•𝓒𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 XIII

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   A manhã do saqueamento havia finalmente chegado, estávamos há poucos quilômetros de distância da embarcação do espanhóis, a ilha já exibia sua costa e suas montanhas inexploradas, sendo iluminadas calmamente por um sol de raios intensos. Apesar da calmaria de se observar um crepúsculo, tudo parecia um completo caos dentro do navio, homens correndo para todos os lados carregando canhões, encenando lutas, gritando ordens.

  Eu por outro lado, após passar todas as instruções possíveis ao capitão e vice, observava o mar pela luneta além da grande imensidão azulada, quase tocando as pontas das montanhas, sentindo a brisa arranhar meu pescoço despido e beijar meu rosto com delicadeza, podia ver a embarcação dos espanhóis e isso enchia meu peito de ansiedade, era como mergulhar meus lábios em uma tigela repleta de veneno, um veneno doce e viciante, meu coração acelerado ecoava no silêncio de meu interior

--- Você está sorrindo -- Baixo a luneta para ver Emma com mais clareza

--- Estou?-- Indago levantando as sobrancelhas

--- Isso é bem incomum -- ela estreita os olhos -- alguém estar tão sorridente antes de uma emboscada

--- Incomum? Sério? Não posso evitar de me sentir bem com essa estranha sensação

--- Sensação de liberdade?

--- Exatamente

--- Sensação de não ter dever algum à cumprir? De adrenalina por ter vivido uma vida toda preso em alguém que não era?

Franzo o cenho. Ela tem intenções através dessas palavras sugestivas

--- O que quer dizer?

--- Dizer? Não quero dizer nada -- seus cabelos flutuam e sua pele branca como uma peça de porcelana reflete a luz de maneira delicada

--- Isso me pareceu um tanto quanto sugestivo

--- Ora, não foi -- ela desvia o olhar para o horizonte -- espero que consigamos o que desejamos

--- Eu também

--- Somos a tripulação Manji afinal

--- Exatamente

Estávamos perto do saque e também perto da possível morte dela. Sei que devo permanecer atrás da mesma, farei tudo ao meu alcance para protegê-la de seja lá qual for o seu maldito ceifador, acima de uma vigarista de meia tigela, cheia de segredos, ainda sou alguém com coração, mesmo que nele não haja tanta honra assim.

Rodo o anel da imortalidade em meu dedo, perdida em meus próprios pensamentos ao observar novamente o navio se aproximar, meu corpo entra em combustão quando ouço a voz de Mikey ecoar por todos os cantos daquele lugar:

--- À TODA FORÇA!-- ele vocifera

A vantagem do navio Manji é a sua capacidade de derrubar o navio inimigo, ao estudar a planta deste me deparei com um monstro de inúmeras partes: há uma disposição de canhões extremamente estratégicas, na frente onde se reside o enorme dragão, não se trata apenas de uma imagem meramente decorativa, muito pelo contrário, a criatura talhada oculta a ponta mais rígida da fera do mar, a qual serve para danificar em uma investida contra outra superfície, funcionando a base do impacto, mas seu inimigo não tem noção de que se trata de um navio de porte intrusivo dessa maneira, suas velas são modificadas de uma forma que lhe permite muito mais velocidade do que deveria e quando exposto ao impulso necessário pode ser possível derrubar até dois navios menores.

  O navio Manji se aproxima com certa velocidade, o som das ondas do mar aumenta à medida que a distância entre os dois navios diminuem, mas ainda se destacam as conversações em seu interior, as espadas reluzem à luz do sol, os canhões postos e carregados, a energia sobe pelos corpos.

𝑭𝑨𝑰𝑹𝒀𝑻𝑨𝑳𝑬🦋 | • 𝓑𝓪𝓳𝓲 𝓚𝓮𝓲𝓼𝓾𝓴𝓮Onde histórias criam vida. Descubra agora