O PLANO (REVISADO)

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Eu passei praticamente dois dias de molho dentro de casa, sem nem levantar da cama sozinha por conta das minhas costelas. Katrina veio para a minha casa ficando de molho junto comigo também, a tia ficava vindo ajudar a gente também. Nesses dois dias eu fiquei sem ver o Oscar, apenas o César e o Brad vinha ver a gente as vezes. Eu perguntei um milhão de vezes o motivo dele não vir aqui e falavam que ele estava ocupado resolvendo algumas coisas. Mas eu tenho certeza que ele está se sentindo culpado por tudo que aconteceu, o que é a coisa mais idiota já que ele não é culpado de absolutamente nada.

Hoje eu estava me sentindo um pouco melhor, por mais que ainda não tivesse total mobilidade. Me levantei da cama me apoiando na parede e fui tomar banho, depois que sai coloquei um short e uma blusa folgada. A tia veio e trocou os curativos e me deu remédio para dor, o que está me salvando literalmente. Eu ia bater na casa do Oscar, mas ao sair de casa eu vi o carro preto de novo e sabia que ia vim outra merda. Continuei meu caminho meio que mancando até ver o vidro abaixando e a Cuchillos me chamar.

—Ruby, preciso de você. -Me virei pra ela.

—Quem vai me bater dessa vez? -Ela abaixou os óculos.

—Eu tenho um serviço pra você, entra no carro. -Ela abriu a porta do carro.

—Que serviço? -Perguntei entrando.

—É um bem específico e que somente você é adequada para fazer. Nada melhor que uma recém formada nos Santo e se torna uma traidora. -Encarei ela perplexa.

—O quê? -Ela me encarou sorrindo.

—Você vai se infiltrar nos Profetas, eu preciso de informações lá de dentro e você vai ser minha cobaia. -Encarei ela dando uma risada.

—Eu não vou fazer isso. -Ela sorriu.

—Não é um pedido, Ruby. Quando você entrou para os Santos eu virei a sua chefe e se eu mando, você obedece. -Me aproximei dela.

—Eu não vou fazer isso. -Falei pausadamente e abri a porta do carro.

—Se você descer desse carro quem vai sofrer as consequências será o Spooky. -Me virei para ela novamente.

—Você não seria capaz!

—Acho melhor você começar a me ouvir. -Ela pegou uma arma e colocou na minha frente.

Me apoiei no banco balançando a cabeça, qual opção eu teria? Ela é a chefe e se ela quiser acabar com o Oscar ela pode. Ela logo começou a falar me passando todo o plano e reforçando novamente que eu não tinha a opção de não fazer. Depois de diversas voltas no bairro ela me deixou na porta de casa. Tudo iria se iniciar em uma festa que ia ter hoje e o pior é que ninguém poderia saber desse plano ou envolveria o Oscar. Ou seja, todos os meus amigos vão me odiar e eu vou me tornar a grande filha da puta. Entrei dentro de caso respirando fundo e tentando não cair no choro por ter que fazer isso.

...

Já estava na hora, já tinha me arrumado, coloquei uma calça moletom, uma blusa branca folgada e um tênis. Passei um perfume e arrumei meu cabelo, colocando uns brincos e outras jóias. Tomei mais alguns analgésicos e estava pronta para sair. Me apoiei na cama e pedindo para que eu não tivesse que fazer esse plano idiota. Respirei fundo me olhando no espelho e sai de dentro de casa, ao sair a Cuchillos estava lá novamente, fui até ela e bati no vidro.

—Só vim para avisar que se você der pra trás, você sabe o que vai acontecer. -Ela disse em tom ameaçador.

—É eu sei disso, você não me deu opções. -Me virei e sai indo para a festa.

Era na rua de trás, vi o carro do Oscar parado na porta e na entrada da casa Katrina e Brad estava lá. Passei por eles direto e entrei na casa, eu ainda estava meio que mancando então a cada passo eu meio que soltava um suspiro e sentia uma pontada na costela. Me apoiei na parede e passei o olhar até achar o Oscar sentado no mesmo sofá de quando eu sai com eles pela primeira vez. Tinha umas garotas dançando na frente deles e eu vi uma delas se aproximando, eu sei que ele não faria nada até mesmo porque ele nem estava olhando para ela. Mas seria a coisa perfeita como desculpa do que eu precisava fazer. Respirei fundo e fui até ele parando na sua frente, ele me encarou e se levantou.

—Ruby... -Empurrei ele que se sentou de novo.

—Corta essa onda de Ruby. Então é aqui que você estava? Eu passei dois dias trancada dentro de casa e você nem foi me ver. -Ele negou com a cabeça.

—Eu estava fora... -Cortei ele.

—Eu tomei a porra de uma surra por você e você nem se importou Oscar. Me diz que porra de namorado que é você? Acabou e eu quero que você se foda. -Me virei e ele me puxou pelo braço.

—Calma, vamos conversar! -Minha mãos foi nas costelas novamente com a dor.

—Acabou, Oscar. Some da minha frente! -Ele negou com a cabeça.

—Me desculpa, eu não queria te machucar. -Ele colocou a mão na minha cintura.

—Não foi aqui que você machucou.

Puxei o meu braço de leve e sai de dentro daquela casa sentindo o meu coração quase saindo da boca. Ao chegar na rua um carro parou do meu lado e um cara me puxou para dentro, colocaram uma máscara no meu rosto e começaram a conversar sobre o Oscar. Não sei quanto tempo fiquei dentro daquele carro, mas quando o carro parou o cara começou a me puxar e dentro de uma casa tiraram minha máscara. Uma casa típica a do Oscar, só que bem desorganizada, com armas e drogas por toda a mesa, tinha um cara sentado na minha frente. Cabelo baixo, tatuagens por todo o corpo, ele me olhava com um sorriso de canto.

—Que bela sorte, pegar logo a namorado do Spooky. Vamos ver em quanto tempo ele aparece aqui.

—Dia de azar, ele não vem fofo. -Cruzei as minhas pernas.

—O que te faz pensar isso?

—Terminamos. Vocês são rápidos em? Tem como desamarrar, tá me machucando. E eu tô com sede também... -Estendi o braço para o cara do meu lado.

—Solta ela! -O cara me desamarrou.

—Então, o que vocês querem? -Ele deu risada.

—O Spooky aqui, vamos ver se você é o ponto fraco dele. -Ele se levantou e saiu.

Eu cogitei de pegar aquela arma e socar na cara dele, mas olhando em volta acho que eles eram os profetas, então o plano da Cuchillos ia dar certo. Mas eles já estavam planejando esse sequestro? Qual o sentido de querer o Oscar aqui e qual o motivo. Demorou uns 15 minutos e o cara voltou e sentou na minha frente novamente.

—Ruby né? Vejo que ainda está bem machucada.

—Foi um teste e tanto. Santos são uns putos e babacas do caralho. -Sussurrei a última parte para chamar atenção.

—Como é? Temos uma traidora aqui?

—Traidora? Eu não sou uma Santo! -Me inclinei na direção dele.

—E o Spooky? Pensei que era o seu namorado. -Dei risada pra entrar no clima.

—Ele não é meu namorado, não mais. E sinceramente eu tô odiando qualquer Santo que entra na minha frente. Ele é o primeiro! -Escutei risadas e o cara apontou para atrás de mim.

Quando me virei vendo que o Oscar estava lá, meu coração acelerou e o chão parecia ter sumido. Eu sinto tanto, mas não tenho opções Oscar. É isso aqui ou você morre... Ele apenas deu as costas e foi embora, me virei novamente para o cara e dei risada como se não ligasse para o que acabou de acontecer.

—Então o que eu faço com você? Não tem mais tanta importância. -Mordi meu lábio.

—O que você quiser, gatinho. -Cruzei as penas novamente.

Os donos da rua | OSCAR DIAZ Onde histórias criam vida. Descubra agora