Capítulo Três

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Às 09:15, o alarme tocou.

Acreditando ser 05:30 ainda, Doyoung demorou alguns minutos para levantar. Recordava pouco dos acontecimentos da noite anterior, mas a forte dor de cabeça indicava que tinha passado dos limites nas bebidas. Envergonhado, ele coçou os olhos e levantou devagar, estranhando não encontrar o melhor amigo dormindo.

— Desde quando o Nayu passou a acordar cedo? – perguntou-se, pegando o celular no chão e quase teve um colapso ao ver a hora real — Puta que pariu!

— O que aconteceu? – assustado com o grito que ouvira, Yuta apareceu no quarto segurando uma colher de pau — Está tudo bem?

— Não! Olha a hora, são nove e meia da manhã! – Doyoung respondeu em desespero total — O meu emprego é de extrema importância, não posso perdê-lo.

— Se acalma, você não vai perder seu emprego – Yuta disse, aproximando-se dele e o acomodando na cama — Liguei para sua chefe e falei que você tinha passado mal, à tarde pode ir trabalhar.

— Poxa, valeu... Não sei o que seria de mim sem sua força – o amigo o agradeceu, sentindo o pior ir embora — Minha cabeça dói muito, o que aconteceu ontem?

— Quer mesmo saber? – respondeu em tom de brincadeira, rindo da expressão do outro — Estou brincando, você não fez nada demais. Agora vá tomar banho e venha tomar café da manhã, vai curar a ressaca.

— Certo...

Atendendo a ordem do amigo, Doyoung se dirigiu ao banheiro e tirou as roupas, entrando debaixo do chuveiro em seguida. Enquanto isso, Yuta voltou para a cozinha e terminou de preparar o café, cantarolando baixo sua música favorita. Normalmente tomava apenas uma xícara de achocolatado, mas como o amigo estava em casa, decidiu fazer algo improvisado e que desse boas substâncias e forte resistência.

Minutos depois, o Kim apareceu na cozinha, vestido com as sofisticadas roupas do japonês. Não eram feias — pelo contrário, eram um charme —, entretanto não faziam o estilo do coreano, este que usava roupas mais sociais e básicas.

— Deveria aderir esse estilo, ficou ótimo em você – Yuta brincou, organizando a mesa com a ajuda dele.

— Sem chance, mamãe sentiria vergonha de mim – Doyoung respondeu, rindo sem graça — Uma vez, inventei que tinha feito uma tatuagem e ela quase me bateu.

— Nossa, mas que exagero, o que tem de mal nisso? É o seu corpo – o Nakamoto murmurou, achava a mãe do amigo totalmente desnecessária.

— Ela sempre foi assim.

Yuta sentia pena de Doyoung, o mesmo já era maior de idade e era independente, mas ainda assim não fazia o que tinha vontade. Sempre fez tudo o que os pais queriam, pensava duas vezes antes de fazer algo novo e desistia se não concordassem. Continue sendo o filho perfeito, era o que o senhor Kim lhe dizia todos os dias, e suas palavras permaneceram gravadas na mente dele após a morte do seu pai.

Ainda que diante de tanto constrangimento, Doyoung queria muito saber o que aconteceu na noite passada e insistiu que Yuta o dissesse tudo. Em sua visão, seria melhor ouvir do melhor amigo do que de qualquer outra pessoa, assim a vergonha seria menor e mais fácil de lidar, se é que isso fosse possível.

— Já que insiste, vou contar – Yuta começou — Você acabou ficando interessado em uma amiga minha, chegou nela e pediu para ficarem, lembra disso?

— Sim, lembro. Quando ela sumiu, fui dar uma volta e comecei a beber bebidas mais fortes, daí pra frente não lembro de nada.

— Pois bem, a partir daí, você ficou bêbado e fui atrás de ti com medo que fizesse besteira – ele continuou — E por sorte cheguei a tempo. Quando te encontrei, você estava quase indo brigar com um cara, te arrastei pro carro e viemos para cá.

Doctor, help me! - JohnDo (Reedição)Onde histórias criam vida. Descubra agora