Capítulo 21 (Dado Não É Comprado)

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Não havia sido tão terrível como Magnólia achou que seria. Depois de Torvus ter leiloado sua castidade entre os presentes na noite do Santa Devassa, ela foi conduzida por Mirabel até um dos quartos de luxo, que ficavam de frente para o Cais dos Afogados.
O homem havia desembolsado 30 moedas de ouro para ter o prazer de ser o primeiro da mocinha ruiva. Só aquela soma era um absurdo! Nenhuma outra menina havia chegado a mais de sete moedas na primeira noite.
Para a sorte dela, o homem era um gentil negociante de joias. Ele trazia peças de Merikor para vender em Acanan e outras cidades. Como estava na sua última noite na cidade resolveu festejar os lucros que havia conseguido.
Mesmo com as instruções dadas por Mirabel, ela ainda se sentiu incerta em como proceder. O homem fez praticamente tudo em relação ao ato.
Desde despir seu vestido, até conduzi-la para a cama e depois, com toda a calma do mundo, ir conversando com a menina para ela ficar mais à vontade.
No começo, assim como para todas as mulheres do mundo, foi desconfortável e até doloroso. Depois de alguns minutos, a sensação de dor foi dando lugar a algo diferente. E logo, ela estava sentindo algo novo. Prazer! Sim. Apesar de ser a primeira vez, e com um completo desconhecido, Magnólia estava sentindo prazer no ato sexual.
O homem ficou alguns minutos sobre ela, depois sentou na beira da cama e conduziu-a para seu colo. Ali ela já havia entendido como o jogo funcionava. A parte mais dura do homem era introduzida e ela devia fazer movimentos com seus quadris para continuar sentindo aquele prazer.
Seus seios de mamilos rosados estavam rígidos com a contração muscular e seus olhos estavam perdidos no êxtase do momento. O homem fazia sons com a garganta enquanto ela continuava se mexendo sobre ele. Primeiro chegou a pensar em parar, mas ele a segurou pela cintura e fez com que seus quadris continuassem subindo e descendo sobre o colo dele. Era algo que parecia errado e ao mesmo tempo tão maravilhoso. Ela só queria continuar por mais um pouco.
Depois de mais alguns minutos, uma sensação foi crescendo em seu interior. Algo parecido com cócegas, subindo por suas pernas. Um calor se formando em seu abdome, se expandindo para o peito. Mas foi interrompido quando o vendedor se contraiu e depois caiu para trás na cama.
─ Moço? ─ indagou ela incerta ─ O senhor está bem?
Ele estava grogue devido ao orgasmo. Seus olhos quase se fechando devido ao relaxamento. Gesticulou algo meio sem sentido apenas para a menina entender que estava bem.
Mais alguns segundos depois, ela percebeu que o membro do homem havia diminuído de tamanho e amolecido, e algo pegajoso escorria dela.
Ela passou a mão e levou para perto do candelabro. Havia sangue misturado com aquela gosma!
Ela começou a se alarmar.
─ Ei, mocinha... Fox, certo? ─ Ela demorou a lembrar que seu nome ali era outro ─ O sangue é completamente normal na primeira vez. Pode perguntar as suas colegas! Todas passaram por isso. E essa coisa pegajosa, é o sinal de que o trabalho foi concluído com sucesso.
Aos poucos ela foi se acalmando e ele a ajudou a vestir a roupa. Logo em seguida ele vestiu as roupas dele e caminhou para a porta.
─ É... obrigada! ─ respondeu ela insegura.
─ Jamais se despeça de um cliente assim... ─ ensinou ele ─ Procure dizer: "Foi a melhor noite da minha vida, por favor, volte mais vezes" ou qualquer outra coisa para exaltar o ego masculino. Isso pode lhe garantir algumas moedas extras.
Ela acenou com a cabeça mostrando que havia entendido e ele partiu.

O mar estava particularmente calmo aquela manhã. O Interceptor navegava pela costa de Sahmyra.
De onde estavam, era possível vislumbrar a Grande Torre.
Joshua estava sentado preguiçosamente sobre algumas redes de pesca a um canto do tombadilho. Seus olhos estavam mirando a terra firme quando seus sentidos afiados de marinheiro notaram uma leve inclinação para bombordo.
Atualmente ele havia aderido a um vestuário menos parecido com um filho de aristocrata e mais como um verdadeiro homem do mar.
Usava agora uma bandana vermelha para protegê-lo do sol, uma camisa branca de mangas compridas, uma calça cor de açafrão, botas de couro macio e um cinto com sua espada.
─ Capitãozinho? ─ chamou uma voz conhecida, tirando o olhar de Joshua da cidade a distância.
Joshua olhou para sua esquerda, e viu Frank com um sorriso de escárnio.
─ Maldito seja por usar esse apelido, Frank Weiss! ─ respondeu o rapaz com uma falsa expressão de aborrecimento, sua voz oscilava entre grave e fina.
Depois de alguns poucos segundos ambos romperam em risos e Frank estendeu sua mão para ajudar o amigo a se levantar.
─ Meu pai me chama senhor Camareiro?
Frank balançou a cabeça com um sorriso.
Não fazia muito tempo, mas Frank agora exercia funções diferentes no navio. Depois de uma dura batalha contra um navio pirata, o antigo camareiro de Malcon havia perdido a vida para uma bala de canhão que atingiu a amurada de boreste e o empalou com as estacas de madeira quebrada. O homem havia sido atravessado em mais de sete lugares no corpo. O cirurgião simplesmente não teve tempo de fazer nada.
Após a batalha; feitos os reparos do navio, o Capitão Charles nomeou Frank como o novo camareiro do Imediato. Isto, obviamente não foi a troco de nada, tampouco devido aos belos olhos castanhos do rapaz. Charles queria tirar proveito da grande amizade entre seu filho e o jovem marujo. Chegaria um dia em que Joshua precisaria contar com um amigo leal e capaz de estar ao seu lado em situações difíceis. Frank parecia ideal para esta função.
─ Senhor Capitão, queria me ver? ─ indagou Joshua colocando a cabeça para dentro da cabine. Andorius estava presente, de pé, diante da mesa e Malcon estava ao lado de seu pai.
Charles sempre achava graça como o rapaz forçava a palavra Capitão.
─ À vontade... senhor marujo! ─ respondeu Charles com um sorriso de desafio ─ Pode se sentar.
Ele entrou no aposento fazendo um cumprimento com a cabeça aos demais presentes, e, invés de se sentar ele ficou de pé ao lado do mestre.
Charles deu um olhar sutil na direção do imediato e depois voltou para o filho. Andorius não conseguiu esconder uma insinuação de sorriso. O rapaz ficou confuso com aquela conversa de olhares entre os outros três.
- Será que algum dos ilustres senhores poderiam me dizer de que se trata esta reunião?
Charles sorriu e estendeu um pequeno pergaminho para seu filho. Havia um pequeno selo de cera rompido.
- Correspondência aérea? - indagou o rapaz quase que para si mesmo, e pôs-se a ler.
"Caro Capitão Charles, tenho fortes motivos para crer em uma traição na Grande Torre. Não há evidências de que o Arquimago Dagmar está ciente do ocorrido, contudo, recebi notícias preocupantes de que 'ferramentas poderosas' estão chegando ao poder de membros da Aliança das Marés.
Att.: Barão Augustus Kavinsky."
- Esta correspondência chegou para nós quando paramos em Plien. Foi enviada pelo barão de Astaventa. - Adiantou-se Malcon - Por isso...
- Por isso estamos mudando o curso para a cidade dos magos, estou certo?
- Filho, precisamos averiguar se esta informação é verdadeira. Portanto, quero que vá até a Torre como meu representante.
- Não podemos simplesmente questionar o Arquimago sobre o assunto? - indagou o rapaz.
- Conheço Dagmar a muito tempo. Ele é um homem de hábitos antiquados, cheio de manias e extremamente orgulhoso. Se gaba de saber de praticamente tudo que acontece em Thalema; mas creio que está cego quando se trata de sua própria casa. Se ele for abertamente questionado, isso pode ser ruim para o meu acesso à Grande Torre. Não filho, precisamos de sutileza e perspicácia.
- Certo! E como faremos isso? Digo, me aproximar e ter acesso aos livros de registro?
- Eu irei verificar os livros enquanto você distrai Dagmar. Ele ficará curioso já que tratará com o filho do capitão Charles, que é um antigo companheiro de aventuras. - Anunciou Andorius ao seu lado - Consigo passar despercebido por qualquer um, exceto por aquela coruja velha!
Joshua concordou com a cabeça. Sabia do passado de aventuras de seu pai e do potencial de seu mestre para ser furtivo como um gato.
Assim que começou a raciocinar sobre a missão, algo terrível lhe veio à mente.
- Ele é um mago... Dizem que podem lançar bolas de fogo em seus inimigos! O que faremos se ele nos descobrir?
- Na verdade ele é um Arquimago. Se eles nos descobrir, e espero que não, bolas de fogo serão a menor de nossas preocupações. - Escarniou Andorius com um sorriso meio torto.
- Filho, você se apresentará como meu emissário a fim de comprar uma nova remessa de barris de pólvora para as Margaridas.
- Só isso? Não vou conseguir mantê-lo ocupado por tempo suficiente com apenas isso.
Charles sorriu.
- Confio na sua curiosidade para manter ele ocupado o dia inteiro quando passarem pelo acervo de invenções magicas.

Scaleth & CiaOnde histórias criam vida. Descubra agora