- Vinte e Três; In The Rain -

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Adrien se moveu na cama tateando o lugar à procura de Marinette. Ele não a sentiu ao seu lado. Abriu os olhos percebendo que a penumbra ainda dominava o céu, pela visão da varanda.

Ele se levantou sonolento.

- Marin? - ele a chamou, seguindo para o banheiro.

Pela porta que já estava aberta, viu que ela não estava lá.

Suspirou. Andando descalço para fora do quarto, passou pelo corredor descendo as escadas.

A Dupain-Cheng também não estava na sala, muito menos na cozinha.

O aloirado se preocupou momentaneamente, até se lembrar de um lugar que ela adorava ficar. Sorriu, caminhando para o jardim dos fundos da mansão, atrás da cozinha.

Em frente a mesa de jantar, ele abriu a porta francesa branca, que permitia a entrada da luz da Lua pelos painéis de vidro.

Reparou em Marinette mais à frente, sentada no balanço, que eles costumavam brincar quando eram crianças, usando um roupão branco grosso. Os cabelos soltos balançavam pela brisa fresca.

Ele sorriu apaixonado com a visão e sem se importar se estava descalço, pisou na grama do jardim, dando um passo para frente. Sentiu poucos pingos de chuva lhe atingirem. Voltou para casa a procura de um guarda-chuva, achando um qualquer, em um suporte para o objeto ao lado da porta, provavelmente de Tikki. O abriu, voltando para o jardim.

Marinette sentiu os pingos de chuva escorrendo por seu rosto, quando levantou a cabeça olhando para o céu.

Adrien sentou ao lado dela no balanço, pondo o guarda chuva acima da Dupain-Cheng. Ainda com o olhar para cima ela encarou o objeto preto acima de si com um sorriso. Olhou para o lado vendo Adrien sorrir um tanto envergonhado.

- Tá tudo bem? - ele perguntou olhando para os olhos iluminados dela.

- Eu tô bem, Adrien. Me sinto melhor agora de um jeito que não me sinto há muito tempo. - ela virou-se para o rapaz pondo a mão no rosto dele, acariciando.

- Sem as joaninhas, bugboo? - ele apontou para os pés dela, quando reparou que ela usava pantufas brancas protegendo os pés.

Marinette sorriu com o apelido antigo que Adrien apenas usava quando via as pantufas de joaninha.

A Dupain-Cheng riu pelo jeito como ele queria descontrair.

- Não, gatinho. Os pés enfaixados não cabem nela. - balançou os pés esticando para frente, sem se importar se molhariam pelo chuvisco.

A mulher olhou para frente quando o sorriso desmanchou e ela pareceu pensar. O céu começava a clarear aos poucos.

Adrien viu a feição dela mudar.

- O que foi, Marin? - ela suspirou olhando novamente para ele.

- É só que eu nunca te disse o porquê pedi pra você ir embora. - ela desviou o olhar. O aloirado pôs a mão livre no rosto dela.

O guarda chuva ainda os protegendo.

- Marinette, você não precisa...

- Não, tudo bem. Eu sei que você sofreu com isso. E você merece saber. - ela abaixou a mão dele segurando-a com força.

A franco-chinesa suspirou, desviando o olhar.

- Eu nunca quis que você fosse embora. E eu te amava demais pra te prender aqui, do lado de alguém que...- ela mordeu o lábio inferior.

Adrien acariciou a mão dela. Ele queria respostas, mas não queria vê-la sofrer para aquilo.

- Que até então não tinha nem chances de poder voltar a dançar com você. Eu não queria que você sofresse por minha causa, preso a alguém que só seria um peso pra você. - sentiu os olhos se encherem de lágrimas. - Mas eu sabia que você não iria embora se eu lhe dissesse o porquê. Eu sabia que você ficaria, porque você é assim, a melhor pessoa que eu já conheci. - ela pôs a mão no rosto dele com tanto carinho que Adrien suspirou pelo contato.

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