QUE MERDA ISSO PODE DAR? (REVISADO)

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—Família que você largou. -Katrina disse e apontando o dedo na minha direção.

—Eu não sabia que família falava um dos outros pelas costas. -Fiz cara de desentendida.

—Quer que eu fale aqui? -Ela me empurrou.

—Fique a vontade, eu sou um livro aberto. Aproveita para jogar as suas frustrações em alguém, Kat. -Cruzei os braços.

—Você se perdeu no seu próprio personagem. A garota toda meiga, inocente que chegou e agora tá parecendo o que? Uma vaca, se esfregando nesse idiota. -Dei risada.

—Cuidado com as palavras, Kat. Você logo vai estar sozinha se continuar tão má. -César deu risada.

—Você que está sozinha... -Ela apontou o dedo pra mim.

—Essa é uma outra grande questão, eu não preciso de atenção Katrina. Eu sei me virar sozinha e você? Sabe ficar sozinha sem ser o centro das atenções? Acho que não! Seu destino é perder amigas por ser tão estúpida. -Ela me encarou.

—Cala a boca!

—Eu tô longe de você e eu estou feliz e sinceramente, espero que a Monse também. E eu espero que você seja feliz, Kat. Que você encontre uma pessoa que seja uma boa amiga tanto quanto você e que assim você entenda suas atitudes. E saiba que eu nunca vou fazer com você o que você fez comigo. Obrigada por tudo que fez por mim, ingratidão é algo muito feio. Tchau e obrigada por me fazer saber que eu mereço muito mais. -Sorri de leve e sai de perto dela.

Fui para o bar pedindo o último shot da noite, mas só fiquei o segurando e pensando em tantas coisas. Felipe foi pegar o carro e disse que ia demorar um pouco, então fiquei escorada na parede olhando as pessoas dançando na parte de baixo. Parece que naquele momento a onda forte do álcool bateu e comecei a ver tudo girando, ai já não era eu mesma, era o álcool que estava comandando todo o meu corpo. Senti uma mão no meu ombro e fechei os olhos, e aquele cheiro... Antes mesmo de abrir os olhos eu já sabia quem era, meus olhos encheram de lágrimas no mesmo momento e eu pisquei algumas vezes e olhei para o lado vendo ele.

Meu Oscar... Ou não tão meu mais.

—Tá me evitando por acaso? -Eu dei risada.

—Sim, estou te evitando. -Desviei olhar.

—Por qual motivo? -Encarei ele e notei ele com aquela expressão que só o Oscar faz.

—Porque a cada vez que eu te olho eu quero me jogar em cima de você e te beijar até me cansar, o que demoraria um pouco. -Dei risada.

—E por que não faz? -Ele colocou a mão no meu rosto.

—Não posso! Não posso ficar com você, Oscar. Eu queria muito poder, mas não posso. -Ele me encarou.

—Você tá com medo de mim? Você sabe que as coisas nem sempre são assim.

—Eu sei! Eu não estou com medo de você. Estou com medo de mim. -Ele tirou a mão e se escorou na grade.

—Como assim? -Ele me encarou confuso.

—Eu gostei da sensação de ter uma arma em minhas mãos, de poder conversar com aquele cara. Mas o que mais me assustou é que eu sabia que queria atirar no meio da testa dele. Eu me senti poderosa e isso está me fazendo recuar. Então não é você e nunca vai ser...

Segurei a mão dele sorrindo, em alguns segundos eu soltei a mão dele me virando e indo embora. A minha mão foi na barriga, meu estômago estava totalmente embrulhado, mas outra foi na minha boca e as lágrimas caíram. Eu não queria que fosse assim... Eu realmente queria ficar com ele. Mas eu não consigo tirar essa sensação de mim, eu preciso entender como funciona isso tudo. E estar perto dele me deixa confusa só pelo fato de querer estar com ele. Me apoiei na parede respirando fundo e enxugando as minhas lágrimas, abri os olhos e vi o César me encarando e a Katrina também. Acelerei meus passos passando por eles, Katrina segurou meu braço.

—Ruby...

—Me deixa, Katrina! -Puxei e sai para fora da boate.

O carro Felipe estava estacionado e ele estava escorado no mesmo com o celular na mão, provavelmente me mandando mensagem. Ele me viu e veio na minha direção, mas eu corri pro outro lado da rua indo na direção de uma árvore e botando pra fora toda aquela bebida. Felipe segurou meu cabelo e eu queria tirar ele dali aos chutes pra não me ver vomitando. Me levantei e ele me estendeu um pano e eu coloquei na boca. Coloquei a mão na cabeça sentindo ela latejar e eu pedi muito por uma daquelas pastilhas da Katrina.

—Acho melhor a gente ir achar algum lugar pra comer. -Concordei com a cabeça e fomos pro carro.

Depois de dar voltas em alguns bairros enfim achamos uma lanchonete aberta. O dia já estava quase clareando, nem parece que ficamos tanto tempo dentro daquela boate. Nos sentamos e pedimos sanduíches e sucos.

—Você bebeu demais. -Felipe disse dando risada.

—Acho que exagerei mesmo. -Coloquei a mão na cabeça sentindo latejar novamente.

—Nunca te vi dançando daquele jeito. -Ele sorriu.

—Adorei a noite, tirando algumas partes de drama demais. -Revirei os olhos.

—Acontece, mas foi tudo ótimo. Me diverti muito.

—Eu também. -Os lanches chegaram.

—Eu estou morto de fome. -Já falou dando uma mordida no lanche.

—Percebi, mas nem vou falar nada porque eu também. -Dei risada e mordi o lanche.

—Eu estou bêbado ainda ou isso tá muito bom. -Ele disse apontando pro lanche.

—Tá incrivelmente bom. -Peguei o meu celular olhando as horas.

—O que foi? -Ele me encarou.

—A gente tinha aula hoje.

—Puta merda! -Ele se levantou.

—Não podemos ir assim, amanhã vamos.

—Tem razão, come e vamos dormir.

Terminamos de comer e fomos pra casa do Felipe, ao chegar ele me mostrou um quarto e disse que eu podia dormir lá e se precisasse o quarto dele era do lado. Assim que ele saiu eu tirei toda a minha roupa e fui pro banheiro, tomei um banho bem gelado, com direito a tudo para me fazer esquecer essa noite. Coloquei um short bem fininho de pijama e uma blusa grande por cima. Logo quando deitei me deu sede e com a força do sacrifício resolvi descer e pegar água. Quando cheguei na cozinha vi o Felipe lá, somente com uma calça moletom, sem camiseta, com o corpo molhado por ter saído do banho agora. E acabei nem percebendo a forma que eu estava secando ele.

—Ruby? -Ele me chamou.

—Oi, desculpa. Vim pegar água, morrendo de sede.

—Mesmo que eu. -Ele deu risada.

Passei por ele pegando água na geladeira e me estiquei pra pegar um copo no qual eu não alcançava porque o armário ficava na parte alta. Senti uma mão nas minhas costas e ele me entregando o copo, nossos corpos extremamente colados. Me virei de frente pra ele e nos encaramos, que merda isso pode dar?

Os donos da rua | OSCAR DIAZ Onde histórias criam vida. Descubra agora