Luma.
Me virei na cama mais uma vez e bufei quando o alarme do meu celular tocou depois de uns vinte minutos, que merda.
Acordar antes do alarme é de fuder.
Levantei na força do ódio depois de desligar ele e joguei o meu uniforme, que estava em um cabide dentro do guarda-roupas, na cama antes de sair do quarto e ir pro banheiro fazer as minhas higienes.
Depois de tomar banho e escovar os dentes voltei pro quarto tremendo mais que vara verde, a água tava fria pra caralho. Vida de pobre não é fácil, viu?
Já devidamente vestida faço um coque bagunçado no meu cabelo e pego minha mochila, meu celular e os meus inseparáveis fones, saindo do meu quarto logo em seguida.
-Bom dia mãe.-Dou um beijo na cabeça dela e ela sorri pra mim antes de responder.
Benê: Bom dia filha, e esse cabelo?-Apontou pro meu coque quase desfazendo e eu dei de ombros.
-Quando tiver tempo eu vou no salão da tia Ana trançar.
Benê: Tu só tirou as tranças antes de ontem e já vai trançar de novo, Luma?-Assenti já pronta pra bronca que ia levar.-Você tem que cuidar mais do seu cabelo, se acostumar com ele.
-É fácil pra você falar, mãe.-Suspirei me sentando na cadeira.-Seu cabelo é liso, ninguém nunca vai reclamar e a senhora nunca vai entender o que eu passo. É um porre pra mim ficar ouvindo aquele bando de playba e patricinha reclamarem que o meu cabelo impossibilita a visão deles lá no colégio.
Benê: Tá né.-Levantou as mãos como quem se rende.-Não tá mais aqui quem falou.
Comi as torradas com manteiga que ela fez pra mim e tomei o leite em apenas três goles.
Meu celular vibrou e eu vi que era mensagem da Drielly falando que já estavam na entrada da favela.
Peguei o prato e a caneca que usei e fui deixar na pia antes de me despedir da minha mãe e sair de casa, descendo a ladeira logo em seguida.
Bocejei enquanto caminhava e cumprimentei os soldados que estavam na contenção da barreira antes de passar por eles e abrir a porta do Range Rover Velar preto que o tio Lucca e o tio Ht compraram pro motorista levar a gente pro colégio ou outro lugar que a gente queira.
-Bom dia.-Desejei colocando o cinto de segurança e sorri ao receber um abraço apertado do Luan e da Malu.
Eu amo eles de paixão. Pensa nas crianças mais preciosas desse mundo, são eles.
Drielly: E aí, vagaba.-Fizemos um toque.-Cadê a Safira?
-Tá com uma cólica braba desde ontem, hoje não vai.-Respondi e o seu Fábio começou a dirigir.
Drielly: Essa menina não tá dramatizando?-Riu.
-Não creio, cê tá falando isso porque a nossa menstruação já iniciou há anos. A dela iniciou na semana passada só, ela não tá familiarizada com a dor ainda.
Drielly: Pensando por esse lado cê tá certa. Mudando de assunto, ainda bem que esse é o nosso último ano.-Passou a mão no cabelo.-Não aguento mais estudar.
-Nem eu.-Choraminguei.-Quando acordo de manhã eu invejo o Henri e o Khalil por já terem terminado, sortudos.
Drielly: Demais.
Peguei o meu celular e quando eu ia digitar a senha ele simplesmente desligou, na minha cara.
-Que porra.
Drielly: Olha as crianças, mano. Já basta o tio Lucca e o meu pai de más influências pra eles.-Negou com a cabeça e eu ri.-Seu celular tá dando problema de novo?-Neguei com a cabeça, mentindo na cara dura mesmo.-O que foi então?
-Nada não, coisa minha.-Forcei um sorriso, ela não pareceu acreditar mas também não insistiu.
Tive que mentir porque eu não quero o apoio financeiro dela. Drielly é a melhor amiga que uma pessoa pode ter, se eu dissesse que tá dando problema ela ia querer dar outro celular pra mim e eu não quero que ela gaste a mesada que ela ganha dos pais comigo.
Meu iPhone seis tá só o pó, tenho ele desde os meus quatorze anos. Ganhei da tia Mari e apesar dela e do tio Lucca quererem comprar outro pra mim eu vou seguir negando.
Não gosto de abusar da boa vontade dos outros. Eles já gastam à beça pagando a minha mensalidade e a dos gêmeos, e olha que eu nem sou responsabilidade deles.
Só a minha mensalidade dá uns oito, quase nove mil reais e a dos gêmeos é uns cinco, quase seis mil pra cada. Sei que esse dinheiro não faz falta pra eles, mas isso não muda a minha forma de pensar.
O carro parou na frente da EARJ, ou Escola Americana do Rio de Janeiro, como preferirem chamar, e nós descemos antes de passar pelo portão de entrada do colégio.
-Good Morning.-Cumprimentamos o porteiro antes de adentrar no colégio.
Eu e a Elly acompanhamos os gêmeos até a sala deles, depois de passar pela portaria, e depois fomos pra nossa. Desde o segundo ano do ensino fundamental, que foi quando a gente começou a estudar aqui, sempre acabamos caindo na mesma turma graças a Deus.
Aproveitei que ainda não tinha professor na sala de aula e coloquei o meu celular pra carregar na força do ódio, eu nem bem usei desde que acordei e a percentagem tava pra lá de baixa.
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Malu e Luan Andrade Pinheiro.| 7 anos.
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LUMA. - Livro III
Romance+17|Prova viva de que o amor não tem cor, raça ou idade, de que ele é pontual, chega na hora que tem que chegar e no nosso caso ele veio pra ficar. 3° e último livro da trilogia 'Meu Primeiro Amor.' 𝓐-𝓥𝓲𝓻𝓰𝓲𝓷𝓲𝓪𝓷𝓪. ©2022.