Capitulo 13

8.7K 412 42
                                    

O esboço do manequim, no passar das semanas, evoluiu. O molde deu lugar a uma saia branca, com varias camadas de tecido fazendo volume. Por cima do tecido branco havia a mais fina e delicada das rendas, quase imperceptível, leve. O toque angelical do vestido acabava ali. O corpete era apertado, tomara que caia, ressaltando as curvas generosas de Anahí. O pior ficava para as costas: Eram totalmente nuas. Havia um decote em V que só terminava onde a saia começava, deixando a pele pálida dela totalmente exposta. Quatro correntinhas mínimas de tão finas, feitas de prata, seguravam os lados do vestido juntos. Anahí se olhou no espelho, enquanto Dulce encaixava as delicadas correntinhas nas costas do vestido. O cabeleireiro fizera o cabelo dela, preso em um coque trabalhado com alguns cachos e uma coroa prateada, nada chamativa, segurando as mechas exatamente onde deviam ficar. A saia do vestido tinha detalhes com filigramas de prata, por entre a renda. Mal se via, mas brincava com a visão, como se o vestido reluzisse. A maquiagem foi escura nos olhos, e um batom vinho nos lábios. Ela parou na frente do espelho, se olhando, pronta. Sorriu de canto, o mesmo sorriso da Anahí adolescente: Ninguém jamais olharia para a mulher que sorria pra ela no espelho e sentiria pena, não importa o que acontecesse. Aquela mulher, com dois diamantes pequenos presos as orelhas, podia enfrentar e vencer qualquer coisa.

Dulce: Tá na hora. – Disse, entrando no quarto. Tinha os cabelos de lado e usava um vestido bonito, roxo – Anahí, tem certeza de que quer fazer isso? Se há um momento de voltar atrás, é esse. 

Anahí: Eu já fiz isso, Dulce. – Disse, sorrindo pra sua imagem no espelho, o olhar compenetrado – Só é hora de começar o jogo. Como aqueles RPG’s que você gastava sua mesada apostando quando éramos meninas. – Dulce sorriu.

Dulce: Se você diz... Vou dizer a Alexandre para chamar o motorista. A limousine já está ai. – Anahí assentiu.

Uma vez sozinha, Anahí olhou em volta. Era seu ultimo dia naquele quarto. Ela caminhou até a penteadeira (arrastando a cauda do vestido, que cobria grande parte do quarto), e abriu seu porta-jóias. Nem aquilo poderia levar, só conseguira salvar no carro um nécessaire mínima com suas coisas mais intimas. Olhou as jóias que ganhara do pai ao longo do tempo, as que comprara... E olhou o anel de platina em sua mão direita, odiando-o. Seu olhar recaiu em uma pulseira de prata que ganhara de Alexandre ao se formar na faculdade, vários diamantes cruzados com interseções prateadas. Resolveu usar. Sorriu ao ver o presente na pele... Sorriso que morreu ao ver o reflexo de uma mulher parada na porta do quarto. Anahí se virou, na defensiva, não podendo se movimentar como queria para não se embolar no vestido.

Anahí: Que diabo você pensa que está fazendo na minha casa? – Rosnou, raivosa, mas a mulher não se abateu.

Mary Portilla era uma mulher conservada pra sua idade. Era dela que Anahí tinha tirado o tom do cabelo, e os olhos dela eram um pouco mais escuros que os da filha. Sempre sofisticada, usava um tubinho lilás e sapatos altos, os cabelos em um coque relaxado. Anahí simplesmente a odiava.

Mary: Ora, não diga tolices, Anahí. É claro que eu viria ver você. – Disse, entrando como se não tivesse sido expulsa a pouco – Querida, você está tão linda!

Anahí: Não graças a você, e não encoste em mim. – Disse, dura, levantando a barra do vestido pra sair de perto da mãe, furiosa.

Mary: ...Eu sabia que você não ia me decepcionar. Sabia disso desde que você era uma garotinha. – Anahí, que batia em retaguarda, se virou feito uma cobra ao ouvir aquela frase. Mary hesitou, então sorriu novamente – E agora se tornará uma Herrera! 

Anahí: Agora eu vou te dizer uma coisa, e preste bastante atenção. – Disse, os olhos tão duros quanto estavam quando ela humilhava suas minions no St. Jude – Você vai dar as costas agora, e vai sair da minha casa. Vai sumir da minha vida, e da do meu pai, levando a sua sujeira com você. Eu não quero mais ver sua cor aqui. – Avisou, o olhar carregado de ódio.

Mary: Não diga tolices. – Disse, revirando os olhos, como se não tivesse sido violentamente expulsa de novo – Como eu perderia o casamento da minha única filha? – Ela riu, deliciada, se aproximando e erguendo a mão pra ajeitar uma mecha do cabelo de Anahí, que se esquivou como se o diabo estivesse tentando tocá-la. 

Anahí: Não encoste em mim. – Repetiu, branca de ódio – Você não é minha mãe. Nunca foi. Você não é nada. – Disse, lentamente – Se eu ver você na igreja, vou pedir ao meu marido pra mandar os seguranças dele tirarem você de lá a força. Fui clara? – Blefou. Se Alfonso soubesse o quanto a presença da mãe fazia mal a Anahí, montaria um camarote pra Mary na igreja, e Anahí sabia disso.

Skyfall (Efeito Borboleta - Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora