Emília POV
Uma semana depois.
Nunca estamos preparados para o que a vida pode nos proporcionar. Há semanas atrás, Andi contou-me que eu sofri um grave acidente de carro com Lu e Carla, que estão bem.
Uma hora estamos rindo e criando boas memórias ao lado de pessoas que amamos. Já em outras, estamos tristes e largados nas mãos da sorte.
Durante essa semana, os médicos constataram que minha principal sequela, foi perder os movimentos das pernas. É estranho, porque eu as sinto.
Mas o médico diz ser um sintoma comum e que com o tempo passará.
Tive alguns problemas com a memória também. Quando minha mãe e Andi entraram no quarto, eu fiquei feliz ao vê-las, pareciam-me familiares. Mas, estranhamente, eu não recordava seus nomes.
Algumas pessoas vieram visitar-me e demorou para associá-las á memória e reconhecê-las.
Aos poucos, eu fui ouvindo-as, descobrindo seus respectivos nomes e as memórias foram retornando. Sorte minha não perdê-las.
Com o passar da semana, eu fui realizando testes e cada dia era um tubo a menos. Aprendi a respirar sozinha, a movimentar-me mais da cintura para cima e a falar com clareza.
Ainda tenho dificuldades para saber o que foi realidade, o que foi imaginação ou alucinação. Eu tenho memórias óbvias de brigar com Andi, de estar em um bar, mas não recordo-me do acidente.
Ainda não parei para conversar totalmente com a Andi, mas brevemente o farei.
Hoje o médico disse que existe uma mínima possibilidade de meus movimentos retornarem. A chance é minúscula, mesmo com fisioterapia intensa, haveriam dificuldades e meus movimentos não retornariam cem por cento.
— Hora de voltar para casa! - Andi diz sorridente e animada, ao aparecer na porta - Você finalmente está de alta!!
Andi está acompanhada de minha mãe e o médico. Eu tento lançar o sorriso mais sincero, possível.
— Olá, Emília! - ele diz - Como se sente?
— Me sinto bem, sem nenhuma dor - falei e ele anotou algo em sua prancheta
— Que ótimo, minha filha! - minha mãe diz empolgada
O médico fez mais algumas perguntas típicas e com ajuda das enfermeiras, elas colocaram-me em uma cadeira de rodas, a qual Andi me guiava. Estou livre. Finalmente.
Despedi-me de todas as enfermeiras, agradecendo por todos os cuidados durante essas semanas, e logo descemos até o estacionamento.
Durante todo o percurso, no carro, minha mãe olhava-me apreensiva ao meu lado. Talvez por não saber minha reação com tudo isso que vem acontecendo.
Quando o médico contou-me sobre essa sequela, a qual eu já desconfiava por conta de comentários receosos de minha mãe, foi um baque. Eu realmente fiquei sem palavras e muito confusa.
Hoje, eu estou trabalhando isso de maneira melhor dentro de mim.
Não estou com raiva, ou uma fúria descontrolada, é óbvio que você fica chateada com a situação tão repentina e de forma irresponsável da minha parte.
Mas agora faz parte de mim, e não vai adiantar esbravejar ou reclamar.
— Chegamos! - Andi exclama, ao estacionar o carro na garagem do prédio, tirando-me de meus devaneios
![](https://img.wattpad.com/cover/301907356-288-k18816.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor de Verão (Endi) - Segunda Temporada
Teen Fiction8 anos se passaram após o final catastrófico no acampamento de verão, Emília Alo finalmente curou-se de suas cicatrizes e encara os desafios da vida após formar-se em Londres. Emília enxerga sua vida como perfeita e estável, até problemas com o seu...