•𝓒𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 XLIII

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--- Caspian? Caspian! Ei! -- volto a atenção de uma só vez em direção à voz que me importuna

--- Sim?-- encaro o garoto de olhos azuis e cabelos loiros. Takemichi está parado ao lado da minha rede, eu permaneço sentada no chão

--- O que aconteceu com você? Está há minutos sentado no chão vestindo a bota -- aponta para o sapato semi enfiado em meus pés

--- Ah! Nem reparei -- subo-a

--- Percebi. Ontem também, parece meio perdido, tudo bem?

--- Sim, claro -- me levanto em um salto -- São reflexos de uma mente inteligentissima, vocês meros humanos, jamais entenderiam

--- Aham, sei -- ele levanta as sobrancelhas -- vamos indo, tenho trabalho a fazer

O dia amanhecera fechado. Feroz, tão poderosamente intimidador com ondas altas e riscos ainda maiores, as velas chacoalhavam com a velocidade do vento, o céu logo acima, era tenebrosamente obscuro, manchando qualquer resquício esbranquiçado ou azulado de um dia belo. Mas apesar de tudo, havia beleza na sua fúria, a ira dos céus representava a natureza emergente que há em nós, feitos à imagem de amanheceres obscuros e chuvosos, defensivos, todavia também de claros, calmos, quietos.

Assim como a natureza em alto mar, jorrando fúria com nossa presença, eu me sentia dotada de ciclones de emoções.

Dou as caras na parte exterior do navio, este ia para lá e para cá, mas ninguém parecia de fato se importar, nem as piores tempestades abalavam aquela tripulação. Animados, resplandeciam toda a luz que o dia não concebera, Mitsuya com cabelos molhados e camisa colante em seu peitoral, caminhava entre os homens que se mexiam para estabilizar o âmbito

--- ATENÇÃO! -- ordenava sem notar a minha presença

Ondas fervorosas esbarravam na superfície e respingavam rudemente assim como em quedas d'água, além do leve chuvisco. Gradativamente, a violência marítima aumentava, trazendo um frio no estômago associado ao balançar degradante

--- AQUARTELAR! -- Mikey manobra o leme, girando-o de modo que não compreendo. De imediato, uma vela triangular para tempestades é disposta com velocidade pelos tripulantes, o navio assume uma posição vertical em angulação determinada pelo próprio capitão experiente

A indução das ondas diminui, estabilizando de modo que não torne tão agressivo quanto antes, caminhando o navio conforme a ventania, empurrando-o fora do ciclo advertente do nascer da fúria.

--- Ihul, essa é das bravas! -- Chifuyu se aproxima de nós

Encaro o mastro, o estalar da madeira é assustador, minha garganta parece querer fechar.

--- Qual a intensidade das ondas?-- Take indaga

--- Talvez uma escala quatro ou cinco, estão extremamente violentas. Que cara é essa?

--- Perdão, eu tenho que sorrir diante à  minha morte?-- faço careta e ele gargalha, tirando a franja que cola em sua testa dos olhos.

--- Não seja tão dramático! Passaremos por essa totalmente de boa -- faz pouco caso

--- Se por um acaso o navio afundasse...

--- Não irá. Tenho absoluta certeza

--- Mas assim, vocês têm botes reserva, não é?

Chifuyu sorri gentilmente, me arrancando a perplexidade em um suspiro sócio do desespero. Algo pior que andar na prancha, é afundar juntamente com um navio, me parece terrivelmente desesperador, posso facilmente desmaiar só de imaginar.

𝑭𝑨𝑰𝑹𝒀𝑻𝑨𝑳𝑬🦋 | • 𝓑𝓪𝓳𝓲 𝓚𝓮𝓲𝓼𝓾𝓴𝓮Onde histórias criam vida. Descubra agora