Me sentei na calçada com a cabeça encostada no ombro de Sthe, mal conseguia abrir os olhos de tanto que chorei durante a noite.
Ela e o Júnior não paravam de perguntar um minuto se quer sobre o que tinha rolado mas eu preferi ficar na minha, não que eu não confie nos dois mas meu nome já é mal falado o suficiente nesse morro, tudo o que eu falo vira fofoca então às vezes é melhor ficar em silêncio e guardar tudo pra si mesmo.
- Tá tão xoxinha meu amor, fala o que tá acontecendo?
- Ah eu concordo com Sthe, quem foi a vagabunda que te pôs pra baixo? Fala que eu vou lá arrancar sangue da cara dela.- acabei rindo.
- Não é nada gente, eu só não estou nos meus melhores dias.
Depois que falei isso eles ficaram na deles, eu realmente só queria ficar quietinha na minha.
Tinha tantas coisas na minha mente, de um assunto a coisa toda desenrolou pra outro patamar, um patamar tão alto que até agora não consegui entender nada.
Minha mente já nem estava no assunto inicial mais, nesse momento eu já estava pouco me fodendo se ele vigia muito ou pouco minha vida, ou até onde ele é capaz de ir pra rastrear meus passos. A única coisa que eu conseguia pensar era em como eu ia fazer se alguma coisa acontecesse com ele.
Eu tô acostumada em ver ele saindo pra invasão, eu nunca vou me esquecer da primeira vez que eu vi ele voltando de uma invasão, eu tinha uns 4 ou 5 anos mais ou menos, ele chegou todo furado de bala de fuzil, naquele dia eu pensei que nunca mais veria ele, eu segurava a mão dele com tanta força que nem parecia uma criança com medo.
Eu fiquei ali do lado dele até minha avó terminar de costurar os ferimentos, passei dias e dias brincando de enfermeira, achava aquilo o máximo, desde aí eu não tirei da minha mente que queria fazer faculdade de enfermagem. Mas claro, meu paciente número um será ele até porque Hariel só se mete em confusão.
Mas apesar de estar acostumada com isso dessa vez é diferente, dessa vez nós estamos brigados, dessa vez ele se quer se deu ao trabalho de me responder direito e a única coisa que disse foi "na volta a gente conversa."
Pensar que talvez ele possa não voltar e nós nunca mais termos a chance de conversarmos acaba comigo. Tive crise de ansiedade a noite inteira por isso, mas sei lá, Hariel as vezes parece que só liga pra ele mesmo.
- Olha ali bicha que monte de mavambo, Pra onde eles tão indo?- Escutei Júnior perguntar mas nem prestei atenção.
- Nem sei, Alemão nem Carioca não me falam porra nenhuma, só sei que vão dar reforço pra um aliado aí.
Quando ela disse aquilo eu acordei pra vida na hora me levantei vendo todas aquelas vans paradas logo ali na barreira e ele parado na frente de uma das vans com um fuzil atravessado nas costas.
Larguei minha mochila em qualquer canto e fui atrás dele, eu mal entendi o porque daquele show todo sem motivo, precisa pelo menos falar com ele cara a cara, nem que fosse para xingá-lo.
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Caso Imoral • livro I | Degustação
Fiksi Penggemar"Baby, só me diga porque não agora? Tem vez que a gente briga e perde a razão Tu sabe como eu fico se eu te vejo chorar E quem perde com isso é nossa relação..." |Nina e Alemão|