quarto, Estefan sentou-se na cadeira da escrivaninha enquanto Sophie ficou na cama abraçada a um travesseiro. Alguns minutos de silêncio permaneceram antes dele finalmente começar a falar.

— Seu pai foi líder das tropas de Lúcifer na guerra que tivemos na terra. — O professor começou falando.

— Já conheço essa parte. — Sophie interrompeu irritada.

— Esta era sua mãe. — ele entregou uma fotografia que Sophie já conhecia.

— Qual era o nome dela? — A garota quis saber.

— Raziel. — Estefan sorriu ao dizer. — Ela era incrível, boa e gentil, o melhor anjo que eu já conheci.

— Como alguém assim tem uma filha com um príncipe do inferno?

— A guerra na Terra destruiu Raziel, quando acabou ela se isolou, não sabemos nada além de boatos sobre onde ela esteve por esse tempo. — Ele abaixou a cabeça. — Quando voltamos a nos encontrar você já existia.

— E o que aconteceu com ela? — Os olhos de Sophie estavam marejados, ela torcia um travesseiro que estava entre suas pernas.

— Eu não sei exatamente. — Ele continuava a olhar para o chão. — Eu me afastei dela quando soube, me arrependo disso até hoje. Depois não a achei mais e quando te encontrei você já estava com August e Helena.

— E preferiu me deixar crescer no escuro ao invés de me trazer para cá e me treinar como fez com os outros.

— Outro erro, mas eu não conseguia conviver com você, o que fiz com Raziel me assombrava ao te olhar e você já demonstrava os poderes herdados de seu pai, eu tive medo, fui um covarde. — Ele se levantou colocando as mãos sobre a cabeça.

— Foi, e continua sendo. — As palavras secas de Sophie surpreenderam o professor.

— Eu não te deixei totalmente sozinha. — ele suspirou. — Instruí August a te treinar, ajudei a te manter segura.

— Quer um prêmio? — Sophie perguntou de maneira irônica. — Por que me trouxe pra cá depois de tanto tempo? E por que não me contou logo a verdade?

— Lúcifer te quer ao lado dele, quando descobri sabia que precisava impedir, não temos dimensão do tamanho do seu poder, e…— Estefan procurava as palavras.

— Vocês não podem arriscar que eu fique ao lado do meu avô. — Ela ergueu a sobrancelha eu sorriu. — E achou que mentindo eu ficaria cegamente ao lado de vocês.

— Isso não é verdade, nós te queremos ao nosso lado pois você é uma de nós.

— Assim como minha mãe era?

— Sophie…

— Escute aqui Estefan, eu vou continuar treinando com vocês e frequentando a escola. — a garota se levantou e foi até o professor que deu um passo atrás. — Porém, eu sou dona da minha vida e farei minhas próprias escolhas.

— Você pode sempre contar com nossa ajuda.

— Eu ainda não tenho certeza disso. — Ela o guiou até a saída.

Estefan foi embora se sentindo derrotado aquele dia, Sophie estava cada vez mais perto de toda a verdade sobre sua história e confiava ainda menos neles e ele havia perdido uma de suas melhores alunas.

Depois desse dias as coisas foram seguindo, Sophie voltou a se aproximar de Vic. Cristian finalmente deixou o luto chegar, ele andava calado, tentava se embriagar mesmo isso sendo impossível.

— Isso não é justo. — Ele disse a Sophie em um dia que ela foi visitar Vic. — Eu não posso nem mesmo afogar minhas mágoas. — O garoto jogou a garrafa de vodca contra parede. — Por isso nunca gostei de álcool.

— Eu realmente sinto muito. — A garota se limitou a dizer.

Vic contou a amiga que o irmão já não saía mais do quarto e que sua mãe chorava o tempo inteiro sem saber como ajudar o filho.

Sophie sentia-se culpada por tudo o que ocorreu, só por esse motivo resolveu que iria a tal vigília no fim do dia, mas ainda não havia decidido se levantaria da cama até Michel invadir seu quarto como fazia todas as manhãs.

— Oi? — Ele chamou cauteloso, vinha tentando respeitar o momento ruim que a irmã estava passando. — Você não vai para escola de pijama né?

— Eu acho que não vou à escola hoje.

— Você tem que ir, ou fico sem carona. — disse fazendo bico.

— Pede a mãe para te levar. — Sophie disse sem ânimo.

— Quero ir com você, vamos logo mana.

— Tá bom. — Ela bufou. — Melhor do que ficar aguentando você, irritante. — Ela jogou um travesseiro no garoto.

Depois de se aprontar e comer algumas panquecas que Helena havia preparado os dois saíram e encontraram Vic se despedindo de Alexandra na calçada. O garoto correu para cumprimentar as duas, mas Sophie apenas acenou impaciente, vinha tentando convencer Victória de que o namoro não daria certo, porém a amiga insistia em continuar e as duas ficavam cada vez mais íntimas. 

Marcas em Sangue   [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora