XIV

49 7 30
                                    

Dor.

Se eu soubesse que poderia existir uma dor tão grande e insuportável, que fizesse com que todos os órgãos e células de seu corpo explodissem em uma úncia sensação de forma mental e física, eu não gostaria de sentir. Nenhuma dor que senti até hoje chega perto do que estou sentindo agora. Me sinto perdida, sinto que nada disso é real, sinto que apenas estou em um pesadelo e não consigo acordar. Ainda estou na grama em frente de casa, as viaturas não foram embora, Harry ainda continuava abraçado comigo, mas meu choro havia cessado, não tinha mais forças, não tinha mais lágrimas, apenas dor.

- Preciso que estejam na Delegacia - escutei a voz de Detetive James falar com Harry - Preciso que consiga fazer isso - Styles não respondeu, pelo menos não com palavras, não queria sair dali, se eu pudesse ficar ali pra sempre, eu ficaria.

- Ei, amor, preciso que venha comigo - a voz de Harry era rouca, era falha, parecia que ele tinha chorado tanto quanto eu - Precisamos ir, por favor - Seus braços fizeram com que eu me levantasse involuntariamente e andasse até um carro. Alex já estava conosco de novo, entrando no carro de Harry junto comigo, seu rosto mostrava o quão estava abalada assim como eu.

O movimento na delegacia estava caótico, todos andando de um lado para o outro. Harry me sentou junto de Alex em uma das fileiras de cadeiras igual hospital junto com um lençol. Me sentia cansada demais pra poder reagir. Que sorte ter Harry comigo, não sei o que faria se eu estivesse sozinha.

- Alex, quer comer alguma coisa? - não escutei a resposta dela e nem me virei pra olhar, mas meu namorado voltou seu olhar pra mim e fez a mesma pergunta - Quer que eu traga alguma coisa pra você comer? - neguei - Tudo bem, se precisar, eu vou buscar.

- Harry, acha que poderíamos conseguir fazer algumas perguntas?

- Queria dizer que não, mas sei que é protocolo - eu sabia que eles precisariam de depoimentos, eram a minha família, na minha casa.

Lógico que precisariam que eu contasse o que aconteceu, eu precisava me esforçar pra ajudar a encontrar a razão e a pessoa que fez isso com eles, as pessoas que eu mais amo na vida. Teria que ter forças, por mim, por Alex, nós duas somos uma pela outra agora. Nós duas sentimos a mesma dor.

- Baby, consegue fazer isso? Consegue responder algumas perguntas? - o encarei, queria dizer que não, ele sabia que não estava pronta, via em seus olhos, via além da dor que ele me compreendia de alguma forma e que sabia que precisava estar ali por mim, enquanto eu tentava encontrar alguma força pra poder me mover ou tomar alguma atitude. Pra decidir o que posso, o que não posso, o que estou sentindo ou não, pra dizer sim ou não.

- Quero ir pra casa - quase que minha voz não saiu, senti minha garganta arranhar de tanto tempo em que não pronunciava nenhum som.

- Nós vamos, só preciso que faça isso agora e logo te levo pra casa, tudo bem? - me limitei a concordar e levantei seguindo em direção ao Detetive James. Por gentileza ou não, ela preferiu me levar até a sala de Harry pra me fazer as perguntas.

- Prometo que não vai demorar, preciso fazer isso e sei o quanto isso é cruel, mas preciso - me sentei no sofá e me encolhi com o lençol ainda em volta do meu corpo - Senhorita Anderson, onde estava quando isso aconteceu?

- Estava correndo, faz um tempo que saio pra correr depois que chego do trabalho ou antes de dormir, essa noite não foi diferente - Suspirei olhando para o chão.

O interrogatório não demorou tanto, foram perguntas de qualquer investigação de homicídio, se tínhamos alguém que pudesse se vingar de nós, quem estava na casa, que horas aconteceu, o que eu vi, o que escutei. Eu não sabia se muita coisa, talvez tudo o que sei não adiantaria nada para a investigação. Eu apenas escutei quatro disparos e quando cheguei, já tinha acontecido.

CulpadaOnde histórias criam vida. Descubra agora