IX

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- Está com uma cara péssima - Florence me disse assim que me viu chegando na cozinha - Parece que a noite foi boa.

- Tive uma festa surpresa, esqueci que era meio da semana e bebi todas as bebidas altamente alcoólicas possíveis - resmunguei - Estou tão péssima assim?

- Bastante, todo mundo vai saber que está em uma ressaca daquelas!

- Obrigada, melhorou muito meu dia sabendo que estou com cara de merda - sorri e comecei a ajeitar os lanches no balcão - Vamos sair mesmo no sábado?

- Está de ressaca e ainda quer saber de sair no fim de semana?

- Isso mesmo, estou de ressaca hoje e não no sábado - pisquei para minha amiga e peguei meu bloquinho de anotações para atender os clientes que estavam chegando - Bom dia, deseja fazer seu pedido? - parei em uma das mesas com dois rapazes.

- Sim, gostaria do café da manhã tradicional, parece bom - o outro homem também pediu a mesma coisa, passei os pedidos para Florence e fui atender outras mesas.

Anotando uns pedidos aqui, limpando outras mesas ali, preparei também alguns sucos. Mais um dia comum nessa lanchonete, era sempre a mesma coisa. Me sentia até confortável pela rotina de sempre, era uma zona de conforto um tanto quanto agradável.

- Aquela mesa já pagou e deixaram um recadinho pra você - olhei pra Florence confusa que colocou um pedacinho de papel em meu bolso, peguei e vi que tinha um número e um nome. Chad, era o nome da pessoa quem deixou o bilhete.

- Adoraria se tivesse sido uma gorjeta ao invés de um número de telefone - comentei do outro lado do balcão.

- Fala sério, aquele Chad é um gato, tem sorte de todos os caras se interessarem por você!

- Se quiser ficar com o número, eu estou bem do jeito que estou - dei de ombros.

- Esqueço que você tem o Detetive na sua mão - neguei e continuei fazendo meu trabalho.

O dia de trabalho foi tranquilo, tudo o que eu pedi ao universo, minha dor de cabeça passou depois do almoço, então terminei meu expediente bem. Voltei para casa andando mesmo com meus classicos fones de ouvidos e uma música calma pra relaxar, cheguei em casa tão rápido que só percebi quando estava destrancando a porta.

- Mãe, cheguei! - gritei - Você não ia morar em alguma república da faculdade? - Me joguei em cima de meu irmão vendo ele ainda em casa.

- Só daqui a menos de um mês sua fedorenta!

- Vou sentir saudades - confessei. Estava tão feliz que finalmente meu irmão iria estudar, mas sentia um aperto só de saber que ele vai pra longe e não vou vê-lo todos os dias.

- Pode me visitar quando quiser - ele pausou seu jogo de videogame e virou pra me olhar sorrindo.

- Vai ter que me chamar pra todas as festas que rolarem nas repúblicas, não vou viver isso tão cedo na minha vida - ameacei.

- Ah não, não quero te aturar bêbada igual ficou ontem, você fica insuportável!

- Gosta mesmo da Casey ou só está com ela por, sei lá... Ser a Casey? - cruzei minhas pernas em cima da poltrona e fiquei o encarando esperando por sua resposta - Vamos, Nick, você me contava tudo da sua vida, não me esconda sobre isso.

- Gosto mesmo dela - sorriu - Tenho passado muito tempo com ela nas últimas semanas e não consigo viver em um mundo onde não estamos juntos - sorri com sua declaração e o abracei.

- Eu sabia que você era um romântico bobalhão - levei um empurrão do meu irmão e subi pra poder tirar meu uniforme e poder tomar um banho digno.

- Olivia, vai descer para jantar? - Escutei a voz da minha mãe do outro lado da porta do meu quarto quando saí do banheiro após meu banho.

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