A manhã do dia seguinte chegou nublada e fria e eu não queria ir a escola pois estava nervosa demais, além de precisar praticar mais um pouco. Porém, minha mãe não gostou nada da ideia, segundo ela, não tinha motivo faltar uma aula de manhã por conta de um compromisso só no final da tarde,além de que, ela garantiu que eu já estava tocando tudo muito bem e não precisava mais de treino.
Fui a escola naquele dia mas deu no mesmo ter ficado em casa pois não conseguia ouvir uma só palavra do que meus professores falavam. Janaína,minha professora de biologia teve que chamar duas vezes para eu perceber que estava falando comigo.
Benjamin compartilhava da mesma energia de nervosismo que eu, o que pra mim não fazia sentido, pois pra ele seria só uma festa chata na casa dele como ele próprio se refere. Mas naquele dia ele caminhava calado do meu lado e no intervalo custava a comer alguma coisa. Perguntei o que tinha acontecido para ele se sentir assim.
- Nada Mili. É só... Você! Seu nervosismo se espalhou pra mim também.- responde ele com um sorriso inconstante batendo os dedos rapidamente na mesa do refeitório.
-Ah.. me desculpa Ben, você não tem porque ficar assim e eu estou te deixando nervoso..- eu baixo a cabeça envergonhada
-Não me importo. Pensa assim,se uma porcentagem da sua ansiedade for transferida para mim você ficará com menos e consequentemente ficará mais calma. É tudo uma questão de matemática! - ele sorri e dessa vez seu pé direito que batucava no piso.
Consigo dar um sorriso fraco
- Para com isso, você sabe que eu odeio matemática.
Ele confirma com a cabeça
-Mas é sério fica calma, vai dar tudo certo. Não que isso ajude muito mas na minha opinião, você está perfeita. Juro que..- ele recolhe minha mão e segura tímidamente meus dedos - Poderia ficar várias horas ouvindo você tocando Emília..
Minha boca se abre e eu encaro seu rosto. Ele parecia tão sincero, sua cabeça estava levemente inclinada para o lado e seu olhos eram confiantes. Fiquei pouco melhor, senti meu corpo relaxar.
- Que bom você dizer isso porque é exatamente o que vai acontecer essa noite!- eu brinco e damos risada juntos.
Mais tarde me encontro sozinha em casa. Papai tinha voltado a trabalhar no restaurante fazia uma semana e mamãe ainda estava na escola mas deveria chegar a qualquer momento. Então me encontrava só em casa. Bom,eu, Amora e minha ansiedade incansável.
Fui até meu quarto,tirei os tênis soltei o cabelo então me joguei na cama e me enrolei como uma bola e fiquei assim por alguns minutos. Quando ergui os olhos encontrei meu vestido vermelho pendurado sobre a maçaneta do meu guarda roupa, cada vez que eu o olhava mais bonito ele parecia.
Levemente brilhante e profundamente vermelho. Vermelho, essa é a cor favorita de Mariana também, uma das várias coisas que temos em comum. Assim como filmes,música, Nicolas,etc etc.. Curvei a cabeça sobre o peito e fechei os olhos. Sentia falta dela, por que era mesmo que nós tínhamos brigado? Ah sim, alguma coisa sobre como ela é infantil e acha que eu todos os meus amigos homens temos algum tipo de amor envolvido. Mas e daí? Que diferença isso faz agora? Não muda o fato de que eu e minha melhor amiga não nos falamos mais, coisa que não acontecia desde que éramos crianças. Na verdade nem quando éramos crianças brigávamos por coisas tão bobas assim. Mariana podia até ser infantil mas eu com certeza não era muito diferente dessa definição de maturidade.
Decidi ligar pra ela e resolver as coisas. Hoje era um dia tão especial para mim, queria muito que ela estivesse presente.
Ela atendeu no segundo toque.
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Emilia Abril
RomanceEsconder sentimentos de nós mesmos pode ser uma boa alternativa para não nos ferirmos futuramente. Porém, como diz aquela música, "Só saiba que se você esconder não significa que vai embora". Depois de se descobrir apaixonada por seu melhor amigo...