A besta

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Aviso: Contém gatilhos como violência explícita e violência contra a mulher. O leitor está avisado

Violet Adolpha

Sou amaldiçoada desde o dia que nasci por ser bastarda, desde que eu passei a existir minha mãe sofre... E esta é apenas mais uma noite congelante de pesadelos e mau estar. Acordei ofegante em minha cama vendo que o sol já estava nascendo, depois de mais uma madrugada de pesadelos. Me levantei rapidamente colocando os trapos que me deram para eu vestir, enfaixo meus punhos e pulsos e prendo meus longos cabelos em um coque, mal conseguindo enrolar as faixas de tão sangrentas que estavam.

Logo um pensamento desagradável se passou na minha cabeça: Hoje é meu aniversário de dezoito anos, e em todos os meus aniversários os meus "irmãos" me preparavam uma "surpresa", penso nessas palavras duvidosas com muitas aspas.

Saí de meu quarto indo para o campo de treinamento, e logo vi meus irmãos treinando pontaria. Peguei uma espada e comecei a treinar tudo que me ensinavam desde os cinco anos de idade, no caso, tudo que eu sei fazer é matar e machucar, e eu nem sou tão boa assim. Comecei a bater no tronco e treinar meus movimentos com aquela espada pesada de aço, até que vejo uma flecha voar perto de meu pescoço e quase me acertar, logo em seguida acertando a árvore que estava na minha frente. Olhei para trás e meus irmãos estavam sorrindo maliciosamente.

– Foi mal aí, bastarda- Falou o irmão mais novo que tinha por volta de doze anos – Se eu soubesse que não iria lhe acertar eu teria mirado mais pro lado- Disse dando uma risada.

– Tenta a sorte, pirralho- Respondi.

– Você tanto treina, mas nem despertou sua maldição ainda. Ah é! Lembramos que você não tem- Falou o moleque se aproximando de mim com o arco e as flechas – Talvez essa noite eu vire Lobo e aproveito pra te devorar- Escuteu isso com muita fúria e logo atolei minha espada no chão.

– Quantas vezes eu trouxe o jantar pra essa casa? Você acha que um Lobo fraco e medíocre como o seu pode deter minha boa vontade? Tenta a sorte, filho da puta. Nem meu irmão de sangue você é- Falei andando e o empurrando no chão, passando logo em seguida por cima – Fica no meu caminho de novo e eu te mostro quem é o fracassado- Saí andando e bufando de raiva, nem percebi mas acabei me deixando levar pelas lágrimas. Levei uma das mãos ao rosto para enxugar a água caindo de meus olhos e acabei esbarrando em alguém, olhei para cima e era Boris, o mais velho.

– Você não deveria falar daquela forma com uma criança, Violet. Vai acabar sendo punida pelos seus atos- Disse Boris com desdém – O que eu te disse sobre chorar?

– Sai do meu caminho, não preciso das suas merdas hoje...- Falei tentando passar, mas ele me empurra e me puxa pelo coque para perto.

– Está rebelde hoje só por causa do seu aniversário, bastarda? Você me respeita, se não já sabe- Falou agarrando cada vez mais forte em meu cabelo.

– Eu não vou me render mais a isso...- Não consegui falar, pois a sua outra mão foi em meu pescoço para me sufocar.

– Insolente...- Disse soltando meus cabelos e acertando um soco em minha barriga, logo em seguida ele me solta e me acerta com um tapa na cara, me fazendo cair de joelhos no chão. Tossindo me levantei o olhando com raiva – Ora, vamos! Você nunca me ganhou sequer uma vez!- Disse Boris me provocando.

– Talvez seja a hora de todos vocês me pagarem...- Falei rouca cuspindo o sangue que acumulava em minha gengiva, ele veio andando em minha direção tentando me acertar mais um tapa, mas eu me abaixei desviando, para meu azar fui surpreendida com uma joelhada no nariz e caí para trás, mas não era isso que iria me derrubar.

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