Ligação de Almas

Capítulo 1

Jungkook sentia o gelado da gota de suor descendo por toda a sua espinha, a sensação de fraqueza acumulada com o enjoo lhe dava a certeza de que desmaiaria a qualquer minuto. Maldita hora em que resolveu voltar do trabalho de ônibus, economizar alguns wons não valia o preço pela vergonha por desmaiar na rua.

— Graças a Deus! — Murmurou Jungkook em um fio de voz, ao avistar a fachada do edifício onde morava, arrastou se por mais alguns metros até chegar a portaria custou achar o molho de chaves, travou mais uma luta para colocar a chave no tambor do portão pois suas mãos tremiam, conseguiu entrar no saguão do prédio quando sentiu suas pernas fraquejarem e o equilíbrio fugir, sentiu se caindo, mas antes que batesse no chão mãos fortes seguraram sua cintura.

— Peguei você — Jungkook ouviu uma voz grave próxima ao seu ouvido antes de ser amparado por um peito forte.

— Me ajuda — Pediu Jungkook encarando os olhos marrons que reconheceu já tê-los visto algumas vezes quando passava pela corredor de seu andar, aquele era seu vizinho de porta.

— Claro — Respondeu o vizinho de voz grave que Jungkook nem mesmo sabia o nome — Você está passando mal? Precisa que eu o leve ao hospital?

— Sim e não.

— Ômega, você precisar ser mais claro do que isso, se você não me ajudar eu não saberei como ajudar você. — E embora Jungkook estivesse meio aéreo a voz séria e grave do homem que o mantinha de pé o fez voltar aos sentidos.

— Eu só preciso que você me ajude a chegar no meu apartamento.

— Claro — O alfa ao seu lado balançou a cabeça — Eu posso? — Perguntou o alfa virando o ômega em sua direção e apontando para as suas pernas como que pede permissão para pegá-lo no colo.

— Eu não acho que seja uma boa ideia — Jungkook resmungou — eu sou bem pesado.

— Tá tudo bem ômega eu consigo. — O alfa então passou um braço pelas costas do ômega e outro por debaixo das pernas, fez força e conseguiu levantar o ômega que se aconchegou em seu peito respirando fundo sentindo pela primeira vez aquele cheiro gostoso e marcante de tangerina e cedro, já que o alfa sem nem mesmo percebeu que soltava sua presença o que de alguma forma fez com que Jungkook se sentisse protegido.

O alfa carregou o ômega até o elevador e pressionou o botão para trazer o elevador para a recepção — Alfa, eu já me sinto melhor — Disse Jungkook sentindo os braços do alfa tremendo pelo esforço de carregar o peso do ômega — nós vamos acabar caindo.

— Ok! — O alfa colocou Jungkook no chão, mas permaneceu com o braço envolta de sua cintura — Me perdoe por isso ômega, e-eu não costumo ser fraco assim.

Jungkook voltou seu olhar para o rosto do alfa, percebendo que o mesmo se encontrava com um olhar totalmente envergonhado e rosto vermelho por não ter conseguido suportar o peso do ômega — Imagina alfa, a culpa na verdade é toda minha eu que não sigo os padrões da minha espécie, tenho esse hábito de frequentar a academia e acabei adquirindo muita massa muscular ai já viu né... acabei ficando o oposto do que esperam da minha espécie não tenho nada de delicado em mim — Jungkook disparou a falar tentando fazer com que o alfa ao seu lado não se sentisse culpado por algo que apenas era culpa do ômega.

Aquela cena só corrobora com a sua teoria de que Seungmin tinha o deixado por não ser um bom ômega, por seu corpo ser duro e firme e não delicado e macio como era de se esperar de um ômega.

— Ômega você é lindo, tudo em você seria motivo de orgulho para as pessoas da sua espécie — disse o alfa, olhando diretamente para os olhos de Jungkook que ficou hipnotizado pelos olhos calorosos e amáveis que o alfa possuía — Vamos? — Perguntou o alfa despertando Jungkook do transe que os olhos do alfa o levou.

— Jungkook — disse o ômega entrando no elevador.

— O que? — perguntou o alfa confuso entrando no elevador, selecionando o andar onde ficavam os apartamentos dos dois.

— Meu nome é Jungkook. Jeon Jungkook, não precisa ficar me chamando de ômega — Disse Jungkook, dando um sorriso mínimo para o alfa a sua frente.

— Eu sei — o alfa respondeu meio abobado, correspondendo ao sorriso do ômega.

— Sabe? — questionou Jungkook confuso.

— Nós somos vizinhos há quase dois anos Jungkook-ssi, quando ainda tínhamos porteiro o senhor Choi vivia me pedindo para eu entregar a sua correspondência já que segundo ele você sai cedo demais e volta tarde demais e ele nunca conseguia te encontrar em casa, ele me pedia pra que eu deixasse tudo na sua porta mais ou menos no horário que você chega no trabalho.

Jungkook se lembrava que antes do senhor Choi se aposentar sua correspondência sempre aparecia debaixo ou ao lado da porta a noite e depois que o senhor se aposentou e o síndico optou por investir num sistema de fechaduras e alarme no lugar do porteiro suas cartas e encomendas ficavam a semana toda no seu box de correspondência.

— Oh! Obrigado por isso alfa, eu nunca soube que vinha dando tanto trabalho a você.

— Trabalho nenhum Jungkook-ssi, o senhor Choi era um bom amigo e eu adorava ajudá-lo ainda sinto sua falta — O alfa tinha um sorriso saudosista em seu rosto — E a propósito eu sou o Taehyung, é um prazer finalmente conhecê-lo — A fala de Taehyung foi cortada pelo barulho do elevador se abrindo no andar dos dois. Ambos saíram andando lado a lado enquanto Jungkook tirava de sua mochila a chave de seu apartamento — Você se sente melhor Jungkook-ssi? Não quer mesmo ir ao hospital?

— Não estou doente Taehyung-ssi, só estou sofrendo as consequências de ter sido abandonado pelo meu alfa.

— Eu sinto muito — Disse Taehyung parando ao lado da porta de Jungkook — Dizem que os efeitos são complicados, vocês eram marcados?

— N-nos... — Jungkook engoliu em seco, ainda não se sentia pronto para falar do seu antigo relacionamento.

— Não precisa responder — Taehyung o interrompeu — eu estou sendo indelicado.

Jungkook abriu a porta de seu apartamento, entrou e se virou em direção ao alfa — Obrigado por me ajudar Taehyung-ssi hoje e por toda a correspondência também, quando precisar... — Jungkook sentiu o chão ficar instável sobre seus pés e antes que pudesse completar a frase tudo ao seu redor ficou escuro.

— Merda! — Foi a última palavra que ouviu.