Vinte e três.

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Tzuyu sentou em uma das mesas vagas quando entrou na doceira, Sana acompanhou se sentando a sua frente enquanto apoiava os cotovelos sobre a mesa.

— O que está acontecendo, Tzu? — indagou baixo, colocando as mãos sobre a mesa — eu iria pegar os donitis que a sua mãe havia pedido para mim.

— Eu sei, Sannie — encolheu levemente os ombros ao falar o apelido de forma involuntária, suspirando e segurando a mão de Sana, fazendo um carinho com o polegar — mas eu vim junto para falar contigo.

— Oh, falar o que? — franziu o cenho atenta, brincando com os dedos de Tzuyu enquanto a olhava.

— Minha mãe voltou pra infernizar minha vida. Ela estava muito bem em Taiwan mas decidiu que iria passar uma temporada aqui — disse a olhando.

— Tudo bem, não tem problemas não é? — fez um leve bico ao notar a expressão da maior — ou tem?

— Tem! — disse calma — principalmente pelo fato da minha mãe não saber que eu sou gay.

A frase fez Sana congelar, respirando fundo quando sentiu o aperto mais forte em sua mão que estava agarrada a de Chou. O olhar perdido da garota sobre o rosto preocupado de sua chefe.

— E bem, houve boatos. Não é atoa que ela está aqui. — pigarreou — por que há tempo atrás, antes de sair de Taiwan estava prometida para casar com um cara de influência de lá, minha mãe sempre apoiou a ideia mas por sorte ou em partes de sorte meu pai faleceu e por ser filha única assumi a empresa, vindo pra Coréia.

— Uau... — arfou supresa, olhando para Tzuyu com espanto mas respirou fundo para procurar uma resposta — você... você irá voltar pra Tailândia?

— Não é Tailândia é Taiwan! — riu baixo e negou levemente — não vou, justamente porquê irei contar para a minha mãe quem eu sou e assumir de uma só vez e eu tenho motivos pra ficar na Coreia.

— A empresa é muito importante pra você não é? — ergueu as mãos juntas e deixou um beijinho na costa da mão da taiwanesa.

— Não somente a empresa mas algumas pessoas sim.

A menor assentiu, repousando ambas as mãos na mesa. Ficaram se olhando por alguns instantes até que uma voz familiar ecoasse acompanhada de um barulho de salto contra o piso da doceria. 

— Tzuyu minha filha! Cadê a sua empregadinha?

Ao perceber, Sana arregalou os olhos e separou ambas as mãos disfarçando para pegar um pouco de guardanapo, Chou recolheu as mãos para apoiá-las em sua perna, dando um chute no calcanhar de Sana que soltou um pequeno grunho olhando para a maior.

— Oh, aqui está ela! — a mulher sorriu, colocando a bolsa sobre a mesa.

— Nossa mãe, que surpresa você aqui... — a garota indagou, sorrindo amarelo.

— Não menina, você não sabe eu estava procurando essa garotinha — disse apontando para Sana que franziu o cenho, colocando a mão sobre o peito.

— Eu?!

— Claro, eu pedi errado, esqueci que tenho alergia a donuts — gargalhou — você já pediu? — Sana negou — ah que bom, então peça um Red Velvet para mim por favor.

— Claro! Tzuyu você quer algo?

— Não Sann... Sana, obrigada.

— Está esperando o que garotinha? Levanta essa bunda desse lugar e vá logo! — fez um sinal com as mão.

Sana se levantou rapidamente, com um pequeno bico nos lábios fazendo um pedaço de Tzuyu morrer por dentro ao ver aquele bico.

— Sana vá na minha casa hoje a noite, tenho algo para lhe passar sobre as planilhas que tem feito errado.

— Mas eu não faço planilhas erradas — Sana murmurou enquanto ia até o balcão — velha coroca — sussurrou.

— Oh... esses japoneses, tão pobres e carentes. Você fez certo em contratar uma japonesa filha, está ajudando uma pobre vida.

— Mãe! Veja as coisas absurdas que você fala — Tzuyu repreendeu.

— O que foi? — afastou levemente os ombros, se sentando ao lado da filha — é só um ponto de vista! Neste lindo mundo não podemos mais expor opiniões que já é um grande absurdo.

— Não é expor opinões é preconceito — contestou, respirando fundo enquanto olhava Sana no balcão sorrir para o atendente. O coração de Tzuyu apertou, e então desviou o olhar. 

NSFW - Satzu.Onde histórias criam vida. Descubra agora