Vinte e seis.

1.8K 236 171
                                    

Toda a confusão foi acalmada, a luz havia voltado e Sana já havia sido examinada pelo médico que chegou na residência em poucos minutos. Por sorte só havia feito um pequeno corte no nariz e que logo iria cicatrizar sem deixar nenhuma marca.

Tzuyu estava ao seu lado afagando os cabelos enquanto a garota tinha uma bolsa de gelo ainda sobre a cabeça pois descobriu também ter batido a cabeça contra a cama durante a confusão.

— Sinto que lhe dei trabalho demais — confessou a olhando.

Chou sorriu fraco fazendo um neve aceno em reprovação com a cabeça enquanto os dedos magros brincavam com os dedos da japonesa.

— Acho que devo me acostumar com isso, não é?

— Não sei, você deve? — Sana olhou para ambas as mãos — às vezes me sinto como um furacão e você sempre faz parte desses meus desastres.

— Eu gosto de desastres — afagou o cabelo dela — não se preocupe, está tudo bem.

— Posso ir pra casa? — disse receosa. Algo ainda incomodava a japonesa.

Antes que Chou pudesse responder três batidas foram dadas na porta até que a maior respondesse "entre" em um tom de voz grave fazendo Sana trocar olhares consigo.

— Querida nós podemos conversar? — a mãe de Tzuyu disse assim que a porta foi aberta.

— Agora ela sabe bater — disse olhando para Sana que apenas riu fraco — eu já venho.

A garota se levantou, arrastando os pés até a porta que foi fechada imediatamente. Sana ao ver a porta ser fechada soltou um longo suspiro se encolhendo na cama enquanto soltava um pequeno resmungo ao apertar ainda mais a bolsa de gelo contra a cabeça.

Do lado de fora e de braços cruzados, Tzuyu esperou que a mãe iniciasse o assunto e se preparando mentalmente para o que iria sair dos lábios afiados mas estranhou quando teve a mão segurava e afagada pelas outras, subindo o olhar para o rosto da mais velha que era tão parecido com o seu.

— Quando você era criança você me dizia que gostaria de ter uma princesa — a mãe começou olhando para um ponto fixo erguendo logo em seguida o olhar para a filha — e imediatamente seu pai correu para lhe comprar uma boneca, ele fez questão de comprar a mais cara para você — o sorriso nostálgico tomou conta dos lábios finos — mas quando você chegou em casa e viu a boneca sobre a sua cama você odiou.

A garota sorriu levemente ao ouvir a mãe rir, a maior se virou levando uma das mãos até o rosto da filha alisando os cabelos escuros até que colocasse uma mecha atrás de sua orelha.

— sabe por que você odiou a boneca? — Tzuyu negou — porque quando você viu o presente, você olhou para o seu pai e disse "eu não quero uma boneca que seja uma princesa, eu quero ter uma princesa! Pois eu quero me casar com uma". Quando eu escutei isso eu fiquei pensativa e seu pai, como todo pai coruja falou que você poderia ter uma quando ficasse adulta.

— Mãe...

A mulher ergueu a mão para que a filha ficasse em silêncio e a puxou para mais perto.

— Eu sempre soube — sorriu — a resposta de seu pai me deixou furiosa porque... eu não queria — negou — mas sendo sincera quando eu entrei na empresa que agora é tua e vi você olhando para essa garota eu vi como os seus olhos brilharam e vi como ela olha para você — os olhos felinos encararam o rosto da mais nova — eu fui ensinada de que isso é errado e sendo honesta eu acho errado mas filha, eu sei que te faz feliz não é? Então o que eu poderei fazer? Quando jurei ao ver você nascer que a sua felicidade seria a minha?

Tzuyu não conseguiu responder, apenas apertou sua mão nas mãos de sua mãe e sorriu enquanto a puxava para um abraço forte, a pele macia que lhe carregou nos braços e apertou contra o seu corpo o corpo que lhe deu a vida. Respirou fundo enquanto fungava.

— Ela é sua namorada?

Chou riu, negando com a cabeça enquanto sentia os olhos marejar, respirando fundo.

— Não é, é a minha secretária.

— Pretende que ela seja a sua namorada algum dia?

— Ãhn... eu não sei — disse a olhando — não sei se namorar é algo que eu quero mas Sana é diferente.

— Diferente como? — franziu o cenho.

— Eu gosto dela — disse quase em um murmúrio — é diferente de outras garotas que eu gostei.

— Oras e teve outras garotas? — perguntou espantada.

— Teve muitas outras garotas — o sorriso sugestivo fez a mais velha arregalar os olhos e rir — tudo de baixo do seu nariz senhora Zhou!

— Por isso que dizem que a mãe é a última a saber. Quero que me explique isso direitinho mocinha, pode já ser adulta mais ainda sou sua mãe e você tem muitos castigos pendentes!

A garota riu, olhando para a mais velha. Do lado de dentro Sana escutava tudo por de trás da porta, com as bochechas coradas apenas se conseguia lembrar do que Tzuyu disse.

Ela é diferente das outras garotas.

Aquilo lhe deu um frio na barriga e um sorrisinho brotou no canto dos lábios enquanto caminhava novamente até a cama.

— Eu sou diferente das outras — sussurrou baixinho abrindo um enorme sorriso.

NSFW - Satzu.Onde histórias criam vida. Descubra agora