Capítulo 46.

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Luma.

Tio Lucca estacionou o carro em uma das vagas da cobertura e entramos no elevador depois de passar pelo hall do prédio e cumprimentar o porteiro.

Mariana: Cara, as crianças vão surtar.-Falou apertando no botão do andar deles depois de colocar a senha.

-Não vai rolar ciúme?-Eles sempre foram só quatro, a Malu é mais apegada no tio Lucca e o Luan na tia Mari.

Lucca: Ciúme de quê?

-De mim, né? Vou chegar de intrusa.-Dei de ombros.

Lucca: Intrusa é o caralho, tu é fruto do nosso amor, pretinha.-Falou pegando na minha mão e na da tia Mari.-Tudo que é nosso é teu também, cê não tem por que se sentir intrusa no bagulho.-Deu um beijo na minha cabeça, outro na da tia Mari e eu apoiei a cabeça em seu peito.

Mariana: Isso aí, tu é uma Andrade Pinheiro garota, já para com esses pensamentos. E quanto aos gêmeos, eles vivem dizendo que querem ter um irmão ou irmã mais velha igual os amiguinhos têm.

Lucca: E eles te amam, fica sussa.-Assenti e saímos do elevador depois que o mesmo abriu.

Entramos na cobertura e cumprimentamos a Nana, senhora que cuida da casa, tia Mari já foi contar pra ela toda animada que eu era filha deles.

Mariana: Ela é uma mini Mariana, não é?-Sorriu boba olhando pra mim e eu rachei o bico com a resposta da Nana.

Nana: Na verdade ela é a cara do Lucca, mas vamo fingir que sim pra fazer a tua felicidade.

Lucca: RECEBA!-Gritou rindo e tirou três notas de cem do bolso.-Alguém tinha que abrir o olho dela mermo.-Colocou as notas no bolso do avental que a Nana tava usando e a tia Mari deu o dedo pra ele.

Nana: Orra, sempre que precisar de abrir o olho de alguém eu tô aqui pra isso!-Falou animada, olhando os trezentos conto.

Eu amo ela, me acabava de rir toda vez que vinha, é uma figura e tanto.

Eu tava começando a ficar cansadinha já, subi pro quarto de visitas e me joguei na cama de olho fechado ao adentrar no cômodo.

Quando voltei a abrir o olho tomei um susto da porra com a tia Mari e o tio Lucca na porta, olhando pra mim como se eu fosse alguma obra de arte sendo exposta no museu.

Eles falaram que amanhã iam chamar a arquiteta pra fazer o projeto consoante o jeito que eu quero que o quarto fique, porque ia ser meu, e depois me deixaram cochilar.

Acordei eram três da tarde, lembrei que a gente tinha que ir pegar as minhas coisas na casa da dona Benê e fui lembrar eles.

-Eu posso ir sozinha?-Pedi fazendo bico.-Preciso desse tempo pra pensar, e se ela estiver em casa eu não quero deixar ela mais puta do que já tá.

Mariana: Você tem certeza, meu amor?-Assenti e o tio Lucca pegou o celular dele e ligou pro motorista vir me dar uma assistência.

Me despedi deles depois que o motorista chegou e fui pro carro, que chegou na favela, e parou na porta da minha antiga casa rapidinho.

Peguei a chave no bolso do meu macaquinho e fui entrando bem pianinho, quando vi que a casa tava vazia comecei a andar normal.

Coloquei tudo que me pertencia nas quatro malas grandonas que a tia Mari me deu, e o motorista levou pro carro depois de falar que ia me esperar lá.

Confirmei se não tava esquecendo nada, saí trancando o portão e joguei a chave no quintal pra que a dona Benê achasse ao voltar.

Falei pro motorista que ia andar um pouco e ele disse que era pra eu ligar quando fosse pra vir me buscar, só fiz que sim com a cabeça e fui subindo a ladeira sem rumo certo.

Minhas pernas vacilaram quando eu passei pela rua do salão da tia Ana e olhei pra janela da última casa daquela rua, a casa de onde eu vi a Drielly saindo no dia que começou com os segredinhos.

Tava o Samuel fumando maconha, ele olhou pra mim e eu já desviei o olhar e continuei a andar até escutar o portão da casa sendo aberto e ver ele saindo de lá.

Tentei correr, mas começou a doer o meu curativo então só apressei o passo pra longe dali, coisa que não adiantou muito, porque ele me alcançou e implorou pra eu escutar.

Samuel: Eu juro que vim em paz, me escuta por favor.

Bufei antes de sentar no meio fio da calçada, já não aguentava mais ficar em pé mesmo.-Tô ouvindo.

LUMA. - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora