31 • CAPÍTULO 30 •

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CAPÍTULO 30

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Como todos os dias, a minha mãe, Amaterasu, deixou o templo principal para dar a luz do dia à Nakatsukuni.

Estava tudo indo como o planejado para um dia comum nos céus, apesar de que, de repente, as coisas receberam mudanças drásticas, indo de mal a pior assim que o nosso pai, Lorde Izanagi, já estava esperando o Visha em seu próprio templo.

Eu estava nervosa, coisa boa não viria... O nosso pai jamais deseja conversar conosco se isso não envolver algo importante em entrelinhas.

E não demorou muito para que meu irmão já estivesse presente logo na primeira reunião matinal, embora que, ao entrar na fonte de sua casa celeste, notei que sua pele havia perdido o brilho e, outra vez, ele foi corrompido. Mas, agora, não por ter realizado um trabalho de modo errôneo.

Ficou claro, era por outra razão, já que após o Kamuhakari o Visha raramente tem deveres terrenos, no entanto, todos os dias ele desceu para o mundo vizinho.

ㅡ Posso trazer água do templo principal para você, essa não vai dar jeito em suas manchas... ㅡ Ofereço ajuda, enquanto que, de costas para mim, ele prossegue imerso na água cristalina. ㅡ Espero que o papai não veja isso, ou ficará encrencado, Vaisravana.

ㅡ Eu sei... ㅡ Diz, debruçando seus antebraços na borda, sentindo dores sobre as marcas ímpias. ㅡ Não toque em mim, ou também vou manchá-la, Asuka.

ㅡ O que aconteceu, Visha? ㅡ Questiono, secretamente, já desconfiando do que aquilo se tratava. ㅡ Foi por causa daquele humano?

Ele silencia. Não afirma ou nem mesmo nega.

O que ele deve ter que eu não tenho? O que somente ele consegue oferecer? O que o faz tão especial? No fundo eu não consigo descrever o que sinto, mas me invejo pelo Visha se sacrificar tanto em prol de um ser instável que ainda perece.

É até meio triste pensar que, mesmo destinado para mim, Vaisravana nunca me olhou da mesma forma que seus olhos conectam-se aos daquele garoto.

E eu sei que foi por causa dele que aquelas manchas estão atacando o corpo do meu irmão, pois dias atrás os Devas estavam discutindo sobre a memória roubada do templo principal.

Ela existe dentro de um humano agora, e todas as possibilidades apontam unicamente para este, em especial, o humano que enxerga Deuses ㅡ Han Jisung.

ㅡ Não acha que já foram longe demais? ㅡ Ajoelho-me na borda da fonte natural ao subir ambas as mangas de meu kimono, prendendo-as em meus cotovelos, para fazer uma pequena concha com ambas as mãos, despejando água sobre seus fios castanhos, lentamente purificando o que havia em seu pescoço. ㅡ Isso não vai acabar bem, Visha, vocês são naturalmente separados pelas margens, não há como uní-las sem danos. ㅡ Ele fecha os olhos, descansando sua bochecha sobre o dorso de suas mãos, ouvindo-me, apenas. ㅡ Você nunca parou para pensar que a razão pela qual a linha dele sempre se torna curta possa ser você?

Pelo seu franzir de cenho, aquele é um assunto que o preocupa um pouco mais que o seu próprio bem-estar. E eu continuo não o entendendo.

ㅡ Olha, não é que fazer essas coisas sejam erradas, Visha, você poderia ter me procurado... Elas só se tornam quando ultrapassam o limite do que divindades podem oferecer para os terrenos. ㅡ Não sou experiente em necessidades humanas, mas posso falar com certa propriedade sobre o que envolve a fertilidade, já que sou encarregada por isso como divindade. ㅡ E, diante dessa situação, você deve se achar um sortudo por ser unicamente atingido por manchas... E se a retaliação for pior na próxima vez?

VAISRAVANA • { minsung }Onde histórias criam vida. Descubra agora