Anahí: Eu... – Ele a viu hesitar, formulando frases em plena exasperação, até que no fim desistiu – É o que?
Alfonso: Você vai se casar comigo. – Disse, com a mesma frieza e praticidade com a qual fechava negócios. Anahí formulou uma frase de novo, então se aproximou, olhando-o com cautela enquanto se sentava, como se ele estivesse tendo um surto, ou algo assim.
Anahí: Não sei se falamos a mesma língua... – Ele estava totalmente sem paciência, mas esperou – O que você define por “casamento”?
Alfonso: Oh, você sabe. Igreja, vestido branco, todo aquele blábláblá. – Dispensou, entediado.
Anahí o encarou por um instante, completamente exasperada, então aos poucos caiu no riso. Ele não gostou. O riso dela era uma afronta e uma ofensa pessoal a ele, mas ainda assim ele não deixou transparecer. Com um sorriso morto, cruzou as pernas, passado novamente o dedão no lábio inferior.
Alfonso: Se você não aceitar minhas condições... – Disse, ainda durante o riso dela – Vou aniquilar a empresa do seu pai. Queimar as ações e demolir o prédio. – O sorriso dela morreu, e ele parou com o dedo no lábio, erguendo as sobrancelhas, agora ele sorrindo – Oh, porque parou? Continue rindo! – Insistiu, cruzando as mãos.
Anahí: Por pior que a empresa esteja, as ações ainda valem algo. – Disse, ultrajada.
Alfonso: Valem o troco da ração do cachorro que eu não tenho. – Dispensou, gesticulando com a mão – Mas imagino que seja um golpe e tanto pro ego do seu pai quando a noticia da demolição sair nos jornais. – Anahí olhou por um instante, os olhos azuis frios, parecendo tentar compreender algo sem conseguir.
Anahí: Eu não entendo. – Disse, por fim – Você me odeia. Mal consegue olhar na minha cara, e mesmo assim quer me ter ao seu lado. – Ele riu de leve – Eu simplesmente não entendo.Alfonso: Tudo bem. – Disse, falsamente paciente – Por um lado, eu quero que você saia por essa porta, saia do meu prédio e volte pro buraco imundo de onde saiu, para que eu mande faxinarem o caminho que você pisou e nunca mais precise voltar a pensar em você outra vez. – Explicitou. Anahí respirou fundo, engolindo a ofensa, e a ignorou.
Anahí: Então...Alfonso: Mas por outro lado... A idéia de fazer você pagar é irresistível. – Anahí ergueu as sobrancelhas, entendendo – De apagar essa pretensão do seu rosto, esse olhar superior... Eu me lembro bem. Você sempre achou que, por alguma razão, era superior aos outros. A mim. – Disse, duro – A idéia de te mostrar o seu verdadeiro lugar... É tentadora demais. Eu não posso evitar.
Anahí: Mesmo se eu aceitasse essa idéia absurda, casamento não dá direito de você me infligir qualquer tipo de sofrimento. Exceto pelo da sua presença, é claro. – Alfinetou. Ele notou que ela, apesar de não demonstrar, estava furiosa. Ele sorriu, se recostando na cadeira.
Alfonso: A minha definição de casamento, sim. Ao começarmos, haveria um contrato assinado por ambos garantindo-me todos os direitos da compra. – Lançou, e viu ela respirar fundo de novo.
Anahí: Um documento assinado entre quatro paredes que não teria valor legal algum. – Desacreditou, debochada.
Alfonso: Oh, querida, sua falta de credibilidade me ofende. – Disse, mudando de posição na cadeira, como se tivesse se ofendido – Eu não cheguei até aqui com amadorismo. Um documento assinado entre quatro paredes, por duas pessoas, acompanhadas de duas testemunhas e um juiz legal, que teria todo o valor do mundo. – Assegurou, e ela se retraiu na cadeira. Nunca fora tão ofendida em toda sua vida.
Anahí: Você é louco. Só pode ser. – Ele esperou, plenamente a vontade, agora que o ultraje dela era visível – Eu sou casada. – Blefou.Alfonso: Foda-se você, seu marido e seu pai então. Pior pra você. – Dispensou, direto. Ela grunhiu, raivosa, com a ofensa – Você está blefando. É péssima nisso, e eu não tenho tempo indisponível pra você. – Cortou.
Anahí: Eu não acredito nisso. – Disse, tirando o cabelo do rosto.
Alfonso: Eis o que vai acontecer: Você não quer aceitar, porque acha que vale mais que isso. Só que o remorso e a divida que você crê ter com o papai não te deixam levantar e sair daqui. – Debochou – Imagine só, ele trabalhou naquela empresa a vida inteira, e eu vou derrubá-la, transformando tudo em entulho. – Continuou, a voz que antes gaguejava agora fluida e confiante, e voltou a passar o dedo no lábio distraidamente – Então você vai se casar comigo, pelo bem dele. E eu vou dedicar a minha vida a extrair cada gota de felicidade e esperança que eu conseguir detectar em você. – Concluiu, cruel.
Anahí: Você é mesmo um filho da puta frustrado, não é? – Perguntou, como se o que visse fosse algo surreal. E era.
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Skyfall (Efeito Borboleta - Livro 1)
FanfictionTRAILER OFICIAL: https://youtu.be/CmMIs1bjkfk Quando você é enganado, traído e machucado a certo ponto, só existem duas opções: Esquecer e perdoar, ou esperar o momento e a hora certa de se vingar. Essa não é uma história sobre perdão. "O bater das...