•𝓒𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 XIX

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   Abro os olhos completamente assustada, ao sentir um peso sob a minha testa reparo no pano dobrado e frio que entra em contato com a minha pele. Retiro-o e me sento tentando acostumar com a luz, minhas articulações doem um pouco e ainda consigo sentir o roçar da água em minhas coxas, sinto como se tivesse acabado de acordar com ressaca.

Estou em uma cabine minúscula, há uma cama simples de solteiro e um pequeno barril porta-trecos ao lado, uma janelinha para observar o mar e algumas cobertas confortáveis, pisco duas vezes tentando me lembrar do que aconteceu antes de eu acabar nesse lugar esquisito

--- Ah, você acordou! -- a porta é aberta por Emma -- fiquei preocupada

--- Emma... o que aconteceu?-- faço careta

Ela se abaixa segurando um pote em suas mãos, então o coloca perto do meu rosto para que eu inale

--- Você apagou. Estava ardendo em febre e resmungou muitas coisas inaudiveis -- assopra

Suspiro profundamente.

--- Sabe, não é a primeira vez que isso acontece com você, está tudo bem? Você parece meio pálido e sem vida, está resfriado? Exausto?

--- Não, não -- nego calmamente -- Eu só ando dormindo pouco -- coço os olhos -- passando a noite estudando rotas e lendo anotações úteis

--- Não pode ficar se esforçando desse jeito -- ela faz careta -- vai acabar ficando doente

--- Eu sei -- suspiro novamente -- prometo que vou dormir esta noite

--- Não só esta como a próxima e a proxima e a proxima, ok?

--- Certo, certo -- me levanto -- obrigado por me conceder a sua cabine

--- Quê? Aonde pensa que vai? Você literalmente quase morreu. Sente-se aí

--- Não precisa, eu estou bem -- faço careta -- só acho que a fraqueza me atingiu, preciso comer mais também

--- Você não está doente, está? O que está sentindo?

Sorrio.

--- Qual foi? -- ela franze o cenho

--- Achei engraçado a sua preocupação

--- É melhor que se cuide ou eu vou acabar com você

--- Sim, senhora -- assinto -- Mas preciso mesmo ir, já estou bem melhor.

--- Ta, não vou ser a mãezona chata, mas coma um pouco quando sair, acho que os meninos guardaram para você

Assinto.

--- Obrigado, Emma -- lhe dou um leve sorriso

--- Pelo que?

--- Por ser uma pessoa tão gentil

Ela sorri de volta e acaricia meu braço levemente

--- Sempre que precisar.

Afasto abrindo a porta e saindo, meu peito parece aquecer, uma pequena gota de demonstração afetuosa soa tão delicada e desejada quanto uma taça de vinho.

𝑭𝑨𝑰𝑹𝒀𝑻𝑨𝑳𝑬🦋 | • 𝓑𝓪𝓳𝓲 𝓚𝓮𝓲𝓼𝓾𝓴𝓮Onde histórias criam vida. Descubra agora