Rebekah: O que você está fazendo? – Perguntou, enquanto Alfonso a puxava pela alça da mochila.
Alfonso: Mamãe me proibiu de tocar em você. Logo, estou tocando sua bolsa. – Disse, obvio, e Rebekah revirou os olhos.
Alfonso hesitou um instante ao encontrar o que procurava. Anahí estava... Deslumbrante. Mexia em seu armário, distraída. Usava tiara outra vez. Rebekah suspirou e Alfonso acordou, rebocando-a de novo, levando-a até a outra.
Alfonso: Pronto, pode começar. – Anahí olhou como quem vê um inseto na cadeira ao lado, então ergueu as sobrancelhas, fechando o armário. As bochechas de Alfonso queimaram ao pensar que ele tinha se declarado pra ela ontem mesmo, e agora estava ali. – Rebekah?
Rebekah: Ok. – Disse, respirando fundo – Anahí, eu sinto muito pelo que fiz com você. – Anahí sorriu de canto – Minha atitude foi errada, e eu não tinha o direito de me meter no seu passado, ou no de ninguém. Espero que me perdoe. – Disse, sem nenhum arrependimento no rosto.
Alfonso: É o melhor que você pode fazer? – Grunhiu, olhando a irmã.
Rebekah: É. – Disse, debochada.
Anahí: Está tudo bem, pequena Rebekah. – Disse, sorrindo, inabalada – Todos nós erramos. É uma condição humana. – Disse, e Alfonso sorriu, satisfeito.
Rebekah: Ótimo. Com licença. – E saiu, largando os dois ali. O rosto de Alfonso queimou mais ainda, e ele assentiu, saindo também. Anahí riu de leve, sozinha, voltando ao armário.
Na próxima aula, foi a hora da MID. Eles foram levados a uma sala enorme, onde só havia seniores que iam prestar a prova individualmente. Os dois se posicionaram, em dupla, e nesse instante Anahí esqueceu a situação com Rebekah. Lembrou-se do propósito de se aproximar da ralé: O garoto Herrera salvaria suas notas.Alfonso: Tome. – Disse, passando uma folha de papel pra ela, vendo seu desconforto – Rabisque algo aleatoriamente. Copie meus cálculos, qualquer coisa que faça parecer que estamos trabalhando em dupla. – Disse, ajeitando os óculos, e Anahí assentiu, apanhando seu estojo.
Anahí: Você tem certeza de que pode fazer isso? – Perguntou, vendo a concentração com a qual ele analisava a prova.
Alfonso: Tenho. – Disse, lentamente... Então não disse mais nada.
Isso a irritou, mas como ele começou a fazer cálculos que ela não entendia nem de longe, ela não questionou. Assim foram as próximas 3 horas. Alfonso respondia as questões avidamente, e Anahí, ótima atriz que era, fingia estar ajudando, enquanto apenas copiava os cálculos dele. Às vezes ele parava, pensativo, então recomeçava. Os cálculos eram enormes, levaram folhas e folhas. Ele não falou nada o tempo todo. Às vezes ajeitava os óculos, coçava o cabelo ou secava a testa. Ela esperou, paciente e ansiosa, então quando faltavam 15 minutos pro fim do horário...
Alfonso: É isso. – Disse, erguendo os papeis. Alguns seniores já haviam entregado a prova. Anahí olhou, ansiosa.
Anahí: Tem certeza? – Perguntou, olhando. Pra ela aqueles cálculos não significavam nada.
Alfonso: Tenho. Os resultados batem com as opções. – Disse, mostrando, enquanto preenchia o gabarito. Ela olhou. Os resultados dele realmente batiam com as alternativas nas perguntas. Anahí teve vontade de gritar de alegria. Alfonso terminou de preencher e assinou no espaço no fundo da prova – Aqui, você precisa assinar aqui. – Disse, apontando a lacuna. Ela assinou o nome com um floreio, então entregaram a prova.
O fiscal olhou os dois por um instante, então as folhas de resposta e os gabaritos e assentiu, mostrando uma lista que precisavam assinar. Depois disso saíram da sala, dando pra um corredor vazio no 4º andar. Alfonso parecia ainda mais cansado, mas respirava em suspiros, uma vez livre do fardo. Já Anahí quase saltitava.Alfonso: Os resultados só saem amanhã, mas estou positivo em relação a isso. – Disse, sorrindo da animação dela – Só precisamos revisar pra sua prova final, que é na sexta, e tudo pronto.
Anahí: Livre. Livre, livre, livre! Ah, obrigada! – Disse, eufórica, e se lançou no pescoço dele, abraçando-o. Alfonso riu, hesitando um instante e a abraçou de volta.
Alfonso: De nada. – Disse, corado.
Naquela manhã, Anahí foi vista sentada na mesa do refeitório fechado, as pernas cobertas pelas meias brancas cruzadas, cercada pelas minions. Ela radiava luz, de tão feliz. Não era como se no dia passado todos houvessem descoberto que ela tivera bulimia. Estava brilhante de feliz, só isso. Mas nem felicidade era capaz de mudá-la. Depois do intervalo tinham educação física. As turmas femininas do 1º e 2º ano jogariam hóquei juntas. Os meninos do Lacrosse, dispensados após o fim do torneio, ficavam pra assistir o show.Anahí trocou de uniforme, pondo tênis, meia branca, um shortinho preto e uma camisa pólo branca com o emblema do St. Jude no peito. Ela prendera o cabelo em uma polpa, sem a tiara, e continuava radiante. As turmas se dividiram em duas: A equipe de Dulce e a de Anahí. Anahí sorriu consigo mesma quando Dulce escolheu Rebekah pra sua equipe. As duas se encararam, cúmplices, e de repente parecia errado deixar que aquelas garotas segurassem tacos. As minions não precisaram receber ordens. Os dois grupos foram alongar, e Anahí sorria, se esticando nas roupas mínimas. Brad, na arquibancada, estava satisfeitíssimo com a visão. Os times se posicionaram, Anahí de frente pra Dulce, Rebekah flanqueando Anahí, então...
Rebekah: Sei que o que fiz foi errado. – Começou, todas em posição esperando o apito – Mas faria tudo de novo só pra ver sua cara humilhada, soterrada pela própria podridão. – Disse, e Anahí sorriu. Dulce ergueu as sobrancelhas, assoviando.
O apito soou, e não se sabe como, Rebekah já estava no chão. Ninguém vira Anahí atingir a barriga da outra com o cabo do taco antes de roubar a bola e sair em direção a sua rede. O apito soou e todas pararam. A cara surpresa de Anahí ao ver Rebekah emborcada no chão foi quase genuína. O professor se abaixou, ajudando a menina.
Anahí: Professor... – Disse, se aproximando – Talvez os mais novos não devessem jogar conosco. – Aconselhou, então encarou Rebekah – Quero dizer, não se deve comprar um jogo se você sabe que não pode vencer. – Alfinetou, apoiada em seu taco.Rebekah encarou Anahí então respirou fundo, se levantando com um grunhido, e dispensou ajuda. Ajeitou o rabo de cavalo loiro e o apito soou de novo. Anahí levou a bola enquanto Dulce fazia a volta pra bloqueá-la perto da rede. As calouras tentavam sair do caminho, as minions esperavam ordens, de modo que só sobravam duas pessoas. A bola foi tirada de Anahí, sendo levada pro lado oposto, então Anahí e Rebekah estavam cara a cara, os tacos brigando pela bolinha que quicava entre as duas.
Rebekah: Essa é sua tática? Me tirar daqui debaixo de pancadaria? – Perguntou, enquanto as duas revezavam a bolinha, uma tomando da outra – É baixo até pra você.
Anahí: Sua boca vai sangrar pra poder lavar as palavras imundas que saem dela. – Garantiu, sorrindo.
Rebekah: Você já conseguiu o que queria. Agora fique longe do meu irmão. – Rosnou, então Anahí inocentemente perdeu a posse da bola, que Rebekah levou.
Anahí deixou o jogo prosseguir um pouco, então se curvou, se esticando pra tocar a perna esquerda. Os meninos adoraram ver o corpo esguio se esticando naquelas roupinhas, pro professor era apenas um alongamento, mas então Chloe, acidentalmente, deu uma tacada em cheio justamente na perna esquerda de Rebekah, que foi ao chão outra vez.O apito soou. Anahí, distante da cena do crime, sorriu em aprovação.
Professor: Certo, você precisa ir pra enfermaria. – Disse, olhando a perna dela. Ficara uma marca vermelha instantaneamente. Anahí observava, de longe, apoiada no seu taco.
Mas Rebekah se levantou. Tropeçou por uns instantes então recuperou o equilíbrio. O jogo recomeçou... Só pra menina ir ao chão mais duas vezes. Nunca na mão de Anahí. Por fim Dulce a acertou na barriga de novo, fazendo-a cair e tossir, cuspindo um nadinha de sangue. Anahí riu, satisfeita, ao ver Rebekah tentar se levantar sem conseguir. O professor deu o jogo como encerrado e levou a menina para a enfermaria. Bom, a parte da dor física já fora. No dia seguinte, porém, mesmo ao ver uma Rebekah enfeitada de hematomas, ainda havia uma parte a ser cumprida: A humilhação. Todos estavam no refeitório fechado. Havia uma placa de piso molhado na entrada, logo depois da saída de onde se pegava o lanche. Até ai tudo bem, mas quando Rebekah entrou na fila, subitamente a placa sumiu. Resultado, ninguém viu como, mas de repente houve um grito, a menina deslizou no molhado, caindo de cara no chão, com o rosto na bandeja, se sujando de torta. Os risos explodiram no refeitório. Rebekah se apoiou em uma mão pra levantar, mas escorregou de novo.Christopher: Bekah, o que houve?! – Chamou, se aproximando as pressas. Alfonso vinha correndo do outro lado pra ajudar.
Alfonso: Você está bem? – Perguntou, empurrando a bandeja com a torta amassada e o copo de suco esmagado pra longe. Além do rosto sujo, Rebekah estava ensopada de suco de laranja.
Rebekah: Não. – Disse, em lagrimas. O refeitório em peso ria. – Me tirem daqui. – Pediu, derrotada.
Anahí assistiu Christopher, o mais velho, apanhar a irmã no colo. Rebekah afundou o rosto sujo no peito do irmão, que saiu. Alfonso catou a bolsa e os livros dela do chão, indo logo em atrás logo em seguida. Segunda parte, que era humilhação, concluída. Agora faltava o arremate final, pensou Anahí vendo Alfonso terminar de pegar as coisas da irmã no chão e sair às pressas, abrindo a porta do refeitório pra Christopher.
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Skyfall (Efeito Borboleta - Livro 1)
FanfictionTRAILER OFICIAL: https://youtu.be/CmMIs1bjkfk Quando você é enganado, traído e machucado a certo ponto, só existem duas opções: Esquecer e perdoar, ou esperar o momento e a hora certa de se vingar. Essa não é uma história sobre perdão. "O bater das...