LUMA. - Livro III

Capítulo 39.

Mariana.

-Fala alguma coisa!-Falei pra dona Benê.

Benê: O que cês querem que eu fale?-Encolheu os ombros.

-Explica essa porra, explica como é possível que a Luma e o Lucca tenham a mesma compatibilidade que um pai e uma filha têm.-Falei alto.-Isso é impossível!-Ri desacreditada.-A menos que...

Lucca: A menos que a Luma seja a filha que supostamente nasceu morta nos Estados Unidos.-Completou o meu pensamento, arrepiei.

Lúcia: Pera, quê?-Gritou.-Filha?

Paula: Que nasceu morta?-Fraziu a sobrancelha, juntou o Ht e a Dri, começaram a fazer pergunta atrás de pergunta.

Lucca: Depois a gente explica tudo pra vocês, quem tem que falar agora é a dona Benê.-Cruzou os braços na altura do peito.

-Claro!-Falei ainda sem acreditar.-Tudo faz sentido agora. Ela odeia quando a Luma tá com a gente, a primeira vez que eu vi a Luma foi no churrasco depois do batismo do Henri, eu falei com a Luma e ela teve um ataque de histeria.-Apontei o dedo na direção dela mesmo. E a conexão que a gente tem com ela?-Olhei pro Lucca que tava com lágrimas nos olhos também.-A gente sempre se sentiu incompleto enquanto família, mas quando a Luma tá com a gente é como se fosse parte de nós. E ela é, não é?-Me voltei pra dona Benê que tava calada.

Lucca: Caralho, preta. E o sinal no braço da Luma?

Paula: Verdade, eu comentei com o Lucca uma vez e ele falou que era viagem.

Todas as mulheres da família da dona Paula nascem com aquela marca de nascença na parte de trás do braço, a Malu tem, a Drielly tem, a Drika tem, e a dona Paula também.

Lucca: Porra, naquela época que a senhora falou eu nem fazia ideia que a preta tinha ficado grávida.

-Caralho, tudo bate, tudo bate!-Cocei a cabeça.-Fala alguma coisa!-Gritei com a dona Benê, uma hora dessas a minha paciência já tinha evaporado.

Benê: E-Eu.-Fungou.

-FALAAAAAAA!-Fiz menção de levantar e o Lucca me segurou. Eu só via a minha mão no pescoço dela.

Lucca: A senhora vai preferir falar com a gente ou com a polícia?-Ela arregalou o olho na hora e negou com a cabeça.

Benê: Com vocês.-Secou o rosto.-O que querem saber?

-COMO CARALHOS VOCÊ FICOU COM A NOSSA FILHA?-Meu coração começou a bater muito rápido, de ódio, de raiva, Ht pegou uma água e me deu pra ver se eu me acalmava.

Tomei um gole e entreguei o copo pra minha mãe.

Lucca: A gente tá ouvindo.-Falou, incentivando ela a começar a falar.

Benê: Bom, eu não sei se tu lembra, mas eu sou tia do marido da Mara.-Falou e só então eu me toquei, sabia que conhecia ela de algum lugar.-Então, um tempo antes da Luma nascer eu recebi uma ligação do meu sobrinho, eu criei ele, então ele sempre me considerou uma mãe. Ele ligou pra mim desabafando, falando que a esposa tinha uma sobrinha que ia morar com eles de graça e pra piorar ainda tava grávida, ele disse que falou com a sua tia pra mandar você embora, que não ia conseguir alimentar mais duas bocas, mas a sua tia se recusou a abandonar você.-Fez uma pausa e eu lembrei que na época que eu cheguei a tia Mara e o marido viviam brigando. Nunca imaginei que eu era o motivo.-Como a sua tia recusou, ele meteu na cabeça que ia achar um jeito de colocar alguma coisa na sua bebida pra fazer tu sofrer um aborto.-Falou e eu abri a boca totalmente chocada. Aquele homem nunca me desceu, mas nunca achei que fosse ser capaz de tal coisa.-Eu que tirei essa barbaridade da cabeça dele, eu falei pra ele não fazer isso com um bebê inocente, prometi que ia ficar com ela pra que ele não a matasse.

-Meu Deus...-Apertei o braço do Lucca, fungando antes de me levantar.-E quem era aquele bebê que eles mostraram pra mim quando acordei?

Benê: Meu sobrinho pagou pras enfermeiras entregarem a Luma pra mim e uma neném morta pra ti.

-Eu sou muito burra, não é possível que eu não me liguei.-Neguei com a cabeça.-Pelo menos não mudaram o nome que eu escolhi.

Lúcia: Por que cê tá falando isso?

-Um tempo antes de eu internar no hospital, eu decidi que o nome da minha filha ia ser Luma, comentei com a tia Mara e acho que o marido dela acabou ouvindo... não me toquei no negócio do nome da Luma porque essa fase da minha vida foi tão traumática que guardei no fundo da minha mente e não pensei mais nisso.

Ht: Passado!

Lucca: A senhora meio que salvou a vida da nossa filha, já entendemo, mas e depois? Por que não falou pra mim que eu era pai dela?

Benê: Eu já tinha me apegado, não conseguiria abrir mão dela.

Drika: Mano...-Parou de falar quando vimos o doutor se aproximando.

Doutor: Vim informar que ela entrou em coma.-Falou e eu caí no chão, totalmente sem forças.

-Meu Deus.-Senti meu nariz arder de tão forte que eu funguei.-Não permita que nada de mal aconteça com a minha filha, por favor.-Juntei as mãos olhando pro alto.

-
Nossa, sinto que saiu um peso enorme das minhas costas, não aguentava mais guardar esse segredo. Kkkkkk, cês não sabem como eu rezei pra vocês nunca desconfiarem de nada. Gosto é do impacto!