- Oito; Um passo de cada vez -

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- Droga! - a Dupain-Cheng esbravejou.

Uma semana havia se passado, com a mestiça tendo dificuldades em executar exercícios de equilíbrio. Ela mal se lembrava de como antigamente eles eram tão fáceis.

- Marinette, segura na barra. Não dá pra tentar fazer direto, você não tem mais a prática que tinha antes. Você tem que ouvir seu corpo, ver o que está fazendo de errado. - Adrien falava com o rosto próximo ao pescoço dela por estar a segurando para que não caísse.

A franco-chinesa sentiu os cabelos da nuca se arrepiarem pela proximidade.

O rapaz se afastou, sem reparar na expressão ansiosa da Dupain-Cheng, soltando o braço de Marinette quando sentiu que ela estava novamente segura.

A mulher bufou, secando o suor da testa com uma toalha pendurada no objeto metálico.

Ele respirou fundo.

- Você conseguiu fazer um bom cou-de-pied*. Você tá melhorando, mas vai levar tempo.

- Mas não o suficiente. Cou-de-pied é ridiculamente fácil. - ela o encarou um tanto irritada.

- Por agora é mais do que suficiente. Você achou o que, que voltaria já fazendo um assemblé*?

Ele a encarou de braços cruzados. A feição parecia não acreditar na teimosia de Marinette.

- Não brinque comigo, Adrien. - a mestiça trincou os dentes, ficando de frente para ele.

- Eu não estou brincando. Tô jogando limpo com você. Não dá pra ser o que era antes de uma hora pra outra. Você sabe melhor do que ninguém como isso leva tempo e horas de treinamento. - ele desviou o olhar, se a Dupain-Cheng queria tirá-lo do sério, ela certamente sabia o que estava fazendo.

- Um tempo que a gente não tem! - ela bateu o pé como uma menina mimada. Deu um passo para frente se aproximando dele.

- Esquece essa porra de seis meses que Fu nos deu. Se você não focar em evoluir agora, não vai conseguir se apresentar. E nada disso vai valer a pena. - ele se aproximou mais dela, irritado, com uma das mãos na cintura, a mão livre gesticulava agitadamente.

Quando ele notou, tarde demais, assim que parou de falar, que estava perigosamente, muito perto, encarando intensamente os olhos azuis que ela possuía.

Marinette observou o peito dele subir e descer  pela respiração acelerada. Mesmo sem tocá-lo, ela podia sentir como o corpo quente dele irradiava calor para o dela. O olhar subiu para para os olhos verdes ardentes de irritação de Adrien.

Nenhum dos dois se mexeu. O rapaz pode sentir a respiração dela acelerar aos poucos, assim como o seu próprio coração acelerou, quando ela, sem pensar muito, se aproximou um pouco mais.

Pela diferença de altura que eles tinham, Adrien inclinou o rosto para baixo, suficientemente perto do rosto dela. Respirou fundo quando o olhar desceu para os lábios naturalmente avermelhados da mestiça.

Marinette abriu levemente a boca em expectativa. E o Agreste teria beijado-a, se seus pensamentos não gritassem que aquilo era um erro; que a Dupain-Cheng era seu passado. E o que eles tinham já havia terminado anos antes.

A boca se contorceu e ele piscou várias vezes, voltando a si. Ajeitou a postura e desviou o olhar se afastando dela.

A franco-chinesa engoliu em seco. Mordeu o lábio inferior. Como ela queria poder sentir a sensação tão deleitante de beijá-lo novamente, poder sentir o corpo tremer por dentro cada vez que ele lhe tocava, poder sentir como era bom ser amada por ele, que ela mal se lembrava qual era a sensação de ser verdadeiramente amada por alguém como ele a amou.

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