Prólogo

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Boston - Outubro de 2013

Impacientemente, Luna não para de balançar suas pernas por baixo da mesa do luxuoso restaurante ALDEN & HARLOW, enquanto tenta fingir que presta atenção ao que o homem à sua frente está falando.
"Ele não para de falar não, meu Deus?" - Pensa, enquanto sorri, sínica, sem que o outro perceba. O outro, por sinal, é Greg. "Onde diabos o Caleb conheceu esse cara? E por que diabos eu aceitei esse encontro?" - Pensa, de novo.

A verdade é que Luna não chegou ao encontro com muitas expectativas e foi totalmente forçada a ir pra que seus amigos - "quem precisa de inimigos?" - parassem de encher a paciência.

"Luna, tá na hora de você ter alguém!"
"Luna, daqui a pouco o Caleb e eu casamos e você vai ficar aqui sozinha!"
"Luna, você é uma gata! Qualquer um seria sortudo de te ter!"

"Eu nunca quis qualquer um!" - É o que Luna repetiu pra si mesma durante todos os últimos anos morando nos Estados Unidos. É muito fácil você se levar pela carência, isso é fato.

Luna não gosta de admitir, mas seu coração finalmente tem se aberto pra possibilidade de encontrar alguém. O problema é que, encontro após encontro, parece que esse alguém não existe.

"Eu preciso ter uma conversinha séria com o Caleb e a Melissa quando chegar em casa." - Continua pensando, enquanto Greg não para de falar de si mesmo.

"Até que ele é bonito e tem lábios chamativos, mas parece que é só isso que o senhor "administrador das empresas do pai" tem pra me oferecer" - Ah, se ela tivesse mais um pouco de coragem de falar o que acha.

- E foi assim que eu terminei meu MBA como o melhor da turma, Luna. - termina de falar com o ar mais soberbo que ela já tinha visto, e olha que já presenciara vários.

- Hm - Luna se limita às monossílabas.

- Mas me fala um pouco sobre você, angel - Luna trava o maxilar ao ouvir o apelido, uma tentativa horrível de parecer galante, ela pensa.

"Até que enfim, meu amigo. Pensei que eu não ia falar porra nenhuma a noite toda!"

- Bom, estou no primeiro ano do meu doutorado em genética na BU e tô trabalhando pra que a gente encontre formas de detectar diferentes tipos de câncer mais cedo. - fala, na esperança de tentar começar um diálogo de verdade.

- E você não tem vontade de trabalhar?

"EU NÃO OUVI ISSO, SEU IDIOTA!
- Como assim, Greg? - pergunta, rindo - Eu já trabalho.

- Não, entendo que você ache que trabalhe, mas a verdade é que você só assiste aulas, não é? Tipo, eu poderia ter feito doutorado também, - o homem fala como se fosse a coisa mais fácil do mundo - mas não quis porque preferia ir logo pra ação, pra movimentar a economia, fazer dinheiro e fazer a diferença de fato!

Luna respirou fundo, enquanto relaxava os punhos que estavam fechados sem que ela tivesse percebido.

- Gregory, tudo que eu produzo de ciência faz uma enorme diferença. Nem todo dinheiro do mundo pode comprar uma saúde boa e estamos pesquisando tudo pra isso.

- Ah, minha linda... - "não sou sua", pensa ela - Fico encantado que você pense assim, mas a realidade é outra. Quem você acha que arca com os custos da tua ciência? O povo trabalhador. No fim das contas, seu chefe sou eu - fala, gargalhando, essa última frase, fazendo Luna se enfurecer.

- Você só teve seu precioso MBA porque alguém te ensinou ciência. Você só tá vivo porque alguém criou remédios que te curaram a vida inteira. Você só sabe falar, escrever e pensar, mesmo que seja essas merdas todas, porque alguém usou ciência contigo, mas pelo que percebi, a ciência ainda tem um longo caminho pela frente pra educar pessoas a não serem como você - sorri, aliviada pelo desabafo - Mas não se preocupe, "meu lindo" - fala, sínica - se você é meu chefe, eu me demito!

Luna se levantou, triunfante, enquanto caminhava, dando uma rebolada extra, diga-se de passagem, rindo da cara da merda que Greg ficou.

Ao chegar em casa, percebeu que o casal ternura que a colocou nessa furada não estava. "FUI DORMIR NO CALEB, BESTIE. AMANHÃ NOS FALAMOS E ESPERO QUE VOCÊ SÓ VEJA ESSE BILHETE DE MANHÃ, HAHAHAHA." Encontrou o post-it rosa pink na geladeira.

- Vaca, minha amiga é uma vaca. - diz pra si mesma, enquanto vai pra sala em busca do "sofá mais confortável do mundo", segundo as amigas.

E o sentimento que Luna ficou lutando a noite inteira bate de novo, com tanta força, que a dor sai em lágrimas. Jogada no sofá, Luna se sentiu só. Bufou, não gostava de pensar isso! Não queria, se achava tão feliz sozinha, e com toda certeza era, mas não podia negar que tem momentos que ela queria viver um amor.

Ela só não sabia que esse amor estava perto de chegar...

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Los Angeles - Outubro de 2013.

Chris terminou a última golada da sua cerveja enquanto olhava para o jardim de sua casa em LA. Já estava com saudades de Boston, de sua mãe, irmãos e sobrinhos. Saudades de casa!

Enquanto virava de volta pra sala, não pôde deixar de reparar quanto a casa estava vazia...

- Vazia. - repetiu, mais pra si mesmo, porque de fato ninguém ouviria. Sentia-se da mesma forma.

O término com o Jenny Slate, apesar de ter sido relativamente amigável, foi duro demais pra ele. O ataque desenfreado por parte dos fãs teve uma grande participação, além da mídia, que dizia as coisas mais cruéis sobre a aparência de Jenny e como ele era "demais" pra ela.

Tentaram. E como tentaram! Resolveram terminar, a pressão estava grande demais e ambos queriam estar bem emocionalmente. Chris ainda nutria um carinho muito especial por Jenny, mas não era mais amor.

Amor... Chris começava a achar que tal palavra se tornava inalcançável. Pelo menos o amor romântico, afinal se sentia muito amado por sua família e por seus amigos. Queria mais!

Só que a impressão que tinha era que seria especialmente mais difícil. Seria por ser uma celebridade? Não sabia. A única coisa que sabia era aqui, dia após dia, o amor era uma ideia quase intangível, distante...

Ele só não sabia que a distância era, na verdade, a de Los Angeles pra Boston...

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Como a gente vai chamar esse ship, hein? #Lunis #Chrisna ?? 😂😂😂

The Moon of my LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora