Capítulo 38.

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Lucca.

Meu sangue gelou quando eu abri o portão e a Luma caiu desmaiada nos meus braços, puta que pariu, como que ela tava na rua uma altura dessas?

Mariana: Quem é, amor?-Gritou lá de dentro.

-É a Luma, ela foi baleada.-Segurei ela no colo.-Alguém traz a chave do meu carro, ela tá perdendo muito sangue!-Gritei.

Drika: COMO ASSIM?-Gritou e veio correndo aqui pro quintal com o Ht do lado.

Respirei fundo, tentando não me desesperar e deitei ela no banco de trás do meu carro depois que o Ht destravou as portas pra mim.

Mariana veio já com o rosto cheio de lágrimas e sentou no banco de trás, colocou a cabeça da Luma no colo dela e ficou implorando pra ela acordar.

Tirei o moletom que tava vestindo e entreguei pra ela.-Pressiona na cintura pra parar o sangue, preta.-Falei pisando fundo no acelerador.

Mariana: Meu Deus.-Os lábios dela já estavam tremendo de tanto que ela chorava.-Eu falei que tava com um mau pressentimento, eu falei!-Fungou olhando pra mim, através do retrovisor.

E era verdade, quase todo domingo a gente vem almoçar na minha mãe ou na dona Lúcia, a preta tá indisposta desde manhã. Falou que tava com o coração apertado, falei que era exagero e olha no que deu...

Mariana: Lucca, o pulso dela tá muito fraco, eu não sinto a respiração dela, Lucca.-Apertou o braço da Luma e a minha visão já começou a embaçar, minha garganta fechou, não conseguia nem abrir a boca pra falar.

Parei o carro de qualquer jeito na frente do hospital e desci correndo sem nem tirar a chave da ignição ou desligar.

Mariana: ALGUÉM AJUDA, A GENTE PRECISA DE AJUDA.-Gritou enquanto eu tirava a Luma do carro e já veio dois enfermeiros correndo com uma maca.

-Salva ela.-Falei sério ao colocar a Luma sobre a maca.

Um dos enfermeiros foi correndo com a maca e quando eu fiz menção de acompanhar, o outro, que tinha ficado, colocou a mão na minha frente, me impedindo de passar.

-A gente vai fazer os possíveis...-Parou de falar quando eu dei um tapão na mão dele.

-Os possíveis?-Neguei com a cabeça antes de puxar ele pela gola da camiseta.-VOCÊS VÃO FAZER ATÉ O IMPOSSÍVEL PRA SALVAR ELA!-Gritei em seu ouvido antes de o jogar no chão.

Mariana: Lucca, eu tô com medo.-Encostou a testa no meu braço e voltou a chorar.

-Vamo pensar positivo, minha preta.-Beijei a cabeça dela antes de colocar ela sentada.

Olhei o carro do Ht parando perto do meu e em seguida desceu ele, a Dri, a dona Benê, a minha mãe e a mãe da Mariana.

Benê: Cadê a minha filha? Ela vai ficar bem? O que houve com ela, Meu Deus.-Balançou a cabeça, chorando pra caralho.

-A gente não sabe de nada ainda. Ela foi baleada, tava na rua quando o confronto terminou, acho que foi bala perdida.-Falei e ajudei ela a sentar.

Doutor: Você.-Surgiu no corredor e apontou pra mim.-Pai da garota, né? Precisamos de você pra doar sangue.

-Eu não sou o pai dela, mas a mãe tá aí.-Apontei pra dona Benê.

Benê: A gente não tem o mesmo tipo de sangue, doutor.-Fungou.

Doutor: Ela vai morrer se não for feita uma transfusão de sangue nos próximos dez minutos.-Senti a mão da Mariana apertando o meu braço.

-Porra, cês não têm banco de sangue nesse caralho?-Perguntei ficando bolado já.

Doutor: Tem, mas o tipo de sangue dela é justamente o que tá em falta.

Mariana: E qual é?

Doutor: É O Positivo.

-Eu tenho.-Respondi na hora e me encaminharam pra uma sala, onde extraíram o meu sangue antes de me liberar.

Voltei pra sala de espera e sentei do lado da Mariana, que tava chorando em silêncio. Puxei ela pra deitar a cabeça no meu peito e ela fungou, me perguntando por que aquilo tava acontecendo com a Luma.

Eu só neguei com a cabeça e apertei ela nos meus braços, essa era uma das poucas vezes que eu ficava sem saber o que falar. Podia não parecer por fora, mas por dentro eu tava assustado também, eu daria a minha vida por essa menina, trocaria de lugar por ela se pudesse...

Enfermeiro: A transfusão foi realizada com sucesso, falta ver como ela vai reagir.-Falou e saiu andando, mas então parou e se virou pra mim.-Você falou que não é pai dela, mas vocês têm noventa e nove por cento de compatibilidade.

Mariana levantou a cabeça do meu peito, e nós dois encarou a dona Benê, que abaixou a cabeça na mesma hora.

LUMA. - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora