Capitulo Cinco

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Terceira sessão

Na tarde da terça-feira, ali estava novamente para mais uma consulta. Já não era mais estranho ir as terapias, as mesmas até o ajudavam a se entender melhor aos poucos, porém, alguns fragmentos confusos de memórias surgiram em um de seus sonhos.

— Olá, boa tarde – Youngho o cumprimentou, gentil como sempre — Como tem passado?

— Bem, eu acho – Doyoung respondeu, relaxando o corpo na cadeira — E você, como está?

— Estou ótimo, obrigado – o psicólogo agradeceu e sorriu — É muita gentileza sua sempre perguntar como eu estou, normalmente ninguém faz isso.

— Por que não perguntaria? Somos amigos também, não apenas doutor e paciente – o Kim continuou, retribuindo o sorriso — Enfim, preciso contar uma coisa. Ontem, sonhei com meu irmão, foi estranho porque não parecia um simples sonho, e sim uma memória.

— É possível que seja respostas do tratamento, e não apenas um sonho comum – o mais velho concluiu, pegando o prontuário e uma caneta, em seguida voltou a atenção ao outro — Conte-me como foi.

— Certo – Doyoung disse e logo começou a contar — Estávamos na escola, na época ele tinha dezoito anos e eu dezesseis. Era a hora de irmos embora e nossa mãe sempre nos buscava, todos os dias era assim. Mas nesse sonho, Donghyun estava com o braço direito enfaixado e seu rosto tinha machucados, e não foi a mamãe que foi nos buscar, e sim nosso pai. O que mais achei estranho foram os machucados do meu irmão, sei que provavelmente foi uma briga, mas ele nunca foi de se meter em confusão.

— Entendi – Youngho falou, anotando tudo detalhadamente — Teve algo mais?

— Não, foi apenas isso.

Assentindo, o psicólogo voltou a encará-lo e prosseguiu com as perguntas, tentando compreender melhor o que aquilo poderia representar. De uma coisa tinha certeza, algo bom não era.

— Você consegue se recordar de mais lembranças dessa época?

— Mais ou menos – Doyoung continuou, batucando os dedos em uma coxa — Eu não tinha muitos amigos, então ficava com Donghyun na maior parte do tempo, já que ele também não tinha. Ah, havia um amigo dele que sempre andava com a gente, mas acho que brigaram pois pararam de se falar. Até pensei que a confusão pudesse ter sido com esse amigo, mas não faria sentido.

— E, só por acaso, acha que eles poderiam ter algo a mais do que amizade? – o Seo perguntou, deixando Doyoung pensativo.

— Não, seria impossível – o outro disse, após pensar seriamente — Primeiro porque hoje ele é casado com uma mulher, e segundo, nosso pai jamais permitiria.

Youngho pensou em dizer que a bissexualidade existia, porém aquele não era o ponto onde queria chegar, e sim o último citado. O pai altamente preconceituoso e controlador, ali estava o problema.

— Basicamente o pai de vocês controlava e definia tudo? – voltou a questionar, começando a compreender o que se passava.

— Não era bem assim – o Kim respondeu, aparentemente chateado — Cada um de nós escolheu a profissão que quis, ele não interferiu em nada. As coisas eram diferentes quando éramos mais jovens sim, mas acredito que era com a intenção de nos proteger.

Esse não é o modo de proteção ideal, é uma forma de impor autoridade e deixar medo, o psicólogo pensou, respirando fundo e prosseguindo com os questionamentos.

— Bem, quero que faça uma reflexão para si mesmo, ok? – ele sugeriu, e Doyoung confirmou — Alguma vez, fosse na infância ou adolescência, seus pais fizeram algo que te deixou magoado?

Doctor, help me! - JohnDo (Reedição)Onde histórias criam vida. Descubra agora