•𝒞𝒶𝓅𝒾𝓉𝓊𝓁ℴ II

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Aceito sua mão e este me ajuda a subir com uma força incomum, por um instante me sinto flutuando em meus próprios pés, posso jurar que não fui eu quem realizou o movimento sozinha, assinto com a cabeça e me junto aos outros novatos, eles olham na direção do rapaz moreno logo atrás de mim, aguardando algumas palavras ou talvez ordens

Outro rapaz loiro se aproxima, este também está vestido com um casaco enorme e preto, o qual  não parece estar protegendo-o do chuvisco, já que fios de cabelo da sua franja colam em sua testa

--- Eu ia fazer as apresentações, mas vamos adiar isso -- o moreno diz estreitando os olhos -- entrem, sequem-se e descansem, pela manhã resolveremos o assunto pendente

--- Sim, senhor!-- todos dizem em uníssono com excessão de mim que estava um tanto quanto distraída analisando os rostos dos homens da tripulação, imaginando qual seriam suas personalidades e seus piores traços nelas, o quão sujos e egoístas poderiam ser

A feição do mais alto e moreno é de alguém nem um pouco amigável, sua voz é grave e ele parece um tanto quanto intimidador, já o loiro ao seu lado possui um rosto delicado e de certa forma "ingênuo", embora seja evidentemente apenas uma ilusão da minha parte, como aquelas pequeninas rãs coloridas e mortais.

Sigo com os demais em direção ao interior do navio, descendo uma grande escada de madeira vermelha, tudo a sua volta parece esculpido à mão, um trabalho impecável de estatuetas dos mais diversos tipos possíveis, sem contar os objetos aparentemente de valor bem presos na parede; Deslizo meus dedos pelo corrimão da escada até o seu interior, longe da chuva e já bem iluminado

--- O navio possuí quatro andares -- diz finalmente o loirinho -- Não importa o que aconteça, Jamais vão ao primeiro sem permissão de um superior -- ele baixa seu capuz revelando uma beleza um tanto quanto chocante -- No segundo andar há os canhões, armas e utensílios do tipo, no terceiro a cozinha e o quarto dos capitães, no quarto, onde estamos -- ele aponta para o fim do corredor extenso que fica mais escuro com o passar -- no final é o local onde irão dormir

--- Com licença, cada um tem um quarto?-- pergunta o rapaz religioso

--- Você tá pensando que aqui é alguma pousada? -- o moreno responde em tom sarcástico

--- Não, senhor! -- o garoto se treme inteiro -- Perdão! Perdão! Perdão!

--- Deixe disso, eu tô só tirando uma  com você -- gargalha baixando o capuz de seu casaco

Alguns fios molhados grudam em sua bochecha, quando este sorri exibe seus caninos pontiagudos como os de um animal selvagem

--- Se continuar tenso desse jeito, não irá durar um dia -- ele da tapinhas no ombro do garoto assustado -- mas te desejo boa sorte

--- Obrigado, senhor... -- coça a nuca

--- Pode me chamar de Baji ou Keisuke, não vamos ser formais o tempo todo -- ele da de ombros e segue cortando entre nós, entretanto antes que possa ir completamente, seu olhar segue em minha direção de maneira assustadora

Sinto o frio percorrer a minha espinha -- será que ele percebeu? MERDA!

--- Não precisa mais usar isso -- ele puxa o meu capuz quando passa ao meu lado e sobe as escadas sem olhar para trás

𝑭𝑨𝑰𝑹𝒀𝑻𝑨𝑳𝑬🦋 | • 𝓑𝓪𝓳𝓲 𝓚𝓮𝓲𝓼𝓾𝓴𝓮Onde histórias criam vida. Descubra agora