01 • PRÓLOGO •

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PRÓLOGO

Após encerrar meus estudos na Universidade Nacional de Artes na Coreia do Sul, decidi adiar meus planos no ramo musical e voltar para a Terra do Sol Nascente e assim ajudar minha tia a cuidar de seu marido enfermo, Saito Hiroshi.

O casal não tem filhos e toda a nossa família é inteiramente distribuída pelos continentes, sendo eu o mais familiarizado e acessível de passar uma longa temporada no pequeno vilarejo localizado no interior de Hokkaido, ao norte do Japão, dando-lhes suporte no momento atual.

ㅡ Sou Han Jisung, filho de sua irmã Han Jihye, vim para oferecer meu apoio, tia. ㅡ Me apresentei, fazendo uma breve reverência educada ao nos encontrarmos nos portões do povoado. Meu japonês já está quase que completamente comprometido, mas me esforcei para voltar a usar uma das línguas que a minha mãe havia me ensinado quando criança. ㅡ Desejo que tenhamos uma ótima relação.

A mulher de longos fios castanhos ㅡ bem como me recordo ser os da minha mãe ㅡ, representava um de seus pontos fortes na semelhança parental entre as duas, assim como seus olhos um pouco mais expressivos e estatura baixa, em comparação às demais pessoas daqui. E, analisando por esta descrição, vejo que até mesmo eu tenho muito em comum com elas.

ㅡ Obrigada por ter vindo, meu bem, espero que não seja um grande incômodo deixar a sua vida lá em Seul para vir cuidar de dois velhos como nós.

ㅡ Nunca será um incômodo, tia, espero não dar muito trabalho para vocês por ser apenas um jovem inexperiente. ㅡ Ambos sorrimos, ganhando ciência de como nos descrevemos para o outro. Verdadeiramente cômico.

Fiquei sabendo que há dois anos o marido da minha tia descobriu sofrer com problemas cardíacos e, por tal razão, o seu médico o recomendou afastar-se do meio político da cidade, mudando-se novamente para a sua pequena fazenda e aposentando-se de seu cargo de membro da Câmara dos Conselheiros logo em seguida.

Sua casa, construída completamente de madeira, possui um cheiro diferente da grande metrópole. Meu nariz acabou se acostumando com o intenso cheiro de frituras, poeira, poluição e fumaça de cigarro que Seul tinha na maioria dos seus dias, enquanto dividia moradia com alguns amigos da faculdade de Artes, porém, aqui posso sentir cheiro de grama molhada, solo úmido e, principalmente, animais. Meus tios sempre criaram muitos deles. Antes mesmo de adentrar a casa, já consegui ver que há vacas, cavalos, pequenas ovelhas, um cachorro e aves selvagens que caminham sobre os poucos montes de terra em meio ao lago próximo do estábulo.

O imenso Dogue Alemão foi o primeiro membro da família a me apresentar a casa. Ele parecia ter apreciado minha chegada e por momento algum largava minha companhia; minha tia Nari, por outro lado, preocupava-se com minha reação quanto ao cão simpático. Eu entendo que existem pessoas que podem sentir medo, mas não é todo dia que minhas amizades iniciam de um segundo para o outro ㅡ portanto, logo resultou numa caminhada tranquila, conhecendo a fazenda, tendo meu novo amigo de quatro patas ao meu lado.

ㅡ Você parece um dinossauro ㅡ o grande cachorro negro me lança um olhar pouco preguiçoso, parecendo me julgar, ao tempo que transmitia paciência. ㅡ Ou um dragão! Eu poderia lhe chamar de Banguela... ㅡ Ele expira afobado, parecendo não gostar do apelido que eu havia dado. ㅡ Ou que tal Fúria da Noite?

Deitado sobre a grama verde, o cachorro balança minimamente o seu rabo enquanto observa o horizonte do lago azul, me fazendo duvidar se havia aprovado seu novo apelido ou se avistou, simplesmente, algo interessante pelo ambiente.

ㅡ Fúria da Noite é convincente, não concorda? ㅡ Digo, afagando a pelagem curta e brilhante de seu dorso, mas logo levo um pequeno sobressalto quando ele levanta-se para observar melhor ao longe.

VAISRAVANA • { minsung }Onde histórias criam vida. Descubra agora