Batalha de convicções

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Narrador Onisciente

Parlon estava sendo questionado por Foch, e aquilo desencadeou suas antigas memórias. Se lembrou do porquê estar fazendo aquilo... Por sua família.

Parlon Casper era apenas uma criança quando perdeu sua mãe. Ela era uma arqueóloga muito famosa, e seu nome era Lis. A mesma teve seu trágico fim fazendo o que mais amava: Explorar lugares desconhecidos. A caverna que estava desbravando sofreu uma explosão vinda de uma gangue italiana, e Lis, foi soterrada pelas pedras, nunca mais sendo encontrada. 

O pai de Parlon, Pierre, ficou muito mal com a situação, e nunca mais voltou a ser o mesmo. Ele entrou numa tristeza profunda e não conseguiu criar seu filho bem. Parlon, então, nunca soube como era ter o amor de seus pais. E perdeu totalmente a chance quando seu pai pegou uma doença que o deixou de cama por longos anos.

- Pai! - Disse Parlon vendo seu pai muito mal, na cama do hospital - Por favor, me diz o que eu posso fazer para te salvar!

- Você não pode fazer nada a respeito, meu filho... - Pierre estava em seus últimos momentos, e com falta de folego, tentava dar o "adeus" menos doloroso possível - Eu estou indo reencontrar sua mãe, e quero que você corra atrás de seus sonhos... Seja feliz e...

- Não me deixe, pai! Eu imploro!

O pai de Parlon tossiu fortemente, quase que sem ar.

- Você já ouviu a história do famoso pirata Johnny Silverbart? Ele teve de dizer adeus a várias coisas... Mas as manteve em seu coração. Por isso, não tenha medo, eu vou estar contigo, até o--

Pierre voltou a tossir, e lentamente fechou os olhos, partindo para o além. Parlon não aguentou tudo aquilo, e afundou em tristeza, gritando. O trauma foi tão grande que o mesmo não conseguiu mais voltar para sua casa, e se recusou a olhar nas lembranças que tinha de seus pais. A partir desse dia, ele perdeu sua essência, e seus sonhos... Mas acima de tudo, perdeu seus heróis e protetores.

Então, logo após aquele fatídico dia, Parlon foi morar com seus tios, em Soralith. A saudade de seus pais era gigantesca, e ele não enxergava o mundo da mesma forma, mas mesmo com tantas tragédias , ele nunca parou de acreditar no dia em que iria reencontra-los.

Parlon sempre achou seu tio, Louis, bem suspeito. Ele quase nunca estava em casa e nunca falava muito sobre a própria vida. Sua tia, também era super seca e não respondia nenhuma pergunta pessoal. Isso era bem triste, pois eles eram as únicas pessoas em quem Parlon podia confiar.

Certa vez, numa noite de inverno, ele teve uma sensação muito estranha: Pela primeira vez havia passado o dia com seu tio, e conseguiu conversar bastante, mas quando foi dormir, uma insônia misturada com ansiedade começou a o atormentar. No chão, ele via pegadas brilhantes, e perturbado com aquilo, começou a seguir os passos.

Ele saiu de casa, seguiu aquelas pegadas neon e chegou num beco escuro. Se escondeu atrás da lixeira e viu seu tio conversando com pessoas que usavam ternos chiques.

- E como vai a mineração, Louis? - Perguntou um dos sujeitos - Espero que sua equipe esteja dando resultado, pois como você sabe, o gasto foi bem alto.

- Não se preocupe com isso, senhor. - Respondeu o tio de Parlon - Estamos firmes na mineração, e já conseguimos muito daquelas pedras vermelhas que foram encomendadas. Pode ter certeza que a explosão não foi em vão.

No mesmo momento em que ouviu isso, Parlon já havia conseguido juntar todas as peças em sua mente, e estava encostado na parede, segurando o choro. Todo esse tempo, seu tio fazia parte da máfia italiana e estava envolvido na morte de sua mãe. Aquilo mexeu muito com a mente dele, e ele estava torcendo para acordar daquele "pesadelo".

Shujinko no Yume - O Sonho do HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora