Abri os olhos sem entender nada, mó viagem aquela parada que tinha acontecido, minha coroa falou e falou mas eu continuei igual um besta tentando entender as paradas que ela tinha me dito.
Namoral, aquelas coisas nem sentido tinha pô, olhei pra Nina que parecia brisadona com algum bagulho até com a mão no rosto tava.
- Puta que pariu, Hariel!
- Que foi Maria Catarina, tá maluca?
Ela me olhou fazendo uma cara estranha de quem também não tava entendendo porra nenhuma, só vi um sorrisinho aparecer no rosto dela.
Sei lá, mas ver ela sorrir me deixa bem pra caralho.
- Qual foi Nina, mal abri o olho já tá me xingando cara.
Ela me olhou sem jeito, nem entendi, papo reto.
- Não é contigo cara, é que foi sem querer, juro que foi.- vi ela ficar vermelha de vergonha e fiquei viajando, Nina nunca teve esses bagulhos de timidez comigo.
- Foi sem querer o que Catarina?
- Nada, nada não.- Se ajeitou na cadeira.- Tu me deu um susto da porra Hariel, caralho cara.- respirou fundo passando a mão na cabeça.- Eu achei que ia te perder cara.
Sorri pegando na mão dela.
- Tenho muita coisa pra fazer nesse mundo ainda menor, ainda nem achei minha luz, minha estrela ainda tem que brilhar muito por aqui.
Repeti a frase que tinha ouvido, se eu não entendi imagina ela, só que ela concordou e voltou a ficar em silêncio.
Peguei na mão dela e fiquei viajando em algumas paradas, a roupa dela estava cheia de sangue já seco, a cara dela de sono não negava que ela tinha ficado o tempo todo do meu lado.
- Tu não pode ficar fazendo isso Catarina.- ela levantou a cabeça me olhando.
- Isso o que?
- Ficar fazendo os bagulhos por mim e se deixando de lado, tá toda suja de sangue, não dormiu e nem deve ter comido nada.
- Eu não to com fome, só preocupada mesmo.- apertou minha mão sem olhar nos meus olhos.
- Tu tá estranha pra caralho, o que cê tem?- perguntei ainda bem fraco achando aquela parada toda muito estranha.
- Nada não, é só preocupação igual eu te falei.
Deitou a cabeça no meu braço sem me olhar.
- Se tu diz, mas ó fica sussa que vaso ruim não quebra.
- Eu que deveria quebrar sua cara por ficar fazendo essas palhaçadas comigo, quase me mata de susto filho da puta.- me deu um tapa de leve na mão me fazendo rir.
- Respeita tua vó garota.- continuei rindo vendo ela me mandar o dedo.- Mas fala sério, se eu tivesse partido tu ia sentir uma paz do caralho.
Só vi o corpo dela se jogando do lado do meu com cuidado e encostando a cabeça na curva do meu pescoço.
- Para de falar besteira, para por favor.- falou chorando.
Passei a mão nos cabelos dela vendo o quão abalada ela estava, eu sabia que ela era apegada em mim mas juro que nunca foi minha intenção deixar ela emocionalmente dependente.
- Já passou menor, passou já.
- Tu regula minha vida mas eu não vejo ela sem tu, você é a melhor parte da merda da minha história de vida.
- E tu a minha, por isso eu fico atrás de ti igual urubu, te proteger é minha missão nessa terra pô, se alguém te fizer mal nem sei o que eu sou capaz de fazer.
- Desde que você não faça merda e não saia tão cedo da minha vida eu nem ligo no que tu faça pra me proteger, só não me deixa aqui sozinha, eu não tenho quase ninguém.
Concordei e beijei o topo da cabeça dela, ouvir ela dizer aquelas coisas me deu uma sensação estranha tá ligado?
Por mais que todo mundo saiba que esse caminho só tem dois destinos, a cadeia ou a morte, ver alguém que a gente gosta e considera sofrendo por decisões nossas é uma situação fodida do caralho.
Sempre privei ela de muita coisa, mas nunca vou conseguir priva-la de me perder pra esse mundão algum dia.
Nem falei mais nada, fiquei quieto na minha e ela na dela, ter ela por perto me deixa até mais forte, papo de visão.
Passou um tempo e Carioca entrou com um médico engomadinho no quarto em que nós estávamos, o cara me examinou disse que eu havia perdido muito sangue, até fizeram umas transfusões lá como deu mas eu ainda estava fraco.
Disse que os projéteis não atingiram nem um órgão porém eu teria que fazer uns exames, tomar uns remédios e trocar os curativos diariamente, mas principalmente fazer repouso absoluto.
- O cuzão dele que eu vou fazer repouso, tenho mais o que fazer nesse caralho.- falei entregando a receita pra Nina assim que o médico saiu.
- Vai sim, nem que eu tenho que te acorrentar no pé da cama.
- Eu to bonzão já filhona.
- Tá o caralho Hariel, conseguiu nem comer sozinho.
- Vai passar na minha cara que teve que me dar comida na boca?
- Vou, só pra você deixar de ser filho da mãe, se liga hein Alemão, se liga porque eu to puta que você foi nessa merda e voltou desse jeito, se me perturbar mais com essa ideia de voltar pra comando do morro nesse estado eu nunca mais olho na sua cara.
Eu sabia que ela era capaz mas nem tendi, parado eu também não podia ficar tá ligado? Eu sou bandido, não playba que fica coçando o dia todo.
- Tá Nina, jaé, nós discute isso depois, vai pra casa e toma um banho, amanhã eu já vou meter o pé daqui, passa na farmácia e compra os bagulho pra mim.
- Vai sair como Hariel? Nem alta você recebeu cara.
- Sou igual bombril, mil e uma utilidades, me dei alta tá ligada?- ela negou com a cabeça em indignação.
- Vou em casa tomar um banho, comer alguma coisa e venho dormir aqui com você.
- Tu tá cansadona menor, vai descansar.
Ela negou, nem discuti porque eu conheço a mandada, ela veio se despedir de mim toda sem jeito, nem me deu o beijo na bochecha que ela sempre me dá quando vai se despedir.
Só deu um beijo na testa mesmo, saiu com pressa igual foguete. Papo reto, a miniatura é mandada pra caralho.
O que tá acontecendo com mandada mirim rapá?
×××
Oi gente tudo bom? Então. To deixando esse avisinho aqui pra dizer que depois do capítulo 20, vou começar a por meta de comentários. Sei que pra alguns é meio chatinho. Mas incentiva a gente bastante.
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Caso Imoral • livro I | Degustação
Fanfiction"Baby, só me diga porque não agora? Tem vez que a gente briga e perde a razão Tu sabe como eu fico se eu te vejo chorar E quem perde com isso é nossa relação..." |Nina e Alemão|