Capítulo 09

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- Qual foi patrão, nosso bonde ganhou nessa porra

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- Qual foi patrão, nosso bonde ganhou nessa porra.- LZ chegou perto do meu corpo caído no chão falando mas eu nem conseguia prestar atenção nas paradas.

- Vacilão não prevalece caralho, a honra da facção tem que ser mantida até o fim porra.- falei com fraqueza.

Pra ser sincero eu já nem tinha força mais, tava todo fodido, meu sangue jorrava na porra do chão igual a um porco, meu peito queimava de uma forma parecida com um infarto.

Papo reto, já passei por muita treta na minha vida, 30 anos é tempo o suficiente pra tu se foder de várias maneiras, experiência é o que não falta tá ligado?

Só que todo mundo sabe quando tá chegando tua hora, o cara lá de cima já me mostrou que a minha hora tá pra chegar a qualquer momento.

Minha mãe sempre disse que em algum momento ia chegar alguém que mudaria minha vida mas pra falar a verdade eu nunca acreditei nesse papo torto.

- Qual foi patrão, fecha o olho não pô, fecha não.- bateu de leve no meu rosto pra eu despertar.

- Qual foi LZ, sei se aguento não mas vai chamar alguém pô, tô fodido aqui, posso partir dessa por agora não tenho um bagulho pra resolver antes.

- Fica sussa Alemão, a área tá limpa já passei um rádio pro Carioca, ele tá longe pra caralho mas vou atrás de ajuda pra ti.

O moleque saiu vazado mesmo com a perna toda estourada de bala.

Tentei me ajeitar mas nem tinha como, a falta de ar aumentava a cada segundo, tava sentindo que ia me foder e não dava pra esperar mais.

Minha mente só ia na Nina pô, lembrei de quando ela era menor e cuidava de mim, ou todas as vezes que eu cheguei no barraco da coroa todo estourado e ela me fortaleceu. Dormiu do meu lado pra medir minha febre por conta de ferida inflamada.

De todas as pessoas que já passaram na minha vida ela foi a única além da minha coroa que sempre prevaleceu.

Precisava falar com ela antes que não desse mais. Peguei o celular com dificuldade é só mandei os áudios falando a parada toda que eu queria.

Juro por Deus pô, só disse o que eu sentia...

Nina:

Áudio 0:15: Qual foi menor, tu nem deve ouvir esse bagulho por agora mas eu precisava falar contigo. 03:45

Áudio 0:30: Cê tá ligada que você foi a melhor parada que já rolou na minha vida. Tu chegou na minha vida pra me mudar, tu nem deve tá entendendo porque eu to falando essas paradas mas é que tu tinha razão pô. 03:46

Áudio 0:26: Tu tinha razão em querer resolver as coisas rápido, a vida tem pressa menor, me fodi dessa vez e nem sei se volto mas eu precisava resolver esse negócio contigo. 03:48

Áudio 01:00: Na porra da minha vida só me sobrou uma coisa de importante e foi tu tá ligada? Eu daria minha vida por ti, eu não sei explicar pra tu mandada mirim mas o bagulho que eu sinto por ti é tão forte que eu sinto necessidade de te proteger do mundo, tu é minha prioridade nessa vida, sou um filho da puta em te privar dos bagulhos mas sei lá pô, pensar em que alguma coisa pode te acontecer me fode por completo.

Áudio 0:50: Sei nem porque te falei esses bagulhos todos, já te falei que a vida tem pressa e eu to sentindo a minha indo embora, não queria sair do mundão brigado contigo, desculpa por vacilar assim menor mas é que o coração que eu nem sabia que tinha tem um carinho enorme por ti, te deixar indefesa por aí não é uma opção pra mim.

•••

Mandei o áudio nem esperando que ela visse por agora, larguei o bagulho do meu lado sentindo minha cabeça doendo pra caralho, sabia que o menor lá já tava brotando mas nem dava conta de esperar.

Meu olhos foram ficando pesados, sabia que era por conta do sangue que eu havia perdido demais.

Deixei o fluxo da vida seguir, Deus ia fazer o melhor, to preparado pros planos dele.

Seja o que Deus quiser!

Acordei assustada com um pressentimento ruim no peito, minha alma parecia que ia sair do corpo

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Acordei assustada com um pressentimento ruim no peito, minha alma parecia que ia sair do corpo.

Peguei o celular rápido vendo as notificações dos áudios do Hariel, comecei a soar frio na mesma hora, eu estava tão desesperada que nem sabia o que fazer.

Comecei a ouvir os áudios e chorar sem parar, eu senti, senti que algo de ruim iria acontecer a ele, eu senti que ele não iria voltar mais.

Saber que ele estava machucado e tão longe daqui acabava comigo. Eu pedi pra ele não ir mas como sempre ele resolveu não me escutar.

O que eu estava sentindo era tão estranho, era como se um pedaço de mim estivesse indo embora.

Minha respiração descontrolada só piorou quando eu o ouvi dizer...

"...não queria sair do mundão brigado contigo, desculpa por vacilar assim menor mas é que o coração que eu nem sabia que tinha tem um carinho enorme por ti, te deixar indefesa por aí não é uma opção pra mim."

Eu não sabia o que sentir e nem o que pensar, minha mente foi tão longe, me fez sentir e pensar coisas que eu nunca tinha cogitado antes.

Eu não sabia o que fazer, liguei várias vezes mas ele não atendeu.

- Por favor Hariel, atende essa porra cara, você não pode me deixar aqui sozinha.

Falei pra mim mesma totalmente desesperada enquanto chorava.

Levantei igual o flash, vestindo minha roupa e saindo atrás de alguém que pudesse me ajudar a pelo menos saber onde aquele filho da mãe estava.

Quatro e meia da manhã, favela no total silêncio, os poucos soldados que tinham certamente estavam na boca de fumo.

Entrei em uma viela vendo dois noiados, sai correndo igual uma doida

Só senti meu corpo batendo de frente com o de um cara, olhei pro rosto dele vendo a cara de preocupação, se tinha um cara que tinha notícias do Hariel era o Menor.

- Tá fazendo o que aqui essa hora Nina, tá chapando mina?

- Chapando o caralho Matheus, eu já sei o que rolou com o alemão.

Só vi a cara dele fechar na hora.

- Sabe como Nina? Sabe de nada não pô, tá chapando demais, vou contar pro alemão que tu agora usa droga.

- Fala onde ele tá, fala menor.

Bati no peito dele com força fazendo o maior escândalo naquela viela, namoral mesmo, eu estava pouco me fodendo pra tudo naquele momento

Juro que eu só queria saber onde ele estava porque no meu coração só tinha coisas doidas rolando inclusive medo de perder ele pra sempre.

Caso Imoral • livro I | Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora