Tudo dói

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pov Lexi

Fez tinha sumido. A última vez que ela falou com ele foi quando ele havia mandado uma mensagem de bom dia no domingo de manhã. Então ela tinha dado bom dia também e eles tinham mandado algumas selfies do que estavam fazendo durante o dia. Até que ela mandou um trecho de seu roteiro pra ele ler e Fezco disse que precisava sair pra trabalhar e lia depois, isso já era de noite. Mas então não respondeu mais e já era terça de manhã. E ela já tinha mandado duas mensagens desde então e mandar uma terceira pareceria desespero.

Não que não estivesse em desespero. Porque parte dela achava que tinha dado alguma coisa errado no trabalho e ele estava machucado ou pior, e outra parte, uma fração forte e esmagadora, dizia que ele iria dar um perdido nela agora que já tinham ficado. As duas opções eram dolorosas. Mas a segunda despertava uma parte insegura e humilhada dela.

Não era isso que os garotos faziam? Sumiam depois de ter o que queriam. O pior é que eles não tinham nem transado, será que foi tão ruim que ele nem queria isso com ela? Ela tinha achado que ele gostara mas agora talvez ela tivesse se enganado. Odiava essa voz dentro dela que parecia distorcer tudo.

  A alegria do sábado durou só até mais ou menos segunda a noite, depois de 24 horas sem uma palavra. Ainda não tinha notícias na terça a tarde. E eles tinham marcado de sair... Será que ele não ia ligar nem pra desmarcar?

Droga, isso doía. Que coisa mais embaraçosa.

Eram por volta das oito da noite e Lexi imaginara os mais diferentes cenários quando ele deu sinal de vida. O telefone tocou e o coração da garota deu um salto. E a voz dele ecoou dos alto falantes do aparelho, rouca e lenta como sempre mas também parecendo diferente, incerta.

- Hey Howard, eu sei que a gente ia sair hoje... Mas não vai dar. Estou doente... - Disse mais pausadamente que o normal, e soava nervoso.

Era uma mentira. Parecia muito uma mentira. E ele era um mentiroso horrível, o que era uma qualidade mas na hora parecia um defeito, se ele mentisse melhor talvez ela acreditasse e não seria tão angustiante de ouvir. Lexi ficou triste com o que ele disse, mas não ia demonstrar e muito menos acusá-lo de mentir.

- Tudo bem, melhoras... - Disse seca.

- Desculpe ter sumido também, estou mesmo mal - Falou de novo, e ela ouviu ele engolir. Parecia mesmo triste pelo sumiço, mas não parecia nem um pouco doente.

- Tá bem, melhoras Fezco... - Sua voz soou dura até em seus próprios ouvidos.

- Tá... Vou ficar em casa, a gente pode sair outro dia. - Falou apreensivo.

- Quando? - Talvez ela só iria se torturar mais um pouco, talvez ele falasse um dia, talvez não estivesse mentindo. Porque ele tentando sumir era péssimo.

- Vai demorar um pouco, não sei quando... - Respondeu suspirando.

- Ok! - A voz saiu aguda e magoada. Ótimo. Ele podia muito bem sumir mesmo, podia ficar "doente" pra sempre. A tristeza e o sentimento de enganação aos poucos se transformavam em raiva e traição. Ele estava brincando com ela? Era sério aquela merda?

- Desculpe mesmo Lex... - Ela desligou o telefone ao ouvir o apelido. Descarado. Falso. Ele estava tentando manipular ela? Se sentia usada, e triste, mas acima de tudo estava com ódio da cara dele.

Se jogou na cama e cruzou os braços. Suspirou uma vez, outra vez. Levantou e deitou de novo.

Tinha até se arrumado, tinha esperança de que a qualquer momento ele mandaria uma mensagem dizendo que estava lá embaixo esperando ela. Patético Lexi.

Ah, quer saber? Sentiu uma nova onda de raiva. Ele não estava em casa? Ela sabia onde ele morava. Vamos ver com os nossos próprios olhos essa doença misteriosa e grave. Lexi tinha um temperamento forte, e em picos de adrenalina era dura e mandona. E estava furiosa.

Cause you see me - Fez and Lexi from Euphoria Onde histórias criam vida. Descubra agora