Tenho que Partir

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Emília POV

Dia seguinte, segunda-feira, 13:45 p.m.

 A caminho de casa, encontro-me pensativa. Combinei com minha equipe, que eu ficaria no período da manhã com eles e de tarde sairia por algumas horas, sem horário de retorno. 

 Expliquei que eram por motivos médicos e todos compreenderam.

 Andi era o motivo, desde que eu comecei a trabalhar o dia todo, ela tem se portado estranha. Imaginei que por conta de todos os traumas sofridos, em algum momento, ela iria chocar uma reação agressiva ou coisa pior.

 Desde que chegamos em Porvoo, eu tentei convencê-la de frequentar alguma terapia, desabafar com alguém diferente e profissional. Mas ela sempre recusou, e dizia estar bem. 

 Hoje, finalmente, vamos a um centro de reabilitação psicossocial. Entrei em contato com a Laura, nossa 'instrutora' em Porvoo, e ela indicou esse local.  

— Andi, cheguei! - disse abrindo a porta de casa e não ouvindo sua resposta - Aonde você está?

  Ela não estava na sala, e nem na sacada. Então fui direto em seu refúgio diário, o quarto. 

— Oi amor, está olhando a rotina das pessoas? - perguntei e ela olhou-me

— Exatamente como faço todos os dias...

— Vamos? A consulta é daqui... - disse olhando o meu relógio - Uns quinze minutos, é sempre importante chegar antes

 Ela levantou-se da poltrona e pegou sua xícara de café. Ela já estava pronta, e parecia um pouco receosa para ir á reabilitação.

— Vou só colocar a xícara na pia - ela disse passando por mim

— Hoje não recebi nem um beijinho e nem um "oi, amor da minha vida" - disse fingindo tristeza e ouvi ela gargalhar na cozinha

— Perdão - ela disse quando fui ao seu encontro na cozinha - Oi, amor da minha vida

— Agora um beijinho - disse e nos beijamos calmamente

— Feliz agora? - ela questionou-me e eu assenti com um largo sorriso

— Você já almoçou? Nem me liguei nisso - perguntei e ela assentiu - Vamos, então? 

— Emília...

— Tudo bem, vem comigo - disse pegando firme em suas mãos - Nós vamos conseguir, ainda temos tempo, podemos ir devagar...

 Aos poucos fomos firmando nossos pés para fora do apartamento. A cada passo, Andi parecia mais nervosa, e apertava ainda mais minhas duas mãos, que seguravam a sua.

— Ótimo, está tudo bem... - disse tranquilizando-a ao descer as escadas - Prefere ir a pé ou de carro? 

— De carro - ela disse rapidamente, como um sussurro

 Fomos até ao carro, que ficava estacionado na garagem, e quando ela entrou no veículo, parecia sentir-se verdadeiramente segura e soltou um longo suspiro.

 O resto do caminho fomos em silêncio. A reabilitação era próxima a nossa casa, poderíamos ir a pé também, mas Andi preferiu ir de carro e eu respeitei sua decisão.

 — Chegamos, vamos lá? - disse e ela continuou olhando pela janela - Andi...

— Oi? Espera aí... - ela diz - Quanto tempo ainda temos?

— Oito minutos - disse olhando o relógio - Precisa dizer algo?

— E se eles me deixarem trancada lá dentro? - ela questionou amedrontada - Eu não quero ficar presa como uma maluca 

Amor de Verão (Endi) - Segunda TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora