Serena Pellegrini, uma garota criada dentro de uma redoma resistente, mas que está prestes a declinar depois que verdades foram descobertas e passados trazidos à tona, vai tentar de tudo para não cumprir com a obrigação de ter que seguir com os mand...
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Se não fosse a Laura e a Arabella conversando, com toda certeza o percurso até a minha casa seria no mais completo silêncio; não só pela minha parte, como também a da Louise que foi calada quase o tempo todo. Ela só falou quando estávamos mais próximas do destino e na agonia da balsa, quando o balanço me causou uma tontura muito forte, assim como na Bella, mas ela conseguiu conter as náuseas, ao contrário de mim que precisei sair correndo da parte interna fechada, para o local aberto onde os carros ficam reservados. Enquanto eu apertava o ferro que me impedia de cair em alto-mar, eu senti que estava sendo observada no tempo em que me dobrava, quase ao meio, de tanto expelir o conteúdo do meu estômago.
Bella ficou com a Laura e minha irmã veio me amparar, seguindo comigo depois para dentro do local seguro e fechado; os efeitos colaterais do que quase matou a mim, a Bella e a senhora Moreau, ainda estão presentes, mesmo que menos abrangentes do que nos primeiros dias de esforços médicos para retirá-lo do nosso organismo.
Ao chegarmos na casa em que não ponho os pés há um bom tempo, inúmeras coisas vieram na minha mente, inclusive a imagem do Adan, o estado em que ele deve estar e a dúvida que ronda-me sobre os motivos pelos quais ele me colocou em uma posição de atenção que não condiz com os planos que foram arquitetados há tanto tempo pelo maior cabeça de toda a sujeira por trás dessa instituição; por mais que fosse doer estar na frente dele, eu sinto que preciso disso para pôr um fim a história de nossas vidas, que começou, erroneamente, de forma unilateral, por mim.
Não será hoje, claramente; além de não estar psicologicamente preparada para estar na frente do homem que eu amo, reconhecendo-o de uma vez como traidor, eu também não me sinto confortável fisicamente para aguentar a pancada que vai ser estar ali, onde preciso de todas as forças que eu não possuo completamente agora.
A única coisa que vim fazer hoje, de fato, foi pegar roupas que preciso e aproveitar que meu pai está debilitado — e assim ele não terá forças para se levantar e bater em mim — para falar sobre o quanto estou indignada com esse acordo tão repentino.
Quem desceu do carro comigo foi a Arabella, pois a Laura não quis de jeito nenhum sair do carro e a Louise não ia deixá-la sozinha lá dentro; rondando a parte externa da casa, há inúmeros homens armados, com os fuzis empunhados e completamente atentos a movimentação dos carros que acabaram de chegar. Com certeza a presença deles, somado ao trauma de ter uma arma sendo apontada para sua cabeça, e por tudo ter sido tão recente, deixou a Laura assustada e com medo de se aproximar ou falar perto de pessoas que tem naturalmente expressões maldosas.
Em frente ao carro que vim, paro e olho de lado, levando a mão até os meus cabelos que voam em um tremular de forma desgovernada por causa do forte vento, que nos faz ouvir daqui o som das ondas do mar recebendo essa corrente de ar revolta, batendo em um ruido alto sobre as grandes paredes, construídas para transformar esse lugar em uma prisão que eu conheço tão bem, com a palma da minha mão, e se desmanchando no encontro de mais uma nova formulação de ondas intensas.