✨03✨

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— Sejam todos bem vindos! Alguns de vocês já me conhecem. Mas para quem não, eu sou Celina Ferrer, a diretora. — revirei os olhos enquanto ouvia a mulher no palco falar.

— Que loucura, não? Ela era aluna e agora é a diretora! — uma voz desconhecida me fez olhar para fileira de trás.

Era aquele garoto de mais cedo. Nós trocamos olhares por alguns instantes antes de Emilia se aproximar da MJ e retirar a estrelinha da testa dela.

— Você está falando comigo? — perguntei com as sobrancelhas levantadas e uma expressão nada amigável.

Nos encaramos por alguns segundos e então, ele estendeu a mão, para que eu apertasse em cumprimento.

— Dixon, baby. — se apresentou ainda esticando sua mão.

Meus olhos pousaram sobre ela, mas não a apertei, apenas sorri levemente antes de voltar minha atenção ao rosto do garoto estiloso.

— Meu nome é Amber. — também me apresentei. — Gostei da saia. É diferente, porém nada mal. — eu disse assim que vi uma pequena mudança em seu uniforme.

É impressão minha ou eu perdi a minha postura de bandida má em questão de segundos? Que merda...

— Gracias, mami.— ele respondeu com um olhar intenso e eu sorri por causa da forma que ele me chamou.

E ele parecia ser uma pessoa bem descontraída.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, Emilia que estava do meu lado, bateu no meu braço, me fazendo prestar atenção no palco novamente.

— A Celina já falou várias coisas e você não prestou atenção em nada porque estava de papinho com o colombiano! — ela me repreendeu.

— Relaxa, caralho. Você está parecendo o meu pai! — respondi despreocupada com suas palavras.

— Bom, hoje eu vou explicar tudo sobre o Programa de Excelência Musical. — a diretora continuou falando, a voz dela estava me deixando com sono.

— O MEP!— outra mulher atrás dela disse fazendo todo mundo rir, menos eu. — É assim que alguns deles chamam.

— Obrigada, Anita. — a diretora agradeceu, tentando disfarçar sua irritação por ter sido interrompida. — Se vocês têm certeza de que querem fazer o teste, precisam se inscrever ainda hoje para o processo seletivo. A lista ficará na frente da minha sala. As audições começam amanhã. E nesse semestre, os cocapitães, Emilia e Sebas, serão os jurados. — ela faz uma longa pausa e finaliza: — Boa sorte a todos!

Me levantei rapidamente depois que a diretora terminou de falar e atrai os olhares de alguns, principalmente o dela.

Mas eu não me importei nenhum pouco e simplesmente sai do auditório. Pelo que parecia ela não tinha mais nada pra falar, então não tinha o porque continuar ali.

Quando estava prestes caminhar na direção dos dormitórios, eu ouvi a voz da Emilia atrás de mim.

— Por que essa pressa toda? — ela perguntou. — Não vai se inscrever para as audições? — faz outra pergunta, que me fez rir.

Me virei, ficando de frente a ela e umedeci os lábios antes de respondê-la.

— Claro que não. Por que eu faria isso? Eu não tenho talento nenhum pra participar dessas audições.

— Porra, Amber! Como você é estúpida! Como assim você não tem talento? — ela fica brava. — Eu me lembro de ter te ouvido cantar algumas vezes, e posso afirmar que sua voz é muito bonita. Não mais do que a minha, é claro, mas...

— Eu não tô nem ai, Emilia. Eu não vou participar dessa merda. Não vou e não adianta insistir. — eu disse e comecei a caminhar novamente.

— Amber! — me irritei quando Emilia começou a falar mais uma vez. Essa garota está começando a me irritar. — A sua mãe não gostaria que você fizesse isso.

Minha expressão fria sumiu num piscar de olhos assim que ouvi essas palavras.

Antes da minha mãe morrer vitima da queda de avião, ela me ajudava a melhorar a minha voz. Assim como ela, eu amava cantar. Cantar me levava pra outro mundo, era como uma terapia pra mim.

Depois da morte dela, eu parei de cantar com vontade, parei de fazer o que mais gostava.

Nas raríssimas vezes que eu soltava a voz, não era como antes. Eu desafinava, era como se eu só cantasse bem na presença dela, era impressionante.

Acho que eu fiquei tão traumatizada em viver em no mundo sem a pessoa mais importante da minha vida, que isso acabou prejudicando a minha voz. Sei lá...

— Eu sei que você ama cantar. Você sempre amou, mas só parou porque acha que não é boa o bastante sem sua mãe estar do seu lado, te auxiliando. — ela tocou meu ombro. — Ela não gostaria de te ver abandonando uma coisa que ama, só porque ela não está mais aqui, Amber. Pare de bobagens e coloque seu nome na porra daquela lista ou eu mesma coloco!

Eu a olhei atentamente e enquanto tentava segurar as lágrimas que ameaçavam escorrer dos meus olhos, eu me afastei.

— Eu vou pro meu quarto. Depois a gente se fala, Emilia. — disse quase sussurrando e comecei a caminhar, deixando-a lá paralisada.

— Olha por onde anda! — o idiota do Luka gritou quando eu esbarrei nele sem querer.

— Vai se fuder, Colucci! — disse sem parar de andar.

Entrei no dormitório e vendo que estava sozinha, me apoiei na porta e respirei fundo, enquanto pensava nas coisas que Emilia tinha me dito.

Voltar a cantar? Não mesmo, eu só vou passar vergonha na frente de toda EWS. E além do mais, não quero ser a Jana 2.0 que só é conhecida por causa do papai produtor.

Depois de alguns minutos sozinha no dormitório, MJ e Andi apareceram, me dando um pequeno susto.

— Você estava chorando? — Andi perguntou preocupada.

Olhei para o lado e não respondi, apenas limpei uma lágrima solitária que caia do meu olho.

— O que aconteceu, Amber? Pode falar, somos amigas. — MJ se aproximou com um sorrisinho fofo.

— Somos? — perguntei franzindo a testa.

— Desculpa, eu quis dizer colegas. — MJ disse disfarçando.

Eu sorri, tirando a expressão triste por um segundo e depois olhei para as duas, alternadamente.

— Talvez não seja uma má ideia esse lance de sermos amigas. — eu disse e elas riram e logo depois, Andi jogou seu travesseiro em mim, me fazendo rir.

Capítulo revisado
23/08/22

Minha Nova Prisão - Rebelde Onde histórias criam vida. Descubra agora