Capítulo 8.

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Luma.

Me sentei no banco da pracinha e apoiei o meu queixo no meu joelho, pegando o meu celular e entrando no Whatsapp.

Tava com zero vontade de ir pra casa, tava rolando um churras com a família da minha mãe e eu sinceramente não tava com paciência pra ouvir toda merda que sai da boca deles cada vez que eu tô por perto.

Fui abrir os status e parei na foto que o Khalil tinha postado, já respondi boladona. Quando mandei mensagem ele tava online e nem me respondeu, ainda teve audácia de postar foto, o safado.

Whatsapp.📨

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Ih, foi mal Luminha.
Juro que não vi, mas pô, como tu tá?

Ótima, evitando entrar na minha própria casa pois a chernofamily se encontra na área.

Kkkkkk, caralho.
Vai ficar fora de casa até eles meterem o pé?

Sim. A não ser que tu queira que eu vá pra tua casa e que a gente passe o resto do dia terminado de ver aquele filme bosta.

Agora não dá, mas depois a gente vê isso aí.

Beleza Kl.

📨

Tava puta mesmo, a única pessoa com quem eu posso contar vinte e quatro sobre sete dá uma dessas.

Bem feita, pra deixar de depender muito dos outros. No fundo é você por você e quem falar o contrário é porque ainda não passou por isso.

Eu ia ter que voltar pra casa, tava um sol do caralho e eu não ia conseguir aguentar muito mais tempo consciente nessa quentura.

Calcei minhas havaianas e me levantei, abaixando o meu short antes de tacar o celular no bolso traseiro e começar a caminhar.

Revirei os olhos quando vi o Samuel saindo do bar do seu Nelson e parece até que ele pressentiu, olhou pra mim na hora e atravessou a rua vindo na minha reta.

Me fiz de cega e continuei andando, mas a mão dele no meu braço me fez parar.

-Solta caralho.-Puxei meu braço e ele levantou as mãos em forma de redinção.

Samuel: Só quero falar contigo numa boa, me desculpar e pá.

-Querer não é poder.-Dei de ombros e continuei andando, bufei ouvindo os passos dele me acompanhando.-Que ódio, cê tá perdoado.-Falei alto.-Era isso que tu queria né? Agora me deixa em paz.

Samuel: E como nóis fica?-Fez menção de passar a mão na minha cintura e eu desviei.

-Não fica.-Sorri forçada.-Tão simples quanto beber água.

Samuel: Deu desse draminha já, Luma.-Me empurrou contra a parede do beco e aproximou o rosto do meu, apoiando as mãos de cada lado da minha cabeça.-Eu tô com saudade.-Cheirou o meu pescoço e eu suspirei.

-Problema teu.-Ele sorriu e negou com a cabeça.

Samuel: Você também tá.-Falou baixinho perto do meu ouvido.-Teu corpo não nega.-Beijou o canto da minha boca.

Quando ele fez menção de grudar as nossas bocas eu tirei forças da puta que pariu e empurrei ele, vendo ele fazer uma cara de confuso enquanto eu saia dali.

-Fica longe de mim, de você eu só quero distância!-Falei alto o suficiente pra que ele ouvisse.

Samuel: Tu vai voltar pra mim Luma, só tá confusa, é questão de tempo.-Foi a última coisa que eu ouvi antes de sair do beco e entrar na minha rua.

Cheguei em casa e a minha mãe falou à beça no meu ouvido, reclamou que tava geral me esperando pra comer.

-Ninguém mandou esperar, eu hein.-Dei de ombros.

Benê: Você não me provoca, Luma. Isso é falta de Deus na tua vida, tá muito respondona.-Revirei os olhos e passei por ela, indo cumprimentar todo mundo com o sorriso mais falso que alguma vez fui capaz de dar, e me sentando na mesa em seguida.

Catarina: Nossa, cê não mudou nada.-Me olhou.-Sempre com esses negócios na cabeça.-Pegou nas minhas tranças e tentou disfarçar a cara de nojo.

-Imagina o quão imundo tá o cabelo dela.-A filha dela comentou baixo, mas eu ouvi e a minha mãe não falou um "a" pra me defender.

Toda porra de churrasco é assim, eu sendo pega pra cristo pela família dela e ela não ligando. É nessas horas que eu sinto falta do meu pai, era eu e ele contra esse bando de racista quando ele ainda tava vivo.

E o pior é que eles são a única família que eu tenho. Infelizmente a parte preta da minha família, por parte do meu pai, nós não conhecemos porque ele cresceu em um orfanato.

-Dá pra parar de falar como se eu não tivesse aqui?-Eu só via a minha mão na cara delas.

Catarina: Não precisa ficar bolada, lindinha. A gente só tá falando a realidade que muitos não têm coragem, pra isso serve a família.-Era sempre uma merda diferente saindo da boca dessa mulher.-O teu cabelo natural não é lá essas coisas por ser bem armado, mas se você fizesse uma escova até que ia ficar melhor do que esse negócio que cê tá usando agora amor.

Olhei pra minha mãe, buscando ajuda e ela deu de ombros.-Perdi a fome.-Levantei na força do ódio, fazendo a mesa balançar.

-Já vai começar o drama.-Um tio falou e os outros concordaram.-Aiai Benê, essa menina tá assistindo muito Rebelde.-Falou e deram risada.

-Bom apetite, espero do fundo do meu coração que vocês morram engasgados no vosso próprio veneno.-Falei e fui correndo pro meu quarto, batendo a porta com força.

LUMA. - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora