Acordei com o meu pai batendo na porta do meu quarto, não sei se é a ressaco ou se ele estava literalmente esmurrando a porta. Olhei a minha volta e eu estava deitada na cama com as mesmas roupas de ontem e com o corpo todo dolorido. Mas que porra que aconteceu? Forcei meus olhos a se acostumar com a claridade da janela aberta e me levantei para abrir a porta, a cada passo parecia que minha cabeça ia explodir. Abri a porta e encarei ele com uma feição nada boa.
—Oi pai.
—Levanta, temos que ir na sua escola. -Respirei fundo.
—Já falei que vou sozinha. Eu posso resolver. -Virei as costas querendo voltar para a cama.
—Tem certeza? -Revirei meus olhos.
—Claro que sim. -Me virei para ele novamente.
—Eu só não quero que pense que está sozinha pra tudo. -Eu sorri de leve.
—Eu sei pai. Mas acho que dou conta de organizar uma papelada. -Ele sorriu.
—Certo então. Vou ir para o trabalho. -Ele veio até mim me dando um beijo na cabeça.
Eu espero mesmo que ele vá trabalhar, que não acabe se perdendo no caminho e entrando em um bar qualquer. Acho que ele não sabe que eu sei que nos mudamos para Los Angeles porque ele perdeu o antigo emprego por esse motivo. Peguei meu celular e vi que era 06:40. Sai praticamente correndo para o banheiro e fiz minhas necessidades, tomei um banho e voltei para o quarto. Vesti uma calça jeans, uma blusa branca da nike, um tênis preto simples e fiz um rabo de cavalo no cabelo.
Passei apenas corretivo em baixo dos olhos, tomei um remédio antes de sair de casa. Peguei minha mochila, coloquei nas costas e sai trancando a casa e indo em direção a escola. No meio do caminho me encontrei com Katrina que assim que me viu veio sorrindo, como se não estivesse com uma puta ressaca.—Bom dia, está com a cara péssima. -Olhei pra ela com cara de tédio.
—Eu tô com uma dor de cabeça horrível. -Ela me entregou uma pastilha.
—Isso acaba com dor de cabeça rapidinho.
—O que é isso? -Olhei desconfiada.
—Não é droga garota. É pastilha de menta, ajuda. -Peguei uma colocando na boca.
Estávamos indo juntas e conversando sobre algumas coisas da festa, até mesmo da escola. Quando um carro passou lentamente do nosso lado, eles abaixaram o vidro e logo eu percebi que era o Spooky e outro cara, que até agora eu não sei o nome.
—Bom dia gatinha. -O outro cara falou.
—Oi, Brad. -A Katrina respondeu e eu só balancei a cabeça.
—Estão indo pra onde?
—Colégio.
—Querem carona? -Olhei para Katrina.
—Não, mas valeu. Quem sabe uma próxima. -Ela respondeu vendo que eu não queria
—¿Estás bien? (VOCÊ ESTÁ BEM?)
—Con dolor de cabeza. (COM DOR DE CABEÇA)
—¿recuerdas ayer? (VOCÊ SE LEMBRA DE ONTEM.)
-¿Debería? (DEVERIA?)
Ele não disse mais nada, apenas balançou a cabeça e apontou para o cara seguir o caminho. Assim que eles saíram encarei a Katrina confusa.
—Eu fiz alguma coisa ontem? -Ela meio que me olhou e tentou disfarçar alguma coisa.
—Além de beber e dançar pra caralho?
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Os donos da rua | OSCAR DIAZ
RomanceRuby se mudou recentemente para a cidade de Los Angeles, depois da morte de sua mãe em um acidente de carro. Os problemas psicológicos com o pai a cada dia a deixa mais para baixo e até mesmo sem ânimo para viver. Mas algo torna maior quando ela con...