Prólogo

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10 anos antes...

Julie's PoV

— Chegamos!– a assistente social diz pra mim do banco da frente quando paramos em frente a um casarão. Na porta, tinha uma placa dizendo: Orfanato St. Martin.– É aqui que você vai morar a partir de agora, Julie.

A olho triste.

— Quero ir pra minha casa. Quero meus pais de volta.— digo a ela cruzando os braços e começando a chorar.

— Sei que quer. Mas eles...eles se foram, querida. Você será bem cuidada aqui!– ela diz.

Eu e meus pais estávamos indo para Los Angeles. Morávamos numa cidade próxima e meu pai conseguiu um emprego novo. Estávamos felizes. Rindo e cantando juntos na viagem. Até que um clarão veio em nossa direção. Aí tudo escureceu e eu acordei no hospital, com o braço engessado e com vários arranhões. Procurei meus pais mas...me disseram que eles estavam mortos. Havíamos sofrido um acidente. Batemos de frente com um caminhão e meus pais não resistiram.

Hoje, recebi alta do hospital e pedi pra ver onde eles haviam sido enterrados. Fui levada até o cemitério de Los Angeles e coloquei para eles uma flor em cada túmulo. Chorei ao fazer isso. Depois disso, a assistente social me levou pro orfanato, onde eu vou ficar pois não tenho mais ninguém aqui além dos meus pais.

Saio do carro, ainda olhando para a fachada do prédio. O motorista tira a mochila com as roupas que sobraram do acidente e me leva para dentro. Logo na entrada, uma mulher espera com um sorriso.

— Olá, Julie! Bem vinda ao Orfanato St. Martin. Sou Victoria, a diretora.– Victoria diz e estende a mão pra mim. Olho para sua mão por um tempo e retribuo o toque.– Sinto muito pelo que aconteceu com seus pais...

— Eu também...– digo num sussurro. Ela me convida para entrar e me mostra todos os lugares e cômodos e me leva até o quarto em que vou ficar. Ele está cheio de meninas, que me olham curiosas quando a diretora me indica uma das camas, no fundo do quarto.

— Garotas, essa é a Julie.– ela diz para as meninas e dou um tchauzinho tímido para elas. Elas sorriem para mim.

— Oi, Julie!– elas dizem em coro. Logo depois, todas vem até mim e começam a dizer seus nomes. Não gravo o de ninguém, mas sorrio e aceno. Pelo menos elas parecem legais.

Mas só parecem.

Assim que a diretora vai embora, uma delas vem até a minha cama e pega meu ursinho, que eu uso pra dormir.

— Ah, que fofa! Ela tem um ursinho!– ela diz e o mostra para as demais. Tento pegar, mas ela não deixa.

— Devolve, por favor.– peço

— "devolve, por favor."– ela imita minha voz– Vem pegar.

Vou até ela, que se esquiva de mim. Consigo agarrar o urso, mas ela o puxa pela perna e ele rasga. Começo a chorar.

— Ah, tadinha. O seu ursinho rasgou foi?– ela faz voz de criança.– Escuta aqui: a vida não vai ser justa com você. Ela não é com nenhuma de nós! É melhor aprender isso.

Ela joga o que sobrou do urso em mim e sai do quarto, acompanhada das demais meninas. Algumas ainda olham para trás, mas não vem até mim, apenas seguem a garota. Me encolho no canto e começo a chorar.

Percebo que sou observada por alguém. Um menino. Ele está parado na porta do quarto das meninas me olhando.

— Oi!– ele diz e sorri.

— Vai embora.– digo e continuo chorando.

— Por que você tá chorando?– ele me pergunta, ignorando o que eu lhe disse há pouco.

Favorite crime | JUKEOnde histórias criam vida. Descubra agora