Capítulo 17.

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Luma.

Empurrei o Samuel pra fora da minha casa quando ele começou a ficar animado demais. Coitado, achou que ia conseguir me comer fácil assim depois de tudo que ele fez.

Não sou rancorosa, mas também não tenho amnésia né.

-Mete o pé, cara.-Falei rindo e ele olhou pra mim com aquela cara de cachorro sem dono que mais me dá raiva do que dó.

Samuel: Olha como tu me deixou, gatinha, faz isso não pô.-Meu olhar desceu e avistou o pau dele super marcado no samba canção.

Dei de ombros.-Problema inteiramente teu, vai logo antes que eu resolva fingir que tu não existe de novo.

Ele me roubou um selinho e saiu correndo, fiquei olhando ele e na calçada do outro lado tava o Kl descendo a ladeira, ele olhou pra mim e começou a andar na minha direção.

Recuei alguns passos e entrei rapidamente no quintal da minha casa, tentei fechar o portão ao ver ele cada vez mais próximo, mas foi em vão, ele já tinha alcançado e tava empurrando com o braço.

-Vai embora.-Falei entre suspiros de cansaço, empurrando com toda a minha força.

Khalil: Para de ser infantil, Luma.-Falou do outro lado e eu tirei as minhas mãos do portão e comecei a dar risada.

É pra rir né? Hipocrisia do caralho.

-Cê quer mesmo falar de infantilidade, Kl?-Cruzei os braços depois que parei de rir, olhando pra cara de pau dele.

Khalil: O que aquele pau no cu tava fazendo aqui?-A cara dele tava mais fechada que tudo, nunca tinha visto ele assim na minha vida.-Ou melhor, por que cê deixou ele te beijar?

-Porque eu quis?-Falei como se fosse óbvio.

Khalil: Caralho, Luma.-Bufou passando a mão nos cachos dele.-Depois de tudo o que ele fez mano, nera tu que tinha cansado de ser tratada daquele jeito?

-Ai Khalil, você não pode vim aqui cheio de moral, que você claramente não tem, e exigir explicações da MINHA...-Dei ênfase.-...pessoa, sobre a MINHA vida.-Apontei o dedo na cara dele.-Eu não sei o que caralhos deu em você pra fazer exatamente o que tu tanto me diz pra não fazer, colocar uma barreira entre a gente.-Ele desviou o olhar e fiz uma pausa pra recuperar o fôlego.-A única coisa que eu sei é que honestamente eu não suporto ficar sozinha, e a única pessoa realmente empenhada em não deixar isso acontecer é o Samu.

Khalil: Vai ficar com ele por carência então?

-Não. Eu gosto dele e ele gosta de mim, aceita ou sai do nosso pé.-Ele soltou uma risada rouca e eu não entendi o porquê.

Khalil: Ele gosta de ti, Luma?-Repetiu o que eu havia dito.-Se liga, nunca curti ninguém pra saber, mas tenho certeza de que tu não droga a pessoa que curte até ao ponto dela perder a capacidade de diferenciar a realidade da imaginação, pra depois pegar sem o consentimento dela.

-O que você tá querendo dizer com tudo isso?-Perguntei intrigada.

Khalil: Que o cara que tu "curte".-Fez aspas com os dedos.-Fez isso contigo.-Falou e agora foi a minha vez de rir.-Não vejo onde tá a graça, tô te mandando a real.

Coloquei a mão na barriga, que já doía de tanto que se contraiu nas risadas, e sequei a lágrima que saiu no canto dos meus olhos em meio aos berros que eu dei.

-Sério, Khalil, isso é muito baixo.-Falei já recuperada da crise de risos.-Não gostar do cara não te dá o direito de difamar ele.

Khalil: Não tô difamado ninguém, é a mais pura realidade. Ele te deu cocaína e te levou pra uma rua escura, se não fosse eu...-Suspirou.-Quero nem pensar o que podia ter acontecido.

-Ata. O Samuel pode ser todo errado, mas ele jamais faria isso com alguém, ainda mais comigo. Ele me contou o que aconteceu comigo no baile, e não foi nada disso.

Khalil: Porra, neguinha.-Se aproximou e pegou o meu rosto com as duas mãos, olhando nos meus olhos.-Qualquer merda que ele tenha te dito não passa de mentira.-O polegar dele deslizou pela minha bochecha e eu fechei o olho automaticamente.-Tu não acredita em mim?-Perguntou baixinho.

-Eu...-Mordi o meu lábio inferior em sinal de nervosismo e abri os meus olhos.-Eu acho que você tá tão desesperado pra me ver longe dele que inventou tudo isso.-Toquei no braço dele, tirando as suas mãos do meu rosto e me afastei.

Khalil: Tu vai quebrar a cara, papo dez.

-Tchau, Kl.-Voltei a entrar no quintal e bati o portão na cara dele.

LUMA. - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora