Capítulo15
Nicolas apressa os passos atrás de Brunno por meio dos túneis escuros e abafados com o cheiro de lixo e podridão que se tornou pungente, enquanto tenta descobrir porque o irmão ficou tão puto e distante desde que ele mostrou os mortos lá atrás. Pensa se fez alguma coisa errada para o irmão ter ficado tão zangado assim, enquanto se dirigem para a plataforma, e tão logo chegam, avistam Pedro e os demais.
Pedro está parado sob a lâmpada pendurada por um fio azul, observando o grande mapa das linhas de trens e metrô, que está enquadrado na parede da plataforma. A postura tensa, com costas eretas e mãos para trás, típico de quem foi militar, mostra a compostura e o hábito que não se apagaram mesmo depois de todo esse caos.
— Então é isso? — Brunno pergunta quando para a dois metros de distância do irmão. — Você está aí com todo esse ar de sabichão, estudando os túneis, enquanto coloca em risco tantas vidas? As pessoas aqui sabem dos seus planos?! — ele pergunta, olhando em volta.
— Do que você está falando? — Pedro é pego de surpresa e se vira de frente para o irmão.
— Dos túneis, Pedro. — Brunno chega perto o suficiente. — Do que você está guardando lá dentro.
Pedro olha para Hilda, que saiu a pouco da enfermaria disposta em um dos vagões e está com a mão no ombro de Sacha, enquanto a leva para dar uma volta ao longo da plataforma. Ela encara Pedro por uns instantes, depois disfarça e continua o trajeto.
— O que foi fazer nos túneis? — ele pergunta para Brunno, mas é para Nico que olha. — Eles são perigosos, não deviam...
— Sim. São muito perigosos e ambos sabemos o porquê. — Brunno está enraivecido.
— As coisas não são da forma que está pensando. — Pedro dá as costas ao irmão e volta o olhar para o mapa de linhas coloridas, que mostra todas as estações e túneis adjacentes.
— Não, Pedro, são muito piores do que eu e você possamos imaginar. Tem noção da catástrofe que será se aqueles bichos saírem de lá?
— Eles não vão sair. — Marcos coloca a mão no ombro do filho e só então Brunno percebe a presença do pai, que chegou há pouco.
— Está concordando com isso? — Brunno arregala os olhos, não querendo acreditar, então balança a cabeça em desapontamento. — É claro que está.
— Filho, é mais complicado que isso.
— É loucura! Vocês não entendem as consequências do que estão prestes a fazer?! Eu vi as bombas nas paredes! O que vocês estão pretendendo fazer irá colocar pessoas em risco!
— O que nós pretendemos fazer é matar o máximo possível de bichos que conseguirmos, e que lugar melhor do que os túneis para atraí-los e depois deixá-los soterrados, como já deveriam estar há muito tempo?
— Há pessoas sobrevivendo acima desses túneis. — Brunno eleva a voz mais do que gostaria, e Marcos segura em seu braço, tentando acalmá-lo ao notar que as pessoas os observam.
— Quantas? — Pedro o encara. Seu olhar colérico está avermelhado. — Onde?
— E isso faz diferença? Sacrificaria uma vida para soterrar esses mortos?
— Quantas forem necessárias, Brunno, se isso significar que estou rumo à limpeza de nossa cidade e estado! De nosso país! Sacrificarei o que for necessário para dar um passo rumo à liberdade!
Brunno não acredita no que está ouvindo.
— E essas pessoas? — Ele aponta para a plataforma. — O que diz dessas crianças?
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Linha Vermelha
Ficção CientíficaUma descoberta da cura do virus HIV tinha tudo para dar certo. Erradicar a AIDS e salvar milhões de vidas era tudo que a população mundial queria e necessitava, mas o quê era para ser uma descoberta incrível foi apenas o começo de um novo e mais mo...