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Capítulo Quatro

Jeonghan e Seungcheol não se falavam há três dias. Após a revelação de Yoon, tanto ele quando Choi sentiam-se constrangidos falando sobre o assunto. Seungcheol não se conformava, e lhe enfurecia muito saber que havia sido o primeiro beijo da pessoa que mais desprezava. Não entendia como era possível que Jeonghan, com aquela pose de badboy, aquela confiança toda, nunca havia nem sequer beijado alguém.

Todas as vezes que ambos tinham que ir até o pátio para fazer os serviços de limpeza e organização, evitavam ao máximo qualquer tipo de contato, inclusive os olhares. Seungcheol evitou até mesmo ficar perto de Jeonghan; em sua cabeça perturbada, Jeonghan poderia ficar emotivo e querer beijá-lo novamente, como uma garotinha apaixonada pelo seu primeiro beijo.

Porém sua teoria se provava errada sempre que Jeonghan resmungava palavrões quando Choi cruzava seu caminho. O menor não suportava a presença de Seungcheol e a cada dia se odiava mais por ter se deixado ser seduzido daquela maneira. Foi um momento de fraqueza: alguém lhe tocou de uma maneira que homem algum resistiria e seu corpo reagiu. Apenas isso. Ele pegou o costume de fingir que o beijo nem aconteceu.

No quarto dia, o carcereiro mandou os dois para uma outra cela, apenas para limpeza. O ex habitante dali havia... bem, falecido. Seungcheol ouviu alguns gritos durante a noite e quando acordou, e teve que passar na frente da cela, observou o sangue pintado nas paredes como tinta.

Jeonghan bufava a cada minuto por estar preso em uma cela com Seungcheol. Não que ele não estivesse acostumado, mas pretendia fazer seus serviços diários longe do menino.

— O que você acha que aconteceu aqui na noite passada? — a voz rouca e baixa de Choi soou do nada, e Jeonghan apenas revirou os olhos, sem respondê-lo. Seungcheol também estava a bordo desse jogo de quem consegue ignorar o outro por mais tempo, porém sabia que o trabalho seria menos cansativo e estressante se pudessem conversar durante o período que ficassem ali. Mesmo que não gostasse de Jeonghan, e mesmo que quisesse ignorá-lo pelo resto da sua estadia ali, ele sabia que a qualquer momento seria inevitável a troca de palavras, afinal os dois dividiam uma cela.

— Escuta — Seungcheol suspirou, largando sua esponja suja no balde com água, que se tornou vermelha imediatamente pelo sangue —, eu também não te suporto, acredite. Mas... bem, nós temos que pelo menos tolerar a presença um do outro.

— Não temos, não — Jeonghan disse secamente, sem olhá-lo nos olhos, continuando o trabalho de esfregar uma poça de sangue seco do chão próximo à cama. Seungcheol estava em cima da cama, esfregando a parede que também estava coberta por sangue. Os lençóis já haviam sido retirados e mandados para a lavanderia, mesmo que Jeonghan tenha sugerido que os queimassem porque o sangue não sairía tão fácil.

— Não precisamos falar do beijo — Seungcheol murmurou, tão baixo que por um momento sentiu-se aliviado por Jeonghan não tê-lo escutado, mas ele escutou.

— Então cale a boca — rosnou Yoon, jogando com violência a esponja dentro do seu próprio balde e se levantando, andando até o outro lado da cela, para limpar os respingos de sangue dali.

Seungcheol não falou mais nada. Os dois terminaram os serviços em silêncio, e quando o relógio bateu cinco da tarde, o carcereiro os liberou para a ducha diária. O banheiro era comunitário, e divido com mais dezenas de homens daquela ala. Algumas mulheres, muitas na verdade, também eram internadas ali, mas a decisão de não misturar os sexos no banheiro talvez tenha sido a única decisão sábia daquele lugar.

A unica diferença desse dia para os outros, era que os dois estavam atrasados para o chuveiro. Normalmente, os pacientes almoçavam e tinham umas duas horas ao ar livre, para depois irem para os chuveiros e então ficarem retidos na cela até o jantar. Então, eram só os dois, e Jeonghan não poderia ter bufado mais alto quando entrou no banheiro e se viu sozinho com Seungcheol, porém sentiu-se agradecido quando notou o carcereiro parado ao lado da porta, do lado de fora.

Madness •yjh + csc• ⚣︎ [jeongcheol]Onde histórias criam vida. Descubra agora