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A sala era escura, apesar das paredes em um tom de bege velho. A penumbra parecia se aprofundar. Sentada em uma mesa de madeira escura, desconfortável, eu encarava um grande espelho à minha frente, ciente de que eles estavam me observando do outro lado. A luz branca acima de mim iluminava apenas o espaço em que eu estava, criando uma sensação de solidão e vulnerabilidade.

Meus pulsos ardiam, vermelhos e doloridos, e o cansaço me pesava. Era uma piada cruel estar ali. Quando foi que minha vida tomou esse rumo? Por que isso estava acontecendo? Como cheguei a essa situação?

Tantas perguntas, mas nenhuma resposta...

Olivia Davis Anderson, vinte e um anos - o Detetive James Harrison entrou na sala, um arquivo abarrotado de documentos em mãos. Eu me ajeitei na cadeira, tentando esconder o calor, a sede e o cansaço que me consumiam. Já estava ali há horas, mas parecia uma eternidade. - Acusada de matar a própria família. - Ouvir isso novamente fez meu coração apertar; a vontade de chorar se intensificava, superando qualquer dor física

- Podemos começar? - perguntou um homem, aparentemente da mesma idade que James, sentado ao seu lado. Eles estavam ali, de frente para mim, e eu só queria correr, me perder em qualquer lugar.

- Eu não fiz nada - sussurrei, sem convicção, pela milésima vez naquele dia.

- Apenas responda às nossas perguntas, Senhorita Anderson - disse o homem, sua voz severa. Concordei, resignada.

- Onde estava na noite do dia 03 de fevereiro, às 23:57, Senhorita Anderson? - James indagou, consultando uma ficha na mão. Fechei os olhos, buscando recordar aquela noite.

- Por onde começo? - minha voz era quase um sussurro, eu não tinha forças para voltar àquele momento.

- O que fez assim que acordou?



05 de Março de 2021, Texas

Onze Meses Antes do Assassinato

Era sábado, trabalhava até a hora do almoço e depois eu poderia ir pra casa, pra mim era o melhor dia, finalmente eu poderia tirar o resto do sábado pra descansar e sair com meus amigos.

Hoje, Nick, meu irmão, me levou no centro comercial, precisava comprar uma roupa pra mim pra festa da tia Kate, seria daqui duas semanas e odiaria ter que escolher em cima da hora. E nesse exato momento, estou colocando uma roupa casual pra ir em um bar perto de casa.

Estava com um vestido azul com flores brancas, uma bota e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo frouxo. Sadie e Garret passariam aqui em casa pra me buscar, já que Garret tinha comprado um carro recentemente.

- Não chegue tão tarde, querida! - Mamãe gritou ao me ver pegando as chaves.

- Onde vai? - Alex bloqueou minha passagem. Era uma garota bonita, com cabelos pretos e franja, que destacava o azul dos seus olhos. Era alta para seus dezoito anos.

- Por que quer saber? Eu não vou te levar, Alex - revirei meus olhos.

- Acho que você não gosta de mim - admitiu, seu olhar triste.

- Claro que gosto, só que você não sai do meu pé - a abracei. Não sabia como ela se sentia por não sermos próximas; perder a mãe deve ter sido devastador. Não consigo imaginar como seria viver sem a minha. - Da próxima vez que eu sair, te levo, tudo bem?

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