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A segunda começou com uma manhã agitada, pelo fato de Helena não permitir que Sophie levasse Michel para a escola. A garota sabia que era por ter machucado o braço dele enquanto dormia, mas tinha sido apenas um acidente, não entendeu o motivo dos pais se preocuparem tanto com o ocorrido. Já na escola foi surpreendida por Hauren antes da primeira aula.

— Senhorita Robinson, preciso que me acompanhe até a pista de esgrima. — A professora tinha uma voz calma e suave, mesmo assim a garota sentiu frio na espinha.

— Eu tenho aula agora. — Contestou, querendo gritar por socorro.

— Já comuniquei a seu professor, e será apenas essa aula, nossos próximos encontros serão fora do horário letivo. — Hauren fez sinal para ser seguida e saiu em direção à pista.

Sophie olhou assustada para Victória que apenas deu de ombros e a encorajou para seguir a professora. Contra toda sua vontade ela o fez, sentia que estava sendo levada a morte, mesmo sabendo que era apenas loucura de sua cabeça. A sala estava vazia, o que deixou a garota ainda mais nervosa, estava certa do seu fim.

— Pode se vestir, vamos treinar. — Hauren fez sinal para os uniformes pendurados.

— Por que tenho que treinar fora da aula? — Sophie quis saber.

— Nosso programa de esgrima é excelente, mas nunca tivemos um aluno realmente bom para representar a escola, até você chegar. — A professora explicou enquanto se vestia.

— Não sou tão boa. — A garota sussurrou.

— Isso eu que devo decidir. — Fez uma pausa enquanto escolhia seu florete. — Não está vestida ainda? Não tenho o dia todo senhorita.

Sophie se trocou, ainda estava nervosa, mas começou a treinar mesmo assim, na verdade foi mais levar uma surra. Hauren era extremamente habilidosa, o máximo que a loira conseguia era defender seus golpes por algumas rodadas antes da professora pontuar inúmeras vezes.

— Precisamos melhorar, está se contendo, já vi você antes. Não está dando metade do que é capaz. O tom da ruiva estava mais agressivo.

— Talvez você tenha se enganado, eu disse que não sou tão boa. — Sophie debochou.

— Veremos. — Hauren levantou sua máscara. — Se você não me vencer, perde metade da sua nota de cálculos desse período.

— Você não pode fazer isso. — A garota reclamou.

— Eu posso e farei já que pelo visto você nunca pegou em um florete.

Não foi tanto o fato de perder a nota que lhe motivou, mas o tom duvidoso na voz de Hauren foi como se acendesse algo dentro dela, queria fazer a professora engolir as palavras. As duas ficaram em posição, a mais velha começou atacando tendo seus golpes facilmente defendidos pela outra que logo em seguida pontuou acertando a professora um pouco abaixo do ombro esquerdo.

Os ataques ficavam mais violentos, mas Sophie estava totalmente atenta e venceu, não apenas uma, mas várias vezes seguidas, as duas pareciam dançar pela pista. Mesmo perdendo, Hauren não deixava de ser incrível, a sincronia entre as duas enquanto disputavam era majestosa, parecia ensaiado.

— Estou impressionada. — Disse a mulher quando já estavam exaustas.

— Posso dizer o mesmo. — Sophie recuperava o fôlego, nunca treinou tão intensamente.

— Então vai deixar que eu lhe treine?

— Eu acredito que não tenho muita opção aqui. — A garota não quis admitir que estava empolgada para ser treinada por Hauren, que apenas sorriu sentindo-se vitoriosa.

Marcas em Sangue   [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora