18

537 57 72
                                    

Capítulo Dezoito

Seungcheol acelerou o carro assim que Jeonghan falou a maldita frase.

— Como assim sua família mora por aqui? — Woozi exclamou, confuso.

— Eles moram aqui, porra! — Jeonghan gritou — Quer dizer, se ninguém se mudou ainda... — murmurou, sua voz já extremamente mais fraca e distante. Jeonghan recostou a cabeça no banco do passageiro e olhou pela janela, enquanto Seungcheol corria com o carro para longe dali. Será que sua família ainda morava ali? Será que ele queria mesmo saber a resposta?

— Acha que mesmo depois de todos esses anos eles ainda morariam no mesmo lugar? — Seungcheol perguntou, e isso atraiu a atenção de Jeonghan, que virou o rosto para encará-lo. Sua pergunta não tinha tom de deboche nem raiva, era genuinamente uma pergunta curiosa.

— Como assim, todos esses anos? — Woozi perguntou ainda mais confuso. Só então Seungcheol percebeu que talvez, além da equipe do manicômio, ele fosse a única pessoa que Jeonghan confiou o suficiente para contar parte de sua história.

— Eu não sei — Jeonghan deu de ombros, ignorando a pergunta de Woozi —, talvez... Eu me lembro da única vez que nos mudamos e, bem, mamãe sempre reclamava de como odiava mudanças e que se pudesse ficaria no mesmo lugar para sempre — divagou, sua voz tão baixa e fraca que parecia até mesmo infantil. E Seungcheol sorriu discretamente, soltando uma risada baixa nasalada. — O que foi? — Jeonghan perguntou, os olhos sérios e a voz um pouco mais firme, talvez percebendo o quão infantil soou.

— Nada — Seungcheol murmurou baixinho. Ele olhou pelo retrovisor e viu que Woozi já havia desistido de tentar entender aquela conversa e agora estava recostado no banco com a cabeça deitada para trás, os olhos fechados e um cigarro entre os lábios — Você chamou sua mãe de mamãe — confessou. Jeonghan arregalou os olhos por um milésimo de segundo, envergonhado e frustrado por ter se deixado levar pelo momento de nostalgia. Mas ao contrário do que pensava, Seungcheol não estava debochando dele; ele estava encantado — Foi adorável.

— Cale a boca — Jeonghan revirou os olhos e voltou a olhar pela janela, não totalmente irritado com Seungcheol, mas irritado consigo mesmo por sentir-se tão vulnerável naquele momento.

Poucos minutos depois, Jeonghan abriu os olhos quando percebeu que o carro havia parado. Ele não estava dormindo, não houve nem sequer tempo para isso, mas não queria ficar de olhos abertos e ver aquelas ruas que lhe traziam vagas, porém dolorosas, lembranças de sua infância e de quando ia de um lado para o outro com sua mãe por ali.

— Por que você parou? — Woozi perguntou, tirando as palavras da boca de Jeonghan. O menor olhou para fora e viu que estavam num lugar um pouco afastado da área residencial; um terreno com um trailer obviamente abandonado, já que estava todo enferrujado, os vidros quebrados e nenhum sinal de vida por perto.

Não era totalmente deserto. Dali eles podiam ver um posto de gasolina, um mercado bem pequeno e simples e alguns carros parados. Jeonghan se lembrava vagamente daquele lugar, mas não era o suficiente para dizer que eram memórias claras, mas sabia que já estivera ali. Lembrava-se de quando sua mãe o levou ali uma vez para andar de bicicleta. Aquele trailer não estava lá, pelo menos ele não conseguia se lembrar.

De qualquer forma, assim que piscou os olhos quando saiu do carro, sentiu a onda da nostalgia atingi-lo como uma pedra, e ele literalmente teve que se segurar para não cair no chão com a sensação que tomou conta de seu corpo e mente. Era como se ele estivesse preso no passado, sua mente reprisando os momentos de alegria e risadas escandalosas de quando ele ainda aprendia a andar de bicicleta e sua mãe o guiava bem atrás dele, prometendo que não iria soltá-lo até que estivesse preparado.

Madness •yjh + csc• ⚣︎ [jeongcheol]Onde histórias criam vida. Descubra agora