Luma.
Chegamos ao final de mais uma sessão e eu fiquei trocando uma ideia com a Marisa até o toque do celular dela interromper o nosso papo.
Já reconheci ser a voz do Khalil e me animei, só esperando ela encerrar a ligação pra eu zuar.
-Ai, foi só uma ficada.-Repeti o que ela diz pra mim toda vez que fica com o Khalil.
Marisa: Você é terrível, Luma.-Deu um tapa fraco no meu braço e demos na risada.
-Mas falando sério agora.-Fiz um coque nas minhas tranças.-Cê vai ficar fugindo dos seus sentimentos até quando? Vocês no caso.-Corrigi.-O Khalil é outro que finge que é desimpedido, mas só falta latir quando tá com você.
Marisa: Eu não tô fugindo de nada, se ele vier falar o que sente por mim eu vou ser transparente e falar o que sinto por ele igual.-Deu de ombros, cruzando as pernas.
-E o que custa tomar a iniciativa?-Perguntei e lembrei da dona Benê.-Não deixe pra amanhã o que pode fazer hoje, eu sou o exemplo vivo disso...
Marisa: Sim amiga, você é. Porém, eu vou deixar ele ter iniciativa no que toca a isso, eu que cheguei nele pra ficar pela primeira vez no baile então ele tem que ser o primeiro a dizer o que sente.
-Vocês que sabem.-Sorri me levantando e peguei a chave do meu carro por cima da mesinha de centro.-Vou indo amiga, depois a gente se fala.
Marisa: Vai com Deus, sister.-Me abraçou antes de voltar a sentar na poltrona dela e eu fui saindo do consultório dela.
Destravei as portas do meu Land Rover Evoque, ao chegar no estacionamento, e entrei nele antes de sair dali.
Passou coisa de dois, quase três meses, desde a morte da dona Benê... Desde aquele dia eu tenho tido sessões de terapia com a Marisa, coisa que fez a gente se aproximar muito.
Eu me culpava, meio que indiretamente, pela morte dela, por não ter perdoado quando ela pediu, e por não ter ido atrás pra saber como ela tava. Graças à Marisa e aos meus pais, pouco a pouco, eu fui compreendendo que não foi minha culpa.
Nesse tempo que passou não rolou muita coisa impactante, apenas a minha formatura e da Drielly no colégio, esse carro foi um dos presentes dos meus pais inclusive. Apesar de ainda não ter completado dezoito anos, eu consegui ir pra autoescola e adquirir a carteira de habilitação por já estar quase atingindo a maior idade.
Meus pais disseram que só não me deram um apê também porque não queriam que eu saísse de casa quando completasse dezoito anos.
Henri e Safira estão namorando real oficial, de aliança e tudo. Samuel e a Dri seguem tendo o caso deles, e por mais inacreditável que seja, ele tava provando que mudou de verdade.
Não vou falar que a gente virou melhor amigo, mas eu já conseguia suportar algumas horas no mesmo espaço que ele sem ter vontade de voar em seu pescoço a cada cinco minutos.
Estacionei meu bebê na garagem de casa, aqui no Leblon, e fui lá pra dentro depois de travar as portas. Tava só a minha mãe aqui, meus irmãos estavam no colégio e o meu pai, provavelmente, no estúdio dele.
-Cheguei, gata.-Sentei no colo dela, que tava sentada no sofá, a abraçando.
Mariana: Como foi lá?-Acariciou o meu rosto e eu não pude deixar de notar que ela tava meio pra baixo.
-De novo cê tá desse jeito? Vai me explicar o que tá acontecendo quando?
Mariana: Já falei que é coisa da tua cabeça, sai dessa!-Desconversou e eu nem insisti pra não aborrecer ela.
Tá nessa bad desde o começo dessa semana, não sei o porquê, e no que depender dela eu não vou saber nem tão cedo.
Já mudei de assunto, pra ver se ela dava uma animada, e escutamos o barulho da porta de entrada ser aberta, meu pai passou por ela e veio dar um beijo na minha cabeça.
Quando foi dar outro na da minha mãe ela simplesmente desviou e saiu andando depois de encarar ele de cima abaixo.
-O que eu perdi?-Perguntei pra ele.
Lucca: Deve ser tmp, sei lá.-Deu de ombros e eu ri do "tmp."
-É tpm pai, tpm.
Lucca: Merma parada, pô.
Fui gravar umas publis e quando terminei já tinha anoitecido. Tava cheia dos contrato, bem blogueirinha, vantagens de ser filha da lendária Mariana Andrade.
Pior que eu tava ganhando muito bem com isso, não cogito nem fazer faculdade mais. Não me vejo lá sendo que posso viver disso, e também meus pais disseram que vão transferir algumas ações dos negócios deles pra mim assim que eu fizer dezoito.
Depois de tomar um banho rápido, e escovar os dentes, eu me joguei na minha cama e peguei o controle da tv, procurando alguma coisa pra assistir na Globoplay.
Escutei batidas na porta do quarto e falei pra pessoa entar, era o meu pai.
Lucca: Não me pergunta nada.-Falou fechando a porta e deitou do meu lado antes de se cobrir e arrumar a almofada embaixo da cabeça dele.
-Amado??-Pausei a série.-Tu não pode chegar em território alheio e exigir que o dono fique só olhando.
Lucca: Vim dormir com a minha filha, porra, não pode mais?-Eu não estranharia se ele não estivesse sozinho. Isso acontece, mas quando ele vem dormir comigo a minha mãe e os gêmeos também vêm junto.
Nem falei mais nada, tirei a série do pause e me aconcheguei nos braços dele.
Lucca: Boa noite minha pretinha, eu te amo.-Beijou a minha cabeça, me cobrindo melhor.
-Boa noite pai, eu te amo mais.-Respondi bocejando.
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LUMA. - Livro III
Romance+17|Prova viva de que o amor não tem cor, raça ou idade, de que ele é pontual, chega na hora que tem que chegar e no nosso caso ele veio pra ficar. 3° e último livro da trilogia 'Meu Primeiro Amor.' 𝓐-𝓥𝓲𝓻𝓰𝓲𝓷𝓲𝓪𝓷𝓪. ©2022.