Capitulo 36

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Anahí: Me tirar daqui? – Repetiu. Madison passara a andar em voltas. 

Madison: Sim, mas preciso de pelo menos 24 horas pra te conseguir um passaporte. É seguro ficar? – Anahí negou veementemente. Madison não sabia de Jonathan. – Você tem algum lugar seguro pra onde ir, enquanto eu providencio isso? 

Anahí: Tenho. – Disse, rouca, tão confusa que o choro estancara.

Madison: Então vai ser agora. – Decidiu, passando a mão no rosto – Se acalme e me escute com atenção. – Anahí a olhava, totalmente imóvel – Eu ajudei a projetar esse prédio, então eu o conheço bem.

Anahí: O elevador...

Madison: Eu tenho a senha. – Anahí se levantou de rompante, mas Madison ergueu as mãos – Você não pode descer pelo elevador principal. São 40 andares. A segurança avisaria de sua saída, e Alfonso estaria esperando no saguão. – Anahí desmontou de novo.

Anahí: E então? – Perguntou, confusa. 

Madison: Eu vou te dar a senha pra ir pro meu apartamento. – Disse, decidida, enfiando a mão no bolso, tirando um celular, digitando algo rapidamente e entregando a Anahí. A senha do elevador estava na tela – É novo, Clair derrubou o meu, comprei esse hoje. Não está grampeado. Dentro de 5 minutos eu vou te mandar uma SMS, e você vai descer. Não tem ninguém na minha casa. Vá direto pra área dos empregados. A arquitetura é parecida com o daqui, consegue chegar lá? 

Anahí: C-consigo. – Disse, secando o rosto.

Madison: Vá pro elevador de serviço. Na mesa ao lado do elevador vai ter um papel com a senha para o térreo. Você vai pegar o elevador de serviço, direto pra lá.

Anahí: Alfonso vai fazer pararem o elevador no meio do caminho. – Disse, olhando a outra.

Madison: Os elevadores daqui não param assim. Vai parar lá embaixo, disso eu tenho certeza. – Garantiu.

Anahí: Os seguranças vão estar lá. – Cogitou.

Madison: Vão. É nessa parte que eu entro. Eu vou pedir um taxi para a “senhora Herrera”. É útil, sendo que somos três, fora Grace. – Explicou – Vou te mandar a SMS na hora em que o taxi estiver na porta, e vou descer pelo elevador social. Enquanto eu saio pelo elevador social, você sai pelo de serviço. Vou fazer uma cena lá embaixo, o que vai dar segundos a você. – Explicou.


Anahí: Uma cena...?

Madison: Anahí, preste atenção. Se isso não der certo, está tudo perdido, e eu vou estar fora da jogada. – Anahí assentiu, se focando – Quando o elevador chegar lá, não olhe pra trás, corra pro taxi e saia daqui imediatamente. Eu só vou conseguir distrair os seguranças por segundos. – Anahí assentiu – Rode um pouco, pra despistar, e vá pro lugar que você disse ser seguro. Espere meu contato com o passaporte e o visto lá. – Anahí assentiu, o coração martelando no peito.

Anahí: Posso fazer isso. – Garantiu.

Madison: Não carregue nada que faça peso. Calce tênis, porque você vai precisar ser rápida. – Instruiu – Em hipótese alguma use um telefone fixo ou um orelhão, porque nós somos os donos da companhia. A internet não é segura. – Anahí assentiu, gravando – Fique atenta ao celular. – Disse, saindo. Ela parou, chamando o elevador.

Anahí: Mad? – Madison a olhou – Christopher vai ficar furioso. Alfonso, nem se fala. Você está arriscando seu casamento por mim. – Madison permaneceu impassível, observando-a – Porque vai fazer isso? – Madison sorriu de canto, misteriosamente. 

Madison: “Um dia você vai precisar de ajuda. Eu vou estar lá, e vou ajudar você. Não sei como nem quando, mas saberemos quando a hora chegar.” – Citou a própria frase, de anos atrás, e o elevador chegou. Ela entrou, digitando um numero – Sou uma mulher de palavra. Você salvou minha filha. Eu sei ser grata. – Completou, piscando.

Anahí: Obrigada. – Disse, e era tudo o que conseguia, apesar de sua gratidão ultrapassar aquilo.

Madison: Boa sorte. – Desejou, e elevador se fechou.

Anahí trocou os saltos por sapatilhas, tirou o sobretudo, ficando de calça e blusa, o mais leve possível, e apanhou o conteúdo de sua carteira, enchendo o bolso traseiro com dois maços de dinheiro. Serviria de sobra até chegar lá. Continuava com o celular na mão, ansiosa. Olhou em volta, memorizando o apartamento pela ultima vez. Seu cativeiro. Foi até o quarto de Alfonso, olhando tudo, e era como se pudesse vê-lo ali, se sentindo o dono do mundo. Fora naquela cama que ela, tecnicamente, fizera sexo pela primeira vez. Voltou pro seu quarto, passando pelo portal e respirou fundo. A penteadeira estava lá, do mesmo modo que estivera quando ele a forçara a cortar seu cabelo, na época enorme. Ela se aproximou. A medalha que ganhara com Greg estava lá. Ela sorriu, lembrando da felicidade do menino e apanhou a medalha, colocando-a no bolso.

Voltou pra sala, ansiosa, passando os dedos pelas teclas do piano que fora sua companhia e seu refugio esse tempo todo, em uma despedida. Olhou a vidraça, onde a tarde fria de Nova York servia de visão... E então, em seu ultimo ato, foi até o escritório. Revirou as gavetas dele até achar o contrato que Jennifer lhe mostrara. O assinou, sem nem ler de novo. Puxou uma folha de oficio e escreveu algo rapidamente, grampeando-a com o papel que acabara de assinar... E o celular vibrou. Ela olhou, e tinha uma nova sms. Curta, rápida, apressada.

 “Agora.”

Anahí foi até o elevador, buscando o a senha no celular e a digitou. O sangue pulsava em suas orelhas. O elevador chegou e ela entrou, digitando a senha de novo, e esse se fechou, descendo com ela. Sabendo que ele já sabia que ela saíra, se preparou pra correr. Quando a porta abriu, dando na sala de entrada de Madison, ela disparou, correndo na direção onde sabia que a área de serviço ficava. Estava tão desesperada que nem olhou a arquitetura: Só o que seu olhar fisgou, de passagem, foi um dado de bebê, rosa, largado no chão da sala. Ao chegar no elevador de serviço havia um papel com a caligrafia de Madison, e uma seqüência de números. Ela digitou, tremula, e o elevador se abriu. Ela entrou, apressada, e logo estava descendo. 

Quanto a Madison... Ela descera até sua casa, onde cerrara seus saltos, deixando-os por um fio. Depois foi no apartamento de Robert, apanhando Clair de uma Kristen que ficou confusa, e desceu pelo elevador social. Quando chegou ao saguão os seguranças de Alfonso estavam lá, prontos, esperando por Anahí, assim como o taxi, na frente do prédo. Ela olhou a filha, caminhando, e sorriu pra menina, logo forçando os saltos, que quebraram, levando-a a uma queda fenomenal. Ela ergueu Clair no ultimo segundo, protegendo a menina da queda e levando o impacto sozinha. Clair chorou, mas foi pelo susto. Todos os funcionários olharam por um instante, então se deram conta de que a mulher de um Herrera havia acabado de se estatelar no chão, com a filha pequena, e correram pra ajudar... Assim como os seguranças de Alfonso. O elevador de serviço, despercebido, se abriu, e Anahí saiu, sondando território por um momento, medindo exatamente de onde começaria a correr... O alvoroço estava com Madison, enquanto ela andasse calmamente estaria tudo bem... Se entregaria quando corresse, e precisava estar no lugar certo... Focalizou o taxi, parado, a gloriosos metros de distancia...

Então disparou correndo. Correu como nunca havia corrido antes, porque sua vida dependia disso. Percebeu o momento em que um segurança percebeu, porque ouve um “Ei!” e logo um grito de dor. Anahí não viu, mas assim que o segurança a notou, Madison, que tinha um canivete no decote, o mesmo que usara pra cerrar os saltos, e apunhalou a batata da perna dele, impossibilitando-o de correr. O segundo segurança, percebendo o que acontecia, deixou o alvoroço pra trás e se lançou atrás de Anahí, mas essa já tinha distancia. 


Faltava pouco... Ela continuava correndo, ignorando a dor nas pernas... Inferno de saguão grande... E ela ganhou a rua. Se bateu com um pedestre, quase caiu, e se lançou no taxi, fechando a porta.

Anahí: Me tire daqui, RÁPIDO! – Ordenou, pálida, vendo o segurança quase a alcançando...

E o taxi arrastou. Logo havia curvado o quarteirão, se misturando com dezenas de outros taxis amarelos que circulavam por NY, e ela, que estivera olhando o transito pelo vidro, se permitiu relaxar, suspirando de um alivio bruto, acariciando a barriga, os olhos cheios d’água. Parecia impossível, mas conseguira: Deixara o prédio, deixara o domínio dos Herrera, salvara seu bebê. Deixara Alfonso pra trás.

Skyfall (Efeito Borboleta - Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora