Capítulo 5 (Fome)

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Similar a Acanan, Oliandra era também uma cidade portuária movimentada cuja economia girava em torno de exportações e importações para lugares diferentes de Thalema e países vizinhos.

O barão Augustus V dirigia a cidade de forma um tanto quanto desleixada. A guarda era composta por cerca de pouco mais de 40 soldados que estavam mais para vagabundos preguiçosos do que para homens de armas.

Comumente viam-se mandriões e marginais transitando livremente e cometendo seus delitos em plena luz do dia. Mas, era de noite que os reais perigos circulavam as ruas mal iluminadas.

Uma das tavernas da Rua das Enguias, a Cavalo Manco, estava em funcionamento mesmo depois do horário estipulado de recolher. Como não havia muita fiscalização, o dono simplesmente continuava suas vendas madrugada a fora, e, caso algum guarda aparecesse, duas ou três canecas de cerveja era um suborno aceitável.

Do outro lado da rua, encoberto por sombras densas, um par de olhos rosados e brilhantes espreitavam a caça de alguma vítima em potencial.

Muitos minutos transcorreram, mas a dona dos olhos sabia que a paciência era a chave para se ter uma boa refeição.

A porta do estabelecimento se abriu com um estrépito de madeira se chocando contra a parede. Um homem cambaleante se escorava nela para não cair.

"Sempre esses bêbados..." - pensou a dona dos olhos rosados.

Com passos trôpegos o homem arriscou cruzar a rua para seguir seu caminho em direção a sua casa. Ao passar pelo beco, ouviu algo similar a um gemido de socorro.

Ele apertou seus olhos turvos na direção das sombras e conseguiu distinguir uma silhueta feminina de curvas convidativas.

Tomado de uma falsa preocupação mascarada de cavalheirismo, mas que na verdade era puro oportunismo, ele se adiantou na direção da mulher.

- Moxa... aqui... num é siguro - hic! - Para uma dama...

Seu nível de embriagues era tanto que nem sequer conseguia articular as palavras de forma correta.

- Oh! Preciso tanto de ajuda de um homem forte... - respondeu uma voz feminina carregada de uma entonação de luxuria.

O homem, ouvindo isso adiantou um pouco mais seus passos trôpegos que se chocavam um contra o outro. Um aroma adocicado invadiu suas narinas, e, empolgado ele tropeçou na direção da figura, caindo com seu rosto em meio aos seus seios.

Mãos femininas suaves aninharam sua cabeça e afagaram seus cabelos sebentos. O perfume doce era inebriante e ele já não distinguia se estava sonhando ou acordado.

Ela percebeu um brilho prateado em sua mão esquerda e viu que era uma aliança simples. Sinal de que ele era casado.

Usando suas habilidades ela entrou na mente torpe do homem e descobriu que apesar de ter esposa, ele nutria desejos libidinosos para com sua vizinha.

"Esses malditos são sempre lixo!" pensou consigo mesma.

Quando ele olhou para cima viu um rosto familiar e ficou um pouco aturdido.

- Lo... Lorenza? - ele chamou o nome da vizinha

Ela apenas balançou a cabeça sorrindo de forma inocente para ele.

- U quê... istá fazenu aqui?

- Vim procurar por você... - ela tinha um ar inocente na voz, mas que ao mesmo tempo despertava os desejos mais animalescos do homem. - Cansei de apenas ficar olhando-o de longe... - ela deixou uma alça do vestido escorregar pelo ombro expondo parte da pele branca do seio esquerdo.

Scaleth & CiaOnde histórias criam vida. Descubra agora